Hipotemusa 15 –
como ninfa estrangeira ontem me veio
envolta de plumas em estado de poesia na baia da guanabara estudava
antropologia pelas marinas do Rio no sexo sempre quentinha feito uma gata
selvagem gozando a vida no cio vestida em pele de algas despida nos desvarios
lambeu o mel entre as coxas desapareceu no navio
Hipotemusa 16 –
nem bem havia anoitecido no parque
das ruínas teus olhos de lamparina tocaram a pedra do reino nas águas da
guanabara coisa rara aquele peixe brilhante dentro daquela boca com seios de
primavera e vinhos da santa ceia
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era uma vez um mangue
e por onde andará Macunaíma
na sua carne no seu sangue
na medula no seu osso
será que ainda existe
algum vestígio de Macunaíma
na veia do seu pescoço
tá no canto da sereia
no rabo da arraia
nos barracos da favela
nos becos do matadouro
na usina sapucaia?
Joilson Bessa me disse
Kapiducéu já ensaia
Macunaíma vem vindo
no Auto do Boi Macutraia
A flor dos meus delírios
tem cheiro de poesia
relâmpagos de Iansã
incêndio no meio dia
Netuno em polvorosa
me disse em verso e prosa
que ela vem com o frescor da maresia
e eu serei o seu Ogum
anjo da guarda e companhia
hoje mesmo distante
esse preamar me incendeia
ondas espumas explodem na areia
tempestades trovoadas ventania
e nem sei se estando perto
calmaria
Artur Gomes
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por mais que te amar seja uma zorra
eu te confesso amor pagão
não em de ter perdão pra nós
eu quero mais é teu pudor de dama
despetalado em meus lençóis
e se tiver que me matar que seja
e seu eu tiver que te matar que morra
em cada beijo que te der amando
só vale o gozo quando for eterno
infernizando os céus
e santificando a boca do inferno.
Artur Gomes/Luiz Ribeiro
Gravado no CD Fulinaíma Sax Blues Poesia – 2002
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Biografia de
poeta
Concebeu poesia
e nasceu pro céu
engatinhou poesia
caiu por terra
não deu
foi pensar poesia
levou outra
e dessa não levantou
só lá pras tantas
do dia seguinte
é que renasceu poesia
ele já não tinha mais
pra onde ir
e foi só poesia
por não ter mais nada
que soubesse fazer
sem água nem pão
tirou leite de pedra
pra fazer poesia
e esteve um bom tempo
sumido poesia
bem mais tarde
seguro de si
(re)apareceu poesia
fez mais poesia
caiu no esquecimento
e pereceu
mas em algum canto
de uma estante poeira
ele permanece poesia.
Saullo de Oliveira
para Antônio Roberto de Góis Cavalcanti – Kapi
foto: Cesar Ferreira
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ver Deus olhando nuvens
do pôr do sol da praia
sopro do vento nordeste
virando terral
virando o mar
virando outro cheiro
virando o tempo
mas tempo é tempo
é nada mais
é só tempo
tempo da morte
tempo da vida
crediário duma
prestação doutra
território do ponteiro
demarcado por mijo monótono
comum lugar do tic
perseguido por tac
e amanhã tem que acordar cedo
pra trabaiá
Aluysio Abreu Barbosa
atafona, 08/12/95
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Juras secreta 62
tenho estado
entre o fio e a navalha
perigosamente – no limite
pulando a cerca da fronteira
entre o teu estado de sítio
e o meu estado de surto
só curto a palavra viva
odeio uma língua morta
poema que presta é linguagem
pratico a SagaraNAgem
na esquina da rua torta
jura secreta 129
a coisa que me habita é pólvora
dinamite em ponto de explosão
o país em que habito é nunca
me verás rendido a normas
ou leis que me impeçam a fala
a rua onde trafego é amplo
atalho pra o submundo
o poço onde mergulho é fundo
vai da pele que me cobre a carne
ao nervo mais íntimo do osso
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