com os dentes cravados na memória
Jiddu Saldanha - irmão, meu mestre Artur Gomes. Viajamos por muitos lugares, essas fotos me fazem chorar porque só quem viu viu, só quem viveu viveu...
Simplesmente LINDRO! como você conseguiu tornar a poesia uma
causa de vida, durante toda uma vida?
*
Artur Gomes – Para te responder esta pergunta Jiddu é preciso uma retrospectiva para eu mesmo tentar compreender melhor como os caminhos com a poesia foram se tornando vitais em minha vida e de alguma forma sem nenhum tipo de planejamento pensado, mas sim, intuitivamente, como se tudo fosse acontecendo por acaso, mas aí te devolvo esta pergunta: será que nas nossas vidas as coisas acontecem por acaso?
Lá pelos idos dos anos de
1961 a 1964 dentro da tipografia da Escola Técnica de Campos, onde fiz o curso
ginasial e me tornei linotipista(minha primeira profissão), que tive o primeiro
contato mais íntimo com a poesia de Casemiro de Abreu e Gonçalves Dias. Mas não
imaginava que um dia chegaria a
escrever, apesar da emoção que
experimentava.
Em 1965 aos 16 anos tive o
meu primeiro emprego de linotipista no jornal A Cidade, em Campos, e nesse mesmo ano estudei contabilidade na
extinta Escola Técnica de Comércio.
Em 1966 foram implantados os
primeiros curso técnicos na ETC, comecei então a fazer o curso técnico em
Eletrotécnica, a tarde, e pela manhã trabalhava no escritório da Cacomanga,
fazenda em que nasci.
Em 1967 sofri um acidente, já
estava alistado para servir o exército, mas com as marcas deixadas por este
acidente, imaginei que seria dispensado em Campos mesmo, quando me apresentasse
para o embarque para o Rio de Janeiro. Mas isso não aconteceu, então passei
metade do ano de 1967 no quartel de Cavalaria de Guarda em São Cristóvão no Rio
e metade do ano de 1968 em Brasília-DF.
Em Brasília, comecei a
encarar a solidão das mais diferentes formas que encontrava para aplacá-la e
uma delas era escrever cartas para os meus familiares, minha mãe Cinira Gomes e
meus irmãos, Ana Maria, Regina Lúcia, Vicente Rafael e Ricardo. Aí começou o
meu contato com a escrita de uma forma totalmente emocional, sem a mínima noção
de alguma técnica para a narrativa.
Retornando do exército em
junho de 1968, fui convidado pelo meu ex-professor de linotipo, José Leitão,
para assumir a vaga de linotipista na então Escola Técnica Federal de Campos. A
partir desse momento começam as mudanças comportamentais e experimentais de
vida que vão determinar os caminhos a trilhar e a poesia passa a ser a
companheira constante para a expressão cotidiana.
A partir de 1973 começo a
publicar na sequência Um Instante no Meu Cérebro, Mutações Em Pré Juízo(1975) e
Além da Mesa Posta(1977). Até então não havia mergulhado ainda em nenhum estudo
sobre técnicas, linguagens ou movimentos
poéticos, escrevia intuitivamente, na tentativa de expressar o
sentimento presente, era a forma que
tinha encontrado para dialogar com as pessoas.
Em 1974 começa a minha
trajetória na música, nasce a parceira com Paulo Ciranda e uma de nossas
primeira canções Caminho de Paz, é premiada com o 1º lugar no IV Festival de
Música de São Fidélis, cidade natal do Ciranda. Parceria que neste ano de 2024
chega aos 50 anos.
Em 1974 com direção de
Antônio Roberto de Góis Cavalcanti, apresentamos no Teatro de Bolso em Campos,
o musical Gotas de Suor, composto por textos e canções autorais. É a minha
primeira experiência no palco.
Tinha começado a experimentar
nesse período, revolta e indignação, por
passar a entender as questões políticas-sociais, e sistema ditatorial governava
o país a ferro e fogo, a partir do dia 31 de março de 1964.
Em 1975 começa minha experiência com teatro, através da adaptação feita por Deneval Siqueira Filho, textos e poemas dos livros Mutações em Pré-Juízo e do ainda não lançado Além da Mesa Posta é criada a primeira versão da peça Judas – O Resto da Cruz. Em 1975 mesmo ela ganha uma outra versão ampliada com textos escritos especialmente para a encenação, que é realizada no Teatro do SESC em Campos, tendo no elenco uma turma de alunos da ETFC, e dessa montagem nasce a Oficina de Teatro da ETFC, que dirigi até 2002 quando me aposentei.
Em 1976 começo uma trajetória
no palco com o monólogo de minha autoria: 20 Anos de Sonho e Sangue, inspirado
na música Apalo Seco, de Belchior. Na sua primeira edição tenho a companhia no
palco de José Jorge Santiago, na época estudante da ETFC e já com uma vivência permanente
na cena teatral de Campos e hoje doutro
em Antropologia, e professor na Universidade de Lion na França.
Começo também em 1976 as minhas experiências como ator em montagens
como Fando e Lis, de Fernando Arrabal, com direção de Orávio de Campos Soares
encenada no Teatro do SESC Campos e em 1977 O Auto de Elevação da Vila de São
Salvador, texto e direção de Winston Churchil Rangel, encenado no Ginásio de
Esportes da ETFC.
Em 1979 começa a
publicação da minha poesia de cunho
social com o lançamento do poema de
cordel: Jesus Cristo Cortador de Cana e em 1980 O Auto do Boi-Pintadinho, e
começa a minha incursão com a cultura popular e o teatro de rua. O
Boi-Pintadinho encenado com alunos da Oficina de Teatro da ETFC, agita as ruas
de Campos até 1987, quando para comemorar a eleição de Luciano D´Angelo para a
direção da ETFC transformo o Boi-Pintadinho em A Ciranda do Boi Cósmico,
incluindo na confecção do Boi, elementos eletrônicos criado por Marcos
Guimarães Maciel e elementos pictográficos no cenário criados por Genilson
Soares, na encenação que fizemos no Ginásio de Esportes da ETFC, que foram
apelidados de “caralhos voadores”.
XIII
Desde o meado dos anos 70 o
mergulho nas leituras de poesia e teatro já tinham se tornado exercícios
constantes, mas a música continuava a ser a minha maior fonte de ins-piração,
músicos cantores/compositores como Bob Dylan, Jimmi Hendrix, Caetano Veloso,
Chico Buarque, Gilberto Gil já haviam se tornado minhas referências e cantoras
também como Maria Bethânia, Gal Costa e Elis Regina eram presenças constante
nas agulhas dos meus toca-discos de vinil e nos canais de youtube.
Em 1983 crio o projeto Mostra
Visual de Poesia Brasileira, e com ele começo a ter contato com a maior parte
dos poetas brasileiros contemporâneos e a espalhar poesia em Exposições e com a
a publicação dos Cadernos da MVPB, que imprimia na Tipografia da ETFC.
Com a MVPB começo a ter contatos com poetas que considero essenciais
para a minha trajetória, Olga Savary, Leila Miccolis, Tanussi Cardoso, Aricy
Curvelo, Dalila Teles Veras, Hugo Pontes, Paulo Bruskc, Moacyr Cirne, Carlos
Lima, Alcides Buss, Helio Letes, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Torquato Neto e
Joaquim Branco, Avelino Araujo, Almandrade, Philadelpho Meneses, Augusto e
Haroldo de Campos.
A partir desses contatos, com
poetas e do material poético que expunha e editava, as minhas técnicas e
linguagens vão ganhando outros contornos abrindo-se para outros focos
temáticos.
As duas primeiras
edições/exposições da MVPB foram realizadas em Campos, 1983 e 1984 no Palácio
da Cultura.
A terceira em 1985 foi
realizada em Macaé com o apoio do Jornal O Fluminenses através do poeta e
jornalista Martinho Santafé, apoio também que tive para a quarta edição
realizada no Centro Cultural da UFF em Niterói-RJ e contando com as parcerias
de Joaquim Brando e Moacyr Cirne que atuaram comigo na montagem da exposição da
seção de poemas visuais
De 1983 a 1987 eu ficava entre Campos e o Rio de Janeiro, onde tive a oportunidade de ter uma
convivência e atuação em projetos com poetas e críticos cariocas, como Moacyr
Felix, Douglas Carrara, Luis Sérgio Azevedo Santos, Geraldo Carneiro, Salgado
Maranhão, Kátia Bento, Gerardo Melo Mourão, Carlos Lima, Cairo Trindade,
Samaral e Paco Cac.
ENGENHO
minha terra
é
de senzalas tantas
enterra em ti
milhões de outras esperanças
soterra em teus grilhões
a voz que tenta – avança
plantada em ti
como canavial
que a foice corta
mas cravado em ti
me ponho à luta
mesmo sabendo – o vão
- estreito em cada porta
Carne Proibida
o preço atual
proíbes que me comas
mas pra ti
estou de graça
pra ti
não tenho preço
sou eu quem me ofereço
a ti
músculo & osso
leva-me à boca
e completa o teu almoço
*
Em 1984 poemas meus foram publicados na Antologia Carne Viva, organizada por Olga Savary, considerada a primeira
Antologia de poesia erótica publicada no Brasil, com a presença de poetas como
Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Affonso Romano de Sant´Anna.
Em 1985 depois de um longo
estudo sobre a poesia de Paulo Leminski e Torquato Neto, lanço Suor & Cio,
com uma poesia totalmente mergulhada em questões sociais:
o corte da cana nos canaviais
de Campos dos Goytacazes e as relações patrão/empregado nas usinas de açúcar e
em contra/partida um foco também nas questões que envolvem os relacionamentos amorosos
entre seres humanos e animais.
Em 1987 lanço Couro Cru &
Carne Viva com focos também em questões
sociais e amorosas, só que agora o social é um foco nas questões que
envolvem a história do Brasil.
Com a criação da MVPB os
contatos vãos aos poucos se ampliando, não apenas com poetas, mas também com
pessoas interessadas em arte, poesia, críticos, editores e produtores
culturais. De repente me via dentro de um caldeirão de efervescência cultural
que jamais cheguei imaginar que isso pudesse acontecer comigo, uma pessoa
nascida no interior de Campos, dentro de uma fazenda, a Cacomanga, onde passei
toda a minha infância e boa parte da juventude, só aos 26 anos, em 1974 que
passei a morar na cidade.
Terra,
antes que alguém morra
escrevo prevendo a morte
arriscando a vida
antes que seja tarde
e que a língua da minha boca
não cubra mais tuia ferida
telefonaram-me
avisando-me que vinhas
na noite uma estrela
ainda brigava contra a escuridão
na rua sob patas
tombavam homens indefesos
esperei-te 20 anos
até hoje não vieste à minha porta
Em 1985 lanço o Suor & Cio, com a performance Rock And Roll & Poesia, no Bar Doce Bar, ao lado da banda Avyadores do BraZyl: Luiz Ribeiro, Armandinho Ribeiro, Sérvulo Souto e João Pimentel.
Participo a convite
de Gabriel de La Puente do Encontro de Escritores em Jardinópolis, uma
cidadezinha incrível do interior de São
Paulo próxima a Ribeirão Preto. Nesse encontro passo o a conhecer pessoalmente,
pessoas que já vinha mantendo correspondência desde 1983 tais como: Uilcon Pereira(filósofo e crítico professor
da UNESP, que assina o prefácio do livro Suor & Cio e para muitos
considerado o guru de uma geração), os poetas: Márcio de Almeida, Roberto Piva,
Luis Avelima, Floriano Martins e o estudante
de jornalismo Ricardo Pereira Lima que viria a se tornar um grande
parceiro na execução de alguns projetos e eventos culturais que vieram a seguir,
como a criação da editora Makondo, onde foi editado em 1990 os 20 Poemas Com Gosto de JardiNÓpolis e Uma
Canção Com Sabor de Campos.
Em 1986 na VI edição da MVPB
fizemos uma homenagem a poesia de Manuel Bandeira, com uma exposição do
escultor Jorge Salles com o apoio do
grande amigo de trabalho na ETFC Leonardo Vasconcellos. Nesta edição tivemos o
apoio do Jornal Folha da Manhã e do Departamento Municipal de Cultura de Campos
dos Goytacazes-RJ onde atuei como assessor de 1986 a 1988. Uma das grandes
performances e intervenções poéticas desta edição foram realizadas pelo grupo
Passa Na Praça Que A Poesia Te Abraça, dirigido por Douglas Carrara, com quem
eu já tinha como parceiro em minhas intervenções pelas praças do Rio.
Em 1987 transformo O Auto Do Boi-Pintadinho, na Ciranda do Boi-Cósmico espetáculo encenado com alunos da Oficina de Teatro da ETFC no Ginásio de Esportes, nessa montagem aparecem no palco pela primeira vez, os personagens Federico Du-Boi, que mais tarde o transformo em Federico Baudelaire e Federika Bezerra, que mais tarde se torna a Porta Bandeeira da Mocidade Indepentende de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo.
Lanço o Couro Cru
& Carne Viva, com prefácio escrito pelo xará Arthur Soffiatti. Realizo com
alunos da Oficina de Teatro da performance Ensaio 87, no repertório, poemas do
livro recém lançado e de Carlos Drummond de Adrade.
sagaraNAgens fulinaímicas
guima meu mestre guima
em mil perdões eu te peço
por esta obra encarnada
na carne cabra da peste
da hygia ferreira bem casta
aqui nas bandas do leste
a fome de carne é madrasta
ave palavra profana
cabala que vos fazia
veredas em mais sagaranas
a morte em vida severina
tal qual antropofagia
teu grande serão vou cumer
nem joão cabral severino
nem virgulino de matraca
nem meu padrinho de pia
me ensinou usar faca
o da palavra o fazer
a ferramenta que afino
roubei do mestre drummundo
que o diabo gira mundo
é o narciso do meu ser
Participo de mais um encontro realizado pensado e organizado pelo intrépido Gabriel de Lapuente, desta vez em Batatais-SP, o seminário: Brasil: Uma Cultura Em Questão. Nele o reencontro pessoal com Uilcon Pereira, Ricardo Pereira Lima, Roberto Piva, Hugo Pontes e com outros poetas que pessoalmente encontrava pela primeira vez como: Cesar Augusto de Carvalho, Paulo Brusck, Dalila Teles Veras, a pesquisadora e professora da UNESP em São José do Rio Preto, Hygia Calmon Ferreira (a musa do poema SagaraNAgens Fulinaímicas - através dela passo a ter um contato mais direto com a obra de João Guimarães Rosa), e o cineasta Guilherme de Almeida Prado. Pela dimensão da proposta do evento e a quantidade de participantes oriundos de várias regiões do país, esse encontro gerou uma série de controvérsias.
Em parceria com Genilson
Soares, Nilson Siqueira, Mário Sérgio Cardoso e Oscar Wagner, criamos o Studio
52 que funcionou por alguns anos nos altos da Adega 52, na Praça de São
Salvador em Campos dos Goytacazes.
Em 1988 a convite de Hygia
Calmon Ferreira, fui a UNESP em São José do Rio Preto fazer uma performance com
os poemas do livro A Cor da Pele, do poeta mineiro Adão Ventura e um palestra
sobre o teatro de Oswald de Andrade. O evento tinha como foco temático o Centenário da Abolição.
Com este mesmo foco
realizamos também na ETFC com a participação dos alunos da Oficina de Teatro, a
encenação A Cor Da Pele, e uma roda de conversa, com as participações da
historiadora Lana Lage, do poeta Ele Semog, e do Diretor da Casa de Cultura
José Cândido de Carvalho, Alberto Ferreira Freitas.
Neste ano de 1988 também fiz
uma performance em Belo Horizonte no Teatro Francisco Nunes, na posse de Adão
Ventura na presidência do Sindicato de Escritores de Minas Gerais, neste dia conheci o poeta de Montes Claros Aroldo
Pereira, criador do projeto Psiu Poético.
Em 1989 passo a atuar pela
primeira vez, na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, onde permaneci até
o ano de 1991. Criamos em parceria com
Genilson Soares, o projeto: Faça Farol Nesse Verão.
Crio também em 1989 o Festival de Música da Primavera, com suas
duas primeiras edições realizada na arena do Parque Alberto Sampaio inaugurada
em 1988 com as peças Arena Canta Zumbi, com direção de Kapi.
Coordenei também as duas primeiras edições do
Encontro Nacional de Poesia Em Voz Alta.
Em 1989 também encenei Jesus
Cristo Cortador de Cana, para com a participação de 9 alunas da Escola de
Serviço Social da UFF, além do poema, a encenação teve textos também das
próprias estudantes, criados a partir das suas experiências com as mulheres dos
cortadores de cana e empregados da Usina de Outeiro em Campos dos Goytacazes. O
poema Jesus Cristo Cortador de Cana, foi interpretado por Eugênio Soares, na
época aluno da Oficina de Teatro da ETFC, hoje doutor em História, pesquisador
e professor na Universidade Federal do Espírito Santo.
Em 1990 lanço pela editora
Makondo, o livro 20 Poemas Com Gosto De JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor
De Campos. A performance aconteceu na Casa Amarela, uma casa de arquitetura
centenária, que funcionava com uma espécie de centro cultural, com café bar e
restaurante.
O livro foi impressão na
gráfica de Elias Jabur, músico, advogado e vereador.
A Makondo sob a direção de
Ricardo Pereira Lima editou também Ruidurbanos e Entre/Vistas, de Uilcon
Pereira e Jardinovelíssimas, de Ademar
Cardoso.
Em Campos fiz uma
apresentação no Cantinho do Poeta ao lado do saudoso amigo e músico Eros Lopes
Raphael.
Na cidade de Registro região
do Vale do Ribeira em São Paulo, estive participando do Seminário: Brasil:
Cultura & Resistência, volto a me encontrar com Hygia Calmon Ferreira, que
me apresenta sua turma de alunos de Letras na UNESP e recebo o convite de
Ademir Antônio Bacca, para a primeira edição do Congresso Brasileiro de Poesia,
em Nova Prata-RS.
Em Registro dirigi uma Oficina de Teatro, e nela conheci o poeta e diretor de teatro capixaba Wilson Coelho.
Numa viagem com estudantes da ETFC a Ouro Preto-MG crio a Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo escrevo a o poema para o seu primeiro samba-enredo: Federika Bezerra – A Porta/Bandeira Que BorTou Olivácio Doido. Em Ouro Preto começo o romance com Gisele que se transforma em Gigi Mocidade, a Rainha da Bateria, com quem vivi até 1996.
Em
mil novecentos e vinte e cinco
na noite de orgias satanazes
um raio de trovão incandescente
rachou a Igreja em Goytacazes
um vulto do despacho então desceu
movido por farol de grande luz
tocou na pedra quebrou cruz
a Rainha do Fogo dessa gente
Federika
de ouro azul e prata
na porta da igreja foi parida
criada pelo Padre Olivácio
que logo depois lançou na vida
aos cindo de idade encantada
foi pega masturbando em sacristia
por causa de um sonho com o príncipe
DuBoi da mais sagrada putaria
Expulsa
da cidade foi pra longe
cresceu entre os jardins de JardiNÓpolis
mas se você pergunta Froid Explica:
- o seu palácio agora é em Petrópolis
Aos
dezenove plena de alegria
conheceu Gigi da Bateria
na porta do Beco de Satã
na festa federal do Bar da Lama
a Deusa dos Lençóis de toda cama
sorrindo para ver como é que fica
dá um corte na história
inverte o drama
e transforma Ouro Preto em Vila Rica
e assim vamos cantar em verso e prosa
a saga dessa Deusa Iansã
que em busca da mordida na maçã
sonhava encontrar Guimarães Rosa
Viemos
do SerTão para os seus braços
porque a Mocidade Independente
é a mais fina e pura Flor do Lácio
afilhada do secular Padre Miguel
e fiel ao seu pai Padre Olivácio
e para completar a grande roda
trazemos o cacique Pau Brasil
o centenário Oswald de Andrade
filho da paulicéia que pariu!
Passando pelas bandas do Catete
dançando na maior intensidade
macumba com o índio brasileiro
nossa Ex-Cola campeã da liberdade
Federika engravidou o grafiteiro
do famoso cacete Samaral
que escrevia pelos muros da cidade:
Mocidade já ganhou o Carnaval!
e assim vamos cantar na grande roda
tudo o que deu e o que não deu
o dia que um pastor bem collorido
pensou ser pai de santo e se fudeu!
XXI
Volto a UNESP em São José do
Rio Preto, a convite de estudantes de Letras, para dirigir uma Oficina de
Criação Poética, durante a semana de execução desta Oficina, tendo como
referências meus diálogos com Hygia Calmon Ferreira, sobre a obra de Guimarães
Rosa, começo a escrever alguns poemas
que viriam a compor o espetáculo Magma – O Planeta Onde O Poema Dança, que
apresentei em Campinas-SP com produção de Ricardo Pereira Lima, em 1996 ao lado
da bailarina Nirvana Marinho. No repertório deste espetáculo, além dos poemas
de minha autoria, incluí poema dos livros Magma e Ave Palavra, de Guimarães
Rosa.
Estava ainda em São José do Rio Preto quando recebi um convite de Dalila Teles Veras, para realizar uma performance nas comemorações do primeiro aniversário da Livraria e Espaço Cultural Alpharrabio, em Santo André-SP. A performance aconteceu numa noite de sexta-feira e no sábado fui acompanhado por um grupo, formado por Dalila Teles Veras, Jurema Barreto, Antônio Possidônio Sampaio e J Marinho e Wilma Lima, fui apresentado aos espaços históricos de Santo de André, e nesta caminhada nasceu a ideia para a 10ª Mostra Visual De Poesia Brasileira, assunto para o próximo tópico.
*
XXI
Em
1993 depois de um longa correspondência por cartas, com Dalila Teles Veras, crio
o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos,
executado pelo SESC-SP na unidade de São Caetano.
Para
criar o repertório do evento, levei 6 meses em São Paulo, pesquisando vida e
obra de Mário de Andrade com o objetivo de encontrar o tropicalirismo em sua
poesia.
A
programação além da unidade do SESC São Caetano, teve atividades no Alpharrabio em Santo André,
na UBE-São Paulo, no Bar Porto das Garrafas em Santo André e no Colégio
Objetivo.
Além
da exposição criada pelo artista gráfico José César Castro, fizemos uma performance
com poemas do livro Paulicea Desvairada, tendo como companheira de palco, a
atriz andreense Mônica Cardela.
Participaram
também das múltiplas atividades do evento Dalila Teles Veras e poetas do grupo
Livre Espaço de Poesia, Jurema Barreto, J Marinho, Rosana Crispim e Claudio
Feldman, o músico Carlos Careqa, o poeta piauiense Rubervam Du Nascimento, o músico
e crítico literário Zé Miguel Wisnik, os professores Alexandre Takara e Wagner
Calmon Ferreira
Foram 15 dias de efervescência poética em São Caetano, Santo André e São Paulo e a partir daí toda a minha concepção de poéticas e linguagens começou mais uma metamorfose provocando busca por outras formas para expressar os meus desejos e mergulhar na leitura de outros poetas modernistas essenciais para o nosso conhecimento.
No final de 1993 recebo através de Dalila Teles Veras a notícia que a Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos, recebeu o prêmio de Evento do Ano, pela Associação de Profissionais de Críticos de Arte de São Paulo (APCA).
XXIII
Início de 1994 Rubervam Du Nascimento, começa a me instigar que precisávamos levar a MVPB para Teresina, e acabou me convencendo. Percebi que era o momento em um mergulho na -poesia de Torquato Neto e Mário Faustino e assim foi feito, nesses dois livros fundamentais para compreender com mais profundidade a poesia desses dois magníficos representantes da poesia brasileira contemporânea. Torquato eu já vinha lendo desde 1983 e Mário Faustino foi um presente que ganhei em Santo André da minha querida e saudosa amiga Wilma Lima
De São partimos para Teresina
na companhia de Dalila Teles Veras e do músico Carlos Careqa. Lá além do
próprio Rubervam, encontramos o poeta visual do Rio Grande do Norte, J Medeiros
e o professor e crítico de arte Jommard Muniz de Brito.
Uma semana de encontros,
rodas de conversa e intervenções poéticas, no Teatro da Cidade, no Mercado
Municipal, nas praças e na Universiade Federal do Piauí.
Um dos momentos mais hilários
da MVPB em Teresina, foi a visita que fizemos ao túmulo do Torquato Neto, com o
discurso emocionado do poeta J Medeiros.
*
quando nasci meu
pai me deu caju minha mãe severina cuscuz com carne seca no leite da manhã vã
filosofia lembra daquele dia dezembro mil novecentos e noventa e quatro? j
medeiros deu um show trepado no túmulo do torquato saímos do cemitério pro mercado para lamber a
cajuína era uma tarde de sol em teresina –
EuGênio Mallarmè
https://www.instagram.com/p/Cz6hwyRtnSW/?igsh=MWFuejZlOXhpY24xcg==
*
Me encontrava hospedado na casa da minha
amiga Vilma Lima, e recebi uma ligação de Danilo Miranda, (campista), gerente
regional do SESC-SP, me parabenizando pela MVPB Mário de Andrade 100 Anos e me
desafiando para a criação de um projeto sobre vida e obra de Oswald de Andrade,
porque era o seu preferido. Respondi que o desafio estava aceito.
Já vinha lendo Oswald, pois impossível pesquisar vida e obra de Mário e não se esbarrar no seu parceiro da Semana de Arte de 1922. Já havia assistido também algumas montagens da peça O Rei da Vela. Mas a partir de então mergulhei na leitura da vida e obra antropofágica de Oswald de Andrade.
Em 1994 ainda, depois que li Serafim Ponte
Grande, criei a performance teatral Retalhos Imortais do SerAfim, com o casal
de alunos da Oficina de Teatro do CEFET-Campos, Rey de Souza e Clarice
Terra. Para a montagem, criei 18 personagens ligados a vida e obra de Oswald
mais o poema Cântico dos Cânticos Para Flauta & Violão. A primeira encenação
se deu ainda em 1994 em Campos no Auditório Miguel Ramalho, no CEFET-Campos.
XXIV
Em 1995 antes projeto Retalhos
Imortais do SerAfim – Oswald Andrade Nada Sabia de Mim, ser realizado pelo
SESC-SP, fui convidados pela UFMG para apresenta-lo no Festival de Inverno em
Ouro Preto. Realizamos lá a exposição de poemas verbais e visuais: Os Órfãos de
Oswald e a performance Retalhos Imortais do SerAfim com Clarice Terra e Rey de
Souza meus alunos na Oficina de Teatro do Cefet-Campos.
Aproveitei a ida a Ouro Preto, e fiz Oficina do Corpo, com o bailarino
mineiro Alexandrino do Carmo, que a muito tempo tem studio de dança em Nova
Yorque. A exposição e a performance aconteceram no porão do Museu da Casa Guinard. Durante a encenação percebi, que
uma pessoa sentada e encostada na parede da Casa, observava atentamente minha interpretação
para o poema: Cântico Dos Canticos Para Flauta & Violão, de Oswald de
Andrade.
Quando terminamos, ela veio me abraçar emocionada e me disse: “quero
dançar ao som da tua voz”. Eu perguntei: como? – ela me respondeu: grava “em uma
fica cassete e me manda - sou orientanda de Marília Andrade na UNICAMPI em dança
contemporânea para mestrado sobre a obra de Pina Bausch.”
XXV
Voltando de Ouro Preto, no próprio Cefet-Campos, gravei em fita
cassete o poema Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão e enviei para Nirvana
Marinho. Uma semana depois, ele me manda mensagem dizendo que a coreografia
estava pronta, para eu ir a Campinas ensaiarmos. Fizemos o primeiro ensaio na Unicampi
e ela me apresentou a Marília Andrade(filha do Oswald), e criadora da Oficina
de Dança da Unicampi. O encontro transbordou em emoção.
Em outubro de 1995, o projeto Reatalhos Imortais do SerAfim –
Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, é realizado pelo SESC-SP, com exposições de poemas verbais e
visuais, a performance Retalhos Imortais do SerAfim, a gora com a presença no
elenco da Nirvana Marinho, e mesa de debate sobre vida e obra do homenageado, depois
de várias reuniões com a equipe de cultura do Sesc Consolação, unidade de
escolhi para a sua estreia, e seis meses de pesquisa sobre vida e obra do
criador da antropofagia cultural, Oswald de Andrade. Posteriormente fragmentos do
projeto foi levado ao Sesc- São Caetano, e outras unidades do Sesc pelo Estado
de São Paulo.
A partir daí até hoje sou convidados para realizar Oficinas e
performances poéticas pelas unidade do Sesc espalhadas pelo Estado de São Paulo.
XXVI
Em agosto de 1996, me encontrava circulando em São Paulo, hospedado
no apartamento do Gabriel de La Puente, na rua Timbiras, próximo a Estação da
Luz, recebo convite de Ademir Antônio Bacca, para participar
em Bento Gonçalves-RS, da 4ª Edição do
Congresso Brasileiro de Poesia.
Apresento em Bento a
performance solo com o poema Cântico dos Cânticos Para Flauta & Violão, de
Oswald de Andrade. Reencontro Jiddu Saldanha, Hugo Ponte e Affonso Romano de Sant´Anna
de quem recebo elogios pela performances, realizadas todas as madrugadas no
Hotel Dall`onder, onde estávamos hospedados.
Conheço de perto os poetas: Fernando
Aguiar(Portugal), Clemente Padín(Uruguai), Carlos Nejar(Brasil), e mais: Giovanni
Strada, Dieter Ross, Emilio Morandi, Fernando Aguiar, Julien Blaine, Renata
Strada, e César Espinosa.
Dirijo Oficina de Teatro Infantil no Colégio
Medianeira, onde conheci a saudosa amiga,
professora de dança, Ivonete Tesser, cunhada do então prefeito Darcy Pozza, que
me leva a um encontro com ele e minha estada em Bento que seria de uma semana
se transforma em 8 meses.
Inclusive só não fui transferido para o Cefet-Bento Gonçalves-RS porque em 1997 com a nova LDB de Darcy Ribeiro, onde estudantes do ensino médio passaram a ter 200 horas em Oficinas de Arte, o então diretor do Cefet Campos, Roberto Moraes, não assinou a minha transferência e a Oficina de Teatro sob a minha coordenação passou a fazer parte do currículo escolar dos alunos do curso técnico.
XXVII
Em 1996 também fui premiado
em Piracicaba-SP com o prêmio Escriba de Poesia e selecionado para o Projeto
Poesia 96 executado pelo Departamento de Literatura da Secretaria Municipal de
Cultura de São Paulo
Lady Gumes African's Baby
meto meus dedos cínicos
no teu corpo em fossa
proclamando o que ainda possa
vir a ser surpresa
porque amor não tem essa
de cumer na mesa
é caçador e caça
mastigando na floresta
todo tesão que resta
desta pátria indefesa
ponho meus dedos cínicos
sobre tuas costas
vou lambendo bostas
destas botas NeoBurguesas
porque meu amor não tem essa
de vir a ser surpresa
é língua suja grossa
visceral ilesa
pra lamber tudo que possa
vomitar na mesa
e me livrar da míngua
dessa língua portuguesa.
Artur Gomes
In Urbana – 1992
E CarNAvalha Gumes – 1995
leia mais no blog
Artur Gomes - Fulinaimagens
https://fulinaimagens.blogspot.com/
XXVIII
Em 1997, voltando de São Paulo-SP, depois de circular por várias unidades do SESC pelo Estado, com a performance poética: com os dentes cravados na memória, encontro no CEFET-Campos, 3 novas professoras que foram de suma importância para o trabalho na Oficina de Teatro. Ednalda Almeida e Analice Martins, me deram suporte com a literatura que trabalhei nas montagens com os alunos. A elas também é dedicado o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas, lançado no ano 2000.
Com Beth Rocha, coordenadora do Coral, montamos o espetáculo: O Dia Que A Federal Soltou A Voz E Surgiu
Um Coro De 67 Vertebrados. Com esse espetáculo inicio minha trajetória de
teatro multilinguagens e pela primeira vez utilizo um cenário virtual, com imagens
captadas na Usina Santa Cruz. O espetáculo foi encenado no Auditório Miguel
Ramalho.
*
Em 1997 volto ao Festival de Inverno da UFMG em Ouro Preto-MG para fazer a Oficina de Criação: Do Requinte do Lírico Ao Delicado do Erótico, pilotada pelo grande mestre Sebastião Nunes. Durante o Festival criamos o livro impressão com papel feito de fibras de bananeiras que nós mesmo colhemos em Ouro Preto. 17 poetas participaram da Oficina cada um recebeu 2 livros e os outros volumes foram doados a Biblioteca da UFMG.
XXIX
Em 1998 para comemorar o centenário do dramaturgo alemão, Bertold
Brecht, montamos com os alunos da Oficina de Teatro do Cefet-Campos, 2
espetáculos: Brecht Versus Suassuna, encenado no Auditório Cristina Bastos e o
banquete antropofágico: Mendigos Jantam Brecht, encenado no pátio causando grande furor em cabeças reacionárias
de alunos, funcionários e professores do
Cefet.
Brecht Versus Suassuna foi encenado também na Faculdade de Odontologia, uma parceira com Antônio Roberto Góis Cavalcanti – Kapi, que na época coordenava Oficina de Teatro naquela instituição.
XXX
Nada acontece por acaso, em 1999, voltando de Caxias do Sul, encontro na praça São Salvador, meu grande mestre diretor Luciano D´Ângelo, que em 1987 oficializou na ETFC a Oficina de Teatro sob a minha coordenação. Me fala que está secretário de Agricultura e Lenilson Chaves, presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e já havia conversado com Arnaldo Vianna prefeito de Campos, sobre a minha ida para a FCJOL.
Na época eu era sócio do meu grande e saudoso amigo Silvio
Muniz, no jornal Mania de Saúde, além de diagramar todo jornal, estava
responsável pelas entrevistas com os médicos. Passada mais ou menos uma semana,
fui fazer uma matéria para o JMS com o então secretário de Saúde, Alexandre
Mocaiber, sobre um programa de saúde infantil que estava sendo implantado.
Chegando a Secretaria de Saúde encontro com Arnaldo Vianna, que
me pergunta: “e aí professor já assumiu seu posto na FCJOL?” – respondi que não
e que nem estava sabendo da novidade.
Ele pegou a caneta um folha de papel timbrada da Secretaria de Saúde e
me nomeou Diretor de Projetos Especiais e me disse: “vá na Fundação e entregue
este bilhete a Lenilson Chaves”. E assim começou a minha segunda passagem pela
FCJOL.
Em 1999, foi criada a Bienal do Livro de Campos, iniciativa de
Lenilson Chaves, em conversa com todos os integrantes de sua equipe e apoio
entusiasmado de Ziraldo. Em 1999 criei o
FestCampos de Poesia Falada, o tablóide O Coronel E O Lobisomem e voltei a
coordenar o Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho.
Coordenei o FestCampos de Poesia Falada, de 1999 a 2004. E
nesse período o evento ganhou projeção nacional, tendo concorrido ao mesmo, e
sendo premiados poetas como: Fernando Leite Fernandes, Gilberto Mendonça Teles,
Sérgio de Castro Pintos, Aluísio Abreu Barbosa, Viviane Mosé, Matinho Santafé,
Eliakin Rufino, Antônio Roberto de Góis Cavalcanti (Kapi), Marcos Quiroga, Lau
Siqueira e Luciano Carvalho.
Vale lembrar que o poema Camões Lampião, de Sérgio de Castro
Pinto, (poeta e professor da Universidade Federal da Paraíba), vencedor do IIº
FestCampos de Poesia Falada, está presente na Antologia os 100 poemas do
século, organizada por José Neumanes Pinto.
Outro fator também de grande relevância para ser lembrado é que o poema vencedor do IVº FestCampos de Poesia Falada, Receita Para Lavar Palavra Suja, de Viviane Mosé foi o ponto de partida para ela hoje ser a grande filósofa que é, conhecedora profunda da obra de Friedrich Nitzsch, o pensador mais polêmico do século 19.
XXXI
Em 2000 é realizada pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo
Lima, no Cefet Campos, a I Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, dentro
da sua programação lanço o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas,
publicado pela Edições Alpharrabio de Santo André-SP, a minha primeira incursão
na ficção em prosa, graças a longos diálogos com minhas duas amigas de trabalho
no Cefet-Campos, Ednalda Almeida e Analice Martins, minhas duas metáforas dasaforadas.
A
Uilcon Pereira
pelo seu eterno
coração de boatos
a Carlos Lima
que por seu poema 1968
me permitiu o sub-título
e a todos os cúmplices
que por falta de munição & money
não citados
na batalha
desta fake inquisição de um pós-real
tropicanalha.
Às musas metafóricas
Analice e Ednalda
para Sandra. Flora e Filipe
*
Em 2000 levo para o Congresso Brasileiro de Poesia
em Bento Gonçalves-RS a performance solo: Cara/Velas Ao Vento Brasil/Portugal
Outros 500 com o mesmo repertório da montagem que fiz com alunos da Oficina de
Teatro do Cefet-Campos. Ganhei uma matéria de página inteira no jornal de
Caxias do Sul-RS cidade situada também na serra gaúcha. Além dessa performance
que fiz no SESC-Bento, circulei falando poesia nas Escolas e em diversos outros
espaços na cidade, inclusive pela madrugadas no hall do Hotel VinoCap, onde
estávamos hospedados.
A II ª Edição do FestCampos de Poesia Falada é realizada no
Auditório Cristina Bastos, no Cefet-Campos, e além da premiação em, dinheiro os
poetas premiados começaram a ser agraciados também com o Troféu Do Festival,
criado por uma estudante de Quimíca do Cefet. Nesta Edição a poesia vencedora
foi Camões Lampião, do poeta e professor da Universidade Federal da Paraíba,
Sérgio de Castro Pinto
XXXII
Em 2001 é realizada no Palácio da Cultura a IIIª Edição do
FestCampos de Poesia Falada sendo premiada em primeiro lugar a poesia Manual Para
Assassinar Frangos, do Jornalista e poeta Martinho Santafé, que narra com uma
linguagem hiper-realista fatos ocorridos durante as enchentes do rio Paraíba do
Sul. O prêmio de melhor intérprete, foi arrebatado pelo ator macaense,
Aldebaran, intérprete de Manual Para Assassinar Frangos
XXXIII
Em 2002 em parceria com os amigos Luiz Ribeiro, Reubes Pess,
Dalton Freire e Naiman(Alexandro Fernando) e com as participações dos músicos:
Sérvulo Soto, Betinho Assad e Ângelo Naiman gravo o CD Fulinaíma Sax Blues
Poesia.
Os shows de lançamento acontecem no Teatro do SESC-Campos e no
Pavilhão da Fundação Cultural de Campos, durante a programação da IIª Bienal do
Livro.
*
A IVª Edição do FestCampos de Poesia Falada, acontece também no
Pavilhão da Fundação Cultural de Campos, dentro da programação da Bienal do
Livro, sagra-se vencedora a poesia
Receita Para Lavar Palavra Suja, de Viviane Mosé, que também é eleita a Melhor
Intérprete.
2002 -Imaginários de
Ruptura - Poéticas Visuais - Antologia organizada por Fernando Aguiar e
Jorge Maximino. Bienal Internacional de Poesia do Douro e Vale do Côa.
Publicação do Instituto Piaget, Lisboa, Portugal.
Brasileiros participantes: Arnaldo Antunes, Artur Gomes, Avelino de Araújo, Hugo
Pontes, J. Medeiros, Paulo Bruscky e Rodolfo Franco.
*
Em 2002 ainda, realizo no SESC-Campos o projeto Terças
Poéticas – Poesia Em Cena, e produzo o espetáculo de teatro: Quando A Libido
Ataca, uma homenagem a memória de Nelson Rodrigues, encenado pela Cia Contemporânea te Teatro do Rio de Janeiro, com Direção
de Dinho Valadares.
*
Monto com os Alunos da Oficina de Teatro do Cefet-Campos, Os Retalhos Imortais do SerAfim, uma colagem teatral com textos de Dias Gomes, Sartre, Chico Buarque e Ruy Guerra. A encenação foi realizada no Auditório Cristina Bastos, com os fragmentos da peça Callabar provocando suspiros intensos da plateia.
Em 2003 o Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves-RS
já era considerado um dos maiores eventos de poesia realizado no Brasil, com a
presença de mais de uma centena de poetas de praticamente todos os Estados do país,
além de poetas, atores, músicos, mímicos, palhaços, argentinos, mexicanos, chilenos, cubanos,
portugueses e uruguaios.
As ações poéticas se espalhavam por vários espaços públicos na cidade, como Escolas, Praças, Hospitais, Prefeitura, Bares, Câmara de Vereadores, na Fundação Casa das Artes, onde aconteciam as Mostras Internacionais de Poesia Visual, com curadorias de Hugo Pontes e Tchello de Barros, além das mesas de bate-papo que muitas vezes aconteciam em alguma sala do próprio Hotel VinoCap, onde estávamos hospedados.
*
XXXV
Em 2004 no Congresso Brasileiro de Poesia em Bento
Gonçalves-RS, conheço o poeta chileno Leo Lobos. E reencontro a pesquisadora e
poeta Cristiane Grando que participou da comissão julgadora da Edição do
FestCampos de Poesia Falada de 2003.
“Con los artistas brasileños Artur Gomes Gumes, Naiman, Jiddu Saldanha y Leo Lobos em el Congresso Brasileiro de Poesía em la ciudad, de Bento Gonçalves, RS Brasil, 2004
XXXVI
Em 2005 a convite de Ademir Assunção a presento a ópera poética
musical Fulinaíma Outras Vozes Outras Falas, no Itaú Cultural em São Paulo, dentro
da programação do projeto: Poesia Na Idade Mídia – Outros Bárbaros, com banda
formada pelos músicos: Naiman(Alexandro Silva), Renato Gama, Ronaldo Gama,
Joana Flor e Juninho Batucada.
Apresentaram-se também no projeto além do seu criador Ademir Assunção, os poetas: Celso Borges, Ricardo Aleixo, Rodrigo Garcia Lopes, Marcelo Montenegro e Chacal.
XXXVII
Em 2006 além de ir mais uma vez a Bento Gonçalves-RS para o Congresso Brasileiro de Poesia, onde começo a apresentar o recital LeminskiArte da Palavra Em Cena, com a poesia de Paulo Leminski. Dirijo Oficina de Teatro e Poesia Falada em São Fidélis-RJ. Realizo performance em Brasília na praça da Torre da TV e circulo com o recital Leminski Arte da Palavra em Cena por alguns bares de Campos dos Goytacazes-RS.
XXXVIII
Em 2007 inicio com Jiddu Saldanha em Cabo Frio-RJ minhas experimentações com
Audiovisual. Produzimos vários curtas com imagens captadas em Cabo Frio e no
Rio de Janeiro, com uma pequena câmera cannon de 5 megapixel.
Em Bento Gonçalves-RS na programação da Feira Nacional do
Vinho, durante 20 dias, enceno com May Pasquetti, a performance O Amor Em Estado De Vinho E
Uva. No Congresso Brasileiro de Poesia. Circulo com recital Cogito, com a
poesia de Torquato Neto e Mário Faustino.
XXXIX
Em 2008 fui homenageado no Belô Poético em Belo Horizonte-MG,
reencontrei o poeta português Fernando
Aguiar que havia conhecido em Bento Gonçalves-RS na edição do Congresso
Brasileiro de Poesia de 1996.
Realizo Performances no Sesc no Mercado Municipal e nos bares
de BH.
Em Bento Gonçalves-RS no Congresso Brasileiro de Poesia,
realizo com May Pasquetti e Érica Ferri, a performance O Amor Em Estado de Vinho
e Uva, no Cefet-Bento e no Bar Dois Coqueiros, com direção de Jiddu Saldanha. Produzo com Érica Ferri o curta Sampleando.
Participo da Feira do Livro em Imperatriz-MA fazendo performances
e dirigindo Oficinas de Poesia Falada e Produção cine Vídeo.
XXXV
Em 2009 em Bento Gonçalves no Congresso Brasileiro de Poesia realizo
a performance Outubro OU Nada, com poesia de Ferreira Gullar.
Em 2010 produzo com Jiddu Saldanha uma série de Curtas com
imagens captadas na Lapa, Cinelândia e Parque
das Ruínas em Santa Teresa Rio de Janeiro, onde realizamos em parceria
com Fil Buc e sua Banda Riverdies um Domingo de Rock And Roll & Poesia.
Em Bento Gonçalves no Congresso Brasileiro de Poesia circulo
com a performance Outubro OU Nada com
poemas de Torquato Neto.
Em 2011 dirijo no Sesc-Campos e no IFF Campus Centro, Oficina
de Produção Cine Vídeo.
Em Bento Gonçalves no Congresso Brasileiro de Poesia circulo
com a performance Outubro Ou Nada com poesia de Ademir Assunção
Em 2012 realizo performance em Bom Jesus do Itabapoana-RJ com
poemas de Pablo Neruda, na abertura do projeto Circuito Cultural de Arte Entre
Povos
Participo ao lado de May Pasquetti e Jorge Ventura, do Curta Brisa, filmado em Bento Gonçalves com produção e direção de Jiddu Saldanha - Cinema Pssível.
Participo da Feira do Livro em São Luis-MA, a convite do meu querido e saudoso amigo/parceiro Celso Borges.Crio no IFF Campus Centro o FestCurta IFF, aberto a participação de estudantes de segundo e terceiro
grau de todo país.
Em 2013, crio o Sarau Baião de Dois, cuja primeira edição é
realizada no Salão de Festas do Edifício Evidence, na Rua Voluntários da Pátria
em Campos dos Goytacazes.
Circulo com performances poéticas e Oficinas de Poesia, no projeto Circuito Cultural de Artes Entre Povos, nas cidade de Bom Jesus de Itabapoana-RJ, Itaperuna-RJ, Cachoeiro do Itapemirim-ES, Guaçuí-ES, Além Paraíba-MG, Mutum-MG, Pedra Dourada-MG, Manhuaçu-MG e Itaguara-MG
XXXVII
Em 2014 o Sarau Baião de Dois passa a ser realizado no
Sinasefe, Rua Álvaro Tâmega, 135 – Campos dos Goytacazes, com Oficina de Teatro
Multilinguagens.
Dirijo no SESC-Campos o Curso Nos Tempos da Foto Novela, e
monto com os alunos a encenação Uma Noite De Natal.
Em Bento Gonçalves-RS no Congresso Brasileiro de Poesia inicio
um circuito com a performance: com os dentes cravados na memória, com poemas
autorais, de Eliakin Rufino, Ademir Assunção, Salgado Maranhão e Ferreira
Gullar.
Em 2015 lanço em edição artesanal com produção gráfica do meu
querido mestre Winston Churchil Rangel, o livro SagaraNAgens Fulinaímicas, com
prefácio do meu querido Tanussi Cardoso.
Os lançamentos e performances acontecem em Campos no Jardim do Liceu na primeira edição do FDP – Festival Doces Palavras. (que segundo Vitor Menezes, só existe pelo apoio que Wainer Teixeira de Castro, deu ao projeto).
E em Bento Gonçalves-Rs, durante a programação do Congresso Brasileiro de Poesia, no Café e Livraria Aquarela, com participação de May Pasquetti.
No SESC-Campos dirigi mais uma Oficina de Teatro, e montei a encenação poética.teatral Waterkis – Selecione Água.
XXXVIII
Em 2016 em Bento Gonçalves-RS é realizada a XXIV e última edição do Congresso Brasileiro de Poesia, resultado do fascismo negativista que se iniciava a avançar pelo país e o resultado disso todos conhecem, não precisa colocar legenda.
No SESC-Campos dirigi a Oficina de Teatro e como resultado, montei com os alunos a encenação poética.teatral A Nossa Casa É Um Teatro
*
Dirijo Oficina e faço apresentação no FestSolos VI, na Usina 4 em Cabo Frio, produção de Jiddu Saldanha
*Bento Gonçalves
é uma cidade de pedras
mas suas Minas
tem nos olhos um Azul Marinho
que nem um mar possui
eu fui e vi nos olhos da menina
com meus olhos de passarinho
Artur Gomes
leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
XXXIX
Em 2017 volto a realizar no Sinasefe o Sarau Baião de
Dois, com a Oficina de Teatro Multilinguagens.
Crio jogos teatrais com o
tema: A Invasão Cibernética dos Corpos, onde os personagens Federico Baudelaire
e Federika Lispector travam um intenso diálogo sobre a surreal escultura o Disco
Voador de concreto instalado na porta do cemitério da cidade de
Jardinópolis-SP.
Mensagem que recebi de uma
ex-aluna da Oficina teatro multilinguagens realizada no Sinasefe
:
Feliz aniversário Artur! Conhecer você foi um
grande divisor de águas na minha vida. Todos os dias eu lembro dos seus
ensinamentos e percebo o quão importante foi. Te desejo muitos anos de vida e
muita alegria. Abraços!
Com carinho, Ellen.
*
Participo com Carol Poesia e Ronaldo Junior, da comissão de seleção e da comissão julgadora do FestCampos de Poesia Falada, que é realizado dentro da programação do FDP, no Jardim do Liceu, que tem a poesia Ode Ao Falo, de Ocinei Trindade consagrada em primeiro lugar.
Realizo a performance poética.musical Fulinaíma Sax Blues Poesia, com Dalton Frire e Álvaro manhães na Tenda Cultural de Verão em Farol de São Tomé, a convite de Pedro Fagundes, na época coordenador do Curso Livre de Teatro da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.
*
Crio
o Projeto de Revitalização Cultural na praia de Manguinhos. Realizo na praça do coreto o Sarau Manguinhos Vive de março a junho de 2017
*
XXXX
Em
2018 lanço o livro Juras Secretas, com poemas que vinha escrevendo desde 1996,
quando ainda transitava por São Paulo-SP e começava a transitar por Bento
Gonçalves-RS indo atuar no Congresso Brasileiro de Poesia.
Volto
a coordenar o FestCampos de Poesia Falada, que é realizado no IFF Campus
Centro, dentro da programação da Bienal do Livro.
Leciono Poéticas no Curso Livre de Teatro da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, e monto com os alunos a encenação poética.musical LeminskiArte Da Palavra Em Cena. no Repertório poesia de Paulo Leminski e do livro Juras Secretas
As encenações aconteceram no Teatro Trianon, em Santa Maria e na Casa de Cultura José Cândido de Carvalho em Goytacazes.
XXXXI
Em 2019 lanço a primeira edição da coletânea Pátria A(r )mada, pela Desconcertos Editora de São Paulo. Os lançamentos acontecem no Café Bar e Livraria Patuscada em Sampa e na Santa Paciência – Casa Criativa em Campos dos Goytacazes-RJ
Dirijo e coordeno mais uma edição do FestCampos de Poesia Falada, que é realizado no Liceu de Humanidades, com o primeiro lugar conquistado pela poesia New Gothan City, do poeta e psicólogo niteroiense Alberto Sobrinho
XXXXII
Em 2020 recebo o prêmio Oswald de Andrade, pela coletânea Pátria A(r)mada, concedida pela UBE-Rio e lanço pela Penalux o livro O Poeta Enquanto Coisa, com lançamento na Santa Paciência - Casa Criativa em Campos dos Goytaazes-RJ.
A poesia pulsa
para Tanussi Cardoso
a poesia pulsa
na veia
no vinho
no peito
no pulso
na pele
nos nervos
nos músculos
nos ossos
posso falar o que sinto
posso sentir o que posso
aqui
a poesia pulsa
nas coisas
nos códigos
nos signos
os significantes
os significados
aqui
a poesia pulsa
na pele da minha blusa
na menina dos olhos da musa
nas pipas nos arcos
nas madrugadas dos bares
descritas num guardanapo
no copo de vinho
na boca de vênus
na bola da vez da sinuca
sangrada pelo meu taco
aqui
a poesia pulsa
nos cabelos brancos de Bacca
na divina língua de Baco
Artur Gomes
Poema do livro O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
leia mais no blog
https://fulinaimacarnavalhagumes.blogspot.com/
XXXXIII
Em
2021 hiato total nas atividades, presenciais vazio pandemônico reclusão em
casa, onde as leituras e a escrita tomou
a maior parte do meu tempo diário. Nesse período escrevi a maior parte
da poesia para a 2ª Edição da coletânea Pátria A(r)mada, com uma reflexão sobre os
templos(escuros) em tínhamos sido mergulhados e também boa parte do que viria a
ser publicado em O Homem Com A Flor Na Boca.
XXXXIIII
Em
2022 lanço a 2ª Edição revisada e ampliada da coletânea Pátria A(r )mada, no
SESC Piracicaba-SP dentro da programação do projeto CALDO.
Faço
performance com poesia do livro na Praça dos Pescadores no intervalo das apresentações
de grupos de Cultura Popular do Estado de São Paulo-SP.
Na
ONG Projeto Beija Flor em Gargaú – São Francisco de Itabapoana-RJ criei a
Biblioteca Bracutaia.
Atuei
no Departamento de Cultura da Secretaria de Educação de São Francisco de
Itabapoana-RJ de maio a dezembro.
XXXXIV
Goytacá
Boy
musicado e cantado por Naiman
no CD fulinaíma sax blues poesia
ando por São Paulo meio Araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara
juntei meu goytacá teu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
em tua boca caiçara
para falar para lamber para lembrar
da sua língua arco íris litoral
como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda
lágrima que mãe chorara
para roçar para provar para tocar
na sua pele urucum de carne e osso
a minha língua tara
sonha cumer do teu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão que restou da Guanabara
Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
Gravado em vídeo pelo autor integra a Mostra Arte
de Toda Gente – FUNARTE_Rio – 2021 – Curadoria: Tchello d´Barros
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/
*
Em
2023 retorno a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, a convite de da
Diretora do Departamento de Arte e Cultura Sylvia Paes. Escrevo o projeto:
Campos VeraCidade. Crio o Sarau As Multilinguagens no Museu, com edições
realizadas no Museu Histórico de Campos de março a julho.
No
dia 28 de março coloco o Boi-Pintadinho de volta na praça, em comemoração ao aniversário
da cidade, numa parceria com o projeto
Letras em Movimento.
Dia
19 de abril, realizo intervenções poéticas na rua com foco nas questões indígenas.
Crio
em parceria com Lucia Talabi o Curso de Teatro de Rua, apresentando em agosto
dentro da semana do folclore uma encenação com O Auto do Boi Macutraia.
Poesia Plural
Homenagem ao Rio Psiu Poético
17 de junho - 2023
Sábado 18 às 21h
Centro Cultural da Justiça Federal
Av. Rio Branco, 241 - Centro
Rio de Janeiro - RJ - 2004-000
org. Tchello d'Barros
www.ccjf.trf2.jus.br
ALGUMA POESIA
não. não bastaria a poesia deste bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.
não. não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.
não. não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.
não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador
aparentando realismo hiper-moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos
não. não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio Lorca:
um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.
Artur Gomes
Couro Curu & Carne Viva – 1987
Pátria A(r)mada – 2022
Leia mais no blog
https://fulinaimagens.blogspot.com/
Em
setembro o Sarau Multilinguagens acontece no Jardim do Liceu, na programação do
FDP – Festival Doces Palavras. E as Oficinas e o Curso de Teatro de Rua, e Teatro
Multilinguens, passam a ser realizados no Palácio da Cultura.
Em
outubro o Sarau Multilinguagens é realizado no Palácio da Cultura.
Em
março de 2024 realizo no Palácio da Cultura
o Sarau Campos VeraCidade, colocando em prática discussões sobre algumas questões
que enfoco no projeto: Campos VeraCidade.
Em 24 Abril, com os parceiros Tchello d´Barros e Luis Turiba realizo no Bistrô do Ernesto, Lapa - Rio de Janeiro, a 3ª Edição da Balbúrdia Poética, em homenagem aos 80 anos de Paulo Leminski e Torquato Neto, com a participação de Fil Buc e mais 25 poetas cariocas, entre eles: Tanussi Cardoso, Ricardo Vieira Lima, Angel Cabeça, Monica Serpa, Carmen Moreno, Karla Julia, Jorge Ventura, Eugenia Henriques, Ricardo Ruiz e os mineiros Aroldo Pereira e Ronaldo Werneck.
Realizo de maio e junho a Oficina de Teatro e Poesia Falada, interrompidas por causa das obras que se iniciaram no Palácio da Cultura.
Em 3 de outubro fui eleito para ocupar a cadeira 12 da ACL - Academia Campista de Letras, anteriormente ocupada pelo professor Hélio de Freitas Coêlho, com posse marcada para o próximo dia 19 às 17h na Casa de Nelson Rebel.
Um Instante No meu Cérebro – 1973
Mutações Em Pré-Juízo – 1975
Além Da Mesa Posta – 1977
Jesus Cristo Cortador De Cana – 1979
Boi-Pintadinho – 1980
Carne Viva – 1984 – Antologia de Poesia Erótica – Org. Olga Savary
Suor & Cio – 1985
Couro Cru & Carne Viva – 1987
20 Poemas Com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor de Campos – 1990
Conkretude Versus ConkrEreções – 1994
CarNavalha Gumes – Portifólio - 1995
BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas –
2000
SagaraNagens Fulinaímicas – 2015
Juras Secretas – Editora Penalux 2018
Pátria A(r)mada – Editora Desconcertos – 2019 - Prêmio Oswald de Andrade – UBE_Rio- 2020
O Poeta Enquanto Coisa – Editora Penalux - 2020
Pátria A(r)mada – 2ª Edição – 2022
O Homem Com A Flor Na Boca – Editora Penalux – 2023
Leia mais no blog