terça-feira, 29 de novembro de 2022

Geleia Geral - 7ª Edição - Banquete Antropofágico


Geleia Geral - 7ª Edição - Banquete Antropofágico
16 de dezembro - 19h - Santa Paciência - Casa Criativa - Rua Barão de Miracema, 81 - Campos ex-dos Goytacazes-RJ
No Banquete Antropofágico vamos devorar 22- 100 Anos Depois - um por um de cada vez para uma boa digestão em 2023.

juntei meu goytacá
teu guarani
tupi or not tupi
não foi a língua que ouvi
em tua boca caiçara

meu coração Marçal Tupã
sangra tupi & rock anda roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jogo maculelê
maracatu boi bumbá
a veia de curumim
é coca cola & guaraná


                                                                   Artur Gomes

Pátria A(r)mada
Desconcertos Editora - 2022

Pátria A(r)mada o livro do pós tropicalista Artur Gomes é revolução - Luis Turiba



SERTÂNICA

 

metade era

soco

outra metade

soco

 

e tudo era tanto

pro meu coração

tão pouco

 

Lau Siqueira

BRIC A BRAC XXI

Edição Especial – junho 2022



fulinaíma sax blues poesia

 

                     ela era Bruna

em noite de blues rasgado

soltou a voz feito Joplin

num canto desesperado

por ser primeiro de abril

aquele dia marcado

 

a voz rasgou a garganta

da santa loucura santa

com tanta força no canto

que até hoje me lembro

daquela musa na sala

 

com tua boca do inferno

beijando meus dentes na fala 

                                                                 Artur Gomes

Pátria A(r)mada
Desconcertos Editora - 2022



Musa

que é musa

não tem vergonha de nada

escancara a cara no espelho

se desnuda pra fotografia

teu corpo camisa de vênus

a flor da pele irradia

rasgando a camisa de força

tua carne é só poesia.

 

Federico Baudelaire

https://porradalirica.blogspot.com/




atentado poético


a hipocrisia aqui é muita

liberdade muito pouca

com meus dentes de navalha

vou rasgar a tua roupa

esse poema beijo/bomba

vai explodir na tua boca

 

Federico Baudelaire

https://arturfulinaima.blogspot.com/





Partida

 

eu parto da tradição

um parto na tradição

eu parto a tradição

 

Wélcio de Toledo

tudo que não cabe o poema

Editora Patuá - 2019



elementos em fúria

 

indignar-me

riscar o fósforo

centelha restauradora

em campo de figo

e fel

 

 Dalila Teles Veras

Alpharrabio Edições - 2019



ON 


Por aqui

as lâmpadas dos postes

parecem umas loucas

já muito acesas

e nem são quatro da tarde


Michaela Schmaedel 

Editora Penalux - 2020


CAVERNA

 

me tranquei na caverna com platão

pra enfrentar meus próprios males

não vi primata nem zapata nem dragão

ouvi o canto das sereias pelos bares

chamei pra briga o capeta de facão

senti o aço perfurando a carne mole

gritei bem alto um tremendo palavrão

chamei são jorge pra ajudar o filho pobre

daqui ninguém sai vivo nem com reza ou um  milhão

um dia até o tolo acaba que descobre

perdi o medo de espelho e solidão

só levo a vida com a pele que me cobre

 

Ademir Assunção

RISCA FACA

Selo Demônio Negro - 2021



SAVANA GRIL

 

1.

 

Escuta, viajor da tempestade!

Prescruta a semente

que o mar feriu (e as razias secretas;

e as pilhagens festivas).

 

Aceita teu breve oásis

que nem sequer é a paz

fecundada.

É somente este agora

reduzido a metonímias.

 

Pregaram-te os séculos

de cicatrizes (e esta lágrima

de chantilly).

 

Não crescem planícies

sob teus pés: outra vez

são as ervas daninhas

e suas alegorias. Outra vez

a liturgia de espinhos.

 

Lembra-te do dromedário

que bebe a areia; lembra-te

do cacto sobre a rocha.

 

Salgado Maranhão

Pedra de Encantaria

7Letras Editora - 2021



 

Fulinaíma MultiProjetos

fulinaima@gmail.com

22 99815-1268 – whatsapp

https://centrodeartefulinaima.blogspot.com

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Poesia Em Movimento


alguma poesia 

 

não bastaria a poesia deste bonde

que despenca lua nos meus cílios

num trapézio de pingentes onde a lapa

carregada de pivetes nos seus arcos

ferindo a fria noite como um tapa

vai fazendo amor por entre os trilhos.

 

não bastaria a poesia cristalina se rasgando o corpo estão muitas meninas tentando a sorte em cada porta de metrô e nós poetas desvendando palavrinhas vamos dançando uma vertigem no tal circo voador.

 não bastaria todo riso pelas praças nem o amor que os pombos tecem pelos milhos com os pardais despedaçando nas vidraças e as mulheres cuidando dos seus filhos.

não bastaria delirar Copacabana

e esta coisa de sal que não me engana

a lua na carne navalhando um charme gay

e um cheiro de fêmea no ar devorador aparentando realismo hipermoderno num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez esse gosto de coisa do inferno como provar do amor no posto seis

numa cósmica e profana poesia

entre as pedras e o mar do Arpoador

mistura de feitiço e fantasia

em altas ondas de mistérios que são vossos

 não bastaria toda poesia que eu trago em minha alma um tanto porca, este postal com uma imagem meio Lorca: um bondinho aterrissando lá na Urca e esta cidade deitando água em meus destroços pois se o cristo redentor  deixasse a pedra na certa nunca mais rezaria padre-nossos e  na certa só faria poesia com os meus ossos.


Artur Gomes

Couro Cru & Carne Viva – 1987

Pátria A(r )mada – 2ª Edição 2022

 


Gesto

 

havia tanta chuva no olhar daquele menino

que o breu de seus pensamentos

manchavam as horas do dia

 

e trovejavam as ondas

e densas brumas vinham...

havia um peso injusto

sobre ombros tão pequeninos

 

do observador, surgiram os "pães"

as mãos miúdas se abriram

trêmulas, ainda em aflição

 

e o breu se desfez em cores

no gesto da doação

havia um encontro marcado

 

em olhares de gratidão.

Tempo perdido

 

Aqueles olhos

Esfaqueavam o coração

De quem ousasse encarar...

 

Amargura estampada!

 

Marcas da dor

Do abandono

Carimbos e danos;

Gestos insanos...

 

Covardia Institucionalizada!

 

Aquelas mãos inseguras

Seguram um fio de navalha,

E cortam a carne do dia

Fazendo com que esse dia

não valha.

 

A violência se prolifera

Ante aos gritos perdidos

Todo silêncio é quebrado

Todo gemido calado...

 

O que se vê e, o que se tem?

-Um Estado de coisas...

-Um Estado falido!

 

Aquele olhar cortava a alma

De quem ousasse encarar...

 

(estampido)

 

Tempo perdido!

 

(Paulo Roberto Cunha)



A Rosa do Povo
para Drummond, Darcy Ribeiro e Oscar Niemayer in Memória

a rosa de Hiroshima ainda fala
a rosa de Hiroshima ainda cala
Frida e seus cabelos de aço
Picasso pintou Guernica
e quando os generais de Franco
lhe perguntaram:
- foi você quem fez isso:?
ele prontamente respondeu
- não, foram vocês que fizeram.

Cartola um dia me disse
que as rosas não falam
simplesmente as rosas exalam
o perfume que roubam de ti

Agora trago a Rosa do Povo
para os dias de hoje nesse Templo escuro
quem poderá viver nesse presente?
quem poderá prever nosso futuro?
nem Zeus nem o diabo que os carregue
eu quero um reggae um arte lata
a vida é muito cara nada barata
eu sou Drummundo Curumin - no fundo
Tupã Rebelde não pede arrego
poesia é pra tirar o teu conforto
poesia é pra bagunçar o teu sossego

Artur Gomes
leia mais no blog https://fulinaimagens.blogspot.com/



Cantaria I

 

Caímos ante as pérolas insanas –

ocultando a centelha

que acende as cinzas.

 

Caímos insólitos

sobre nós, com as proteínas

vencidas e as certezas

provisórias.


Quem aspergiu o florescer

de estiletes –

e o símio que errou

a porta de Deus?

 

Daqui,

desta ilha de presságios,

também as pedras

                     se reinventam.

 

Daqui, deste azul

que tropeça nas aves,

digito a alma em 3-d

encerrado ao córtex verbal

em que me reverbero:


seguindo enquanto espero.

 

Salgado Maranhão

Pedra de Encantaria

Editora 7Letras - 2021


A poesia passeia em tua pele como se eu fosse ela do outro lado da tela você me olha com os teus olhos acesos sem acreditar no que escrevo vejo tua boca molhada teus lábios trêmulos a língua lambendo cada palavra que vai descendo do imaginário metáfora de fogo nos seios de Iansã é ventania

 

Rúbia Querubim



Black Billy

Para |Janes Joplin – in memória

 

Ela tinha um jeito Gal

fatal – vapor barato

toda vez que me trepava as unhas

como um gato

 

cantar era seu dom

chegava a dominar a voz

feito cigarra cigana ébria

vomitando doses do seu canto

 

uma vez só subiu ao palco

estrela no hotel das prateleiras

companheira de ratos

na pele de insetos

praticando a luz incerta

no auge do apogeu

 

a morte não é muito mais

que um plug elétrico

um grito de guitarra uma centelha

logo assim que ela começa

algo se espelha

na carne inicial de quem morreu

 

Artur Fulinaíma

https://www.facebook.com/309148895931842/videos/501205270059536/?pnref=story


terça-feira, 1 de novembro de 2022

Poesia em Movimento - Mostra Visual de Poesia Brasileira



Ainda

 

Estou pagando as prestações

dos janeiros de minha mãe.

 

As casas que sonhei

são palavras-úberes

crescendo sobre a pradaria. Rebanhos

 que trafegam com meus artelhos.

 

Aqui, ergueram-se as núpcias

 verbais dançando à chuva. Sou parte

desse rito e desse esquecimento.

 

 Aqui, esteve uma faca

sobre a mesa e a certeza

 atravessando os mortos.

                           Nas relíquias

que o sol deixa aos olhos.

 

Hei de esperar-te, estrela inomeada, acostado ao cortejo

do mundo (e à majestade de tuas fraturas); hei

 de livrar-me do tanto

que me inundas em teu seio

de sangue e mosto.

 

Tu que me ensinas a morrer de mim,

 a exceder meu próprio arrendamento

 

Salgado Maranhão

In Pedra de Encantaria

Editora 7Letras - 2021



Visão

 

Te encontrar numa praia

de areia muito branca e mar muito azul.

Pegar os teus dois olhinhos marrons

e coloca-los num vidrinho em cima

das pedras brancas da encosta.

Ficar ali a ver o mar

e a olhar os teus olhinhos

e a lembrar que nem tudo

o que está posto no mundo

é para se pegar com as mãos.

 

Michaela Schmaedel

In Coração Cansado

Editora Penalux - 2020



poema para marielle franco

rascunhado na noite de sua brutal execução



certeiros, os projéteis

                             da janela

                            da mira

                           do gatilho

atingem o alvo



calculadas, as balas

                      na cabeça marcada

                      na mente visada

                      na ação inadequada

cumprem a função de calar



não foi apenas o sangue

jorrado na execução

não foi apenas a carne

(negra, para não fugir das estatísticas)

caça abatida no voo, ração

provimento dos sem razão



ali, naquele automóvel

ensanguentado

e

incômodo

foi abatida a utopia

        calada uma voz que era de muitos

        derrubado o pilar da esperança

        executada a possibilidade de redenção

 

Dalila Teles Veras

In tempo em fúria

Edições

Alpharrabio - 2019



ALENTO

 

Do alento desta janela

que se abre para dentro

vou me deparando

com tantas sombras,

penumbras de mim,

rugas já tão antigas,

rusgas desconhecidas

ressurgindo ao vento,

tempestades de mim

revirando ao avesso.

Desfaço-me em sustos,

sussurros e tropeços.

Não me conheço.

Desfaleço.

Sou aquela que não me encontro.

Sou aquela que não me encanto.

Do desencanto desta janela

que se escancara para fora,

vou me encarando

pouco a pouco.

Já é muito.

Muitos escuros de mim,

desencantos que desconheço.

Aluga-se uma alma (deso)culpada.

Paga-se pouco

ou quase nada,

sem perigo de despejo,

sem aviso de desespero.

Nos labirintos

um desassossego

que desconheço.

Desconexo.

Reconvexo.

No vasto mundo tão completo.

No amplo e no perplexo.

 

(Nic Cardeal, 28.10.2015 - poema integrante do livro 'Sede de céu', Penalux/2019, pp. 55/56)

 



ELEGIA 1938

 

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,

onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.

Praticas laboriosamente os gestos universais,

sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,

e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.

À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze

ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra

e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.

Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina

e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.

Caminhas entre mortos e com eles conversas

sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.

A literatura estragou tuas melhores horas de amor.

Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota

e adiar para outro século a felicidade coletiva.

Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição

porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.

 

Carlos Drummond de Andrade



A Rosa do Povo

para Drummond, Darcy Ribeiro e Oscar Niemayer in Memória

 

a rosa de Hiroshima ainda fala

a rosa de Hiroshima ainda cala

Frida e seus cabelos de aço

Picasso pintou Guernica

e quando os generais de Franco

lhe perguntaram:

- foi você quem fez isso:?

ele prontamente respondeu

- não, foram vocês que fizeram.

 

Agora trago a Rosa do Povo

para os dias de hoje nesse Templo escuro

quem poderá viver nesse presente?

quem poderá prever nosso futuro?

nem Zeus nem o diabo que os carregue

eu quero um reggae um arte lata

a vida é muito cara nada barata

eu sou Drummundo Curumin - no fundo

Tupã Rebelde não pede arrego

poesia é pra tirar o teu conforto

poesia é pra bagunçar o teu sossego

 

Artur Gomes

leia mais no blog https://fulinaimagens.blogspot.com/




 com uma câmera nas mãos

um poema na cabeça

vamos filmar o poema

antes que desapareça

 

era uma vez um mangue

e por onde andará Macunaíma?

na tua carne no teu sangue

na medula no teu osso

será que ainda existe

algum vestígio de Macunaíma

na veia do teu pescoço?

 

Artur Fulinaíma

 

Mostra Cine Curtas – Cinema Ambiental

veja na página https://www.facebook.com/cinevideocurtas




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