quarta-feira, 6 de abril de 2022

PoÉticas Fulinaímicas

 

pele grafia


meus lábios em teus ouvidos
flechas netuno cupido
a faca na língua a língua na faca
a febre em patas de vaca
as unhas sujas de Lorca
cebola pré sal com pimenta
tempero sabre de fogo
na tua língua com coentro
qualquer paixão re/invento

o corpo/mar quando agita
na preamar arrebenta
espuma esperma semeia
sementes letra por letra
na bruma branca da areia
sem pensar qualquer sentido
grafito em teu corpo despido
poemas na lua cheia

Artur Gomes

www.secretasjuras.blogspot.com



desconcerto

para Artur Gomes

o poeta é um jogador
joga com palavras
letra por letra
sílaba por sílaba
com nomes sobrenomes
universo das coisas
artifício das cores
tira um sarro com metáforas
desconcerta a lírica
a métrica a fonética
e os significados
onde não tem sentido
enfeitiça o sub-mundo
enaltece o desdentado

Federika Lispector

www.fulinaimargem.blogspot.com



flor de maio


o vento bate na cortina branca
Ana nem sabe como olho
pela fresta da janela
as tuas costas nua
na linha do horizonte

atravesso a ponte
do teu tempo infindo
como um dia vindo
como flor de maio

Ana como um raio
no punhal de carne
que me arde os pulsos
e me queima as mãos

enquanto cato o sangue
que escorreu no chão

Lady Gumes

www.fulinaimagens.blogspot.com



Sede


eu tenho sede de água
eu tenho sede de mar
girassol nos meus cabelos
espuma de sal esperma e pelos
por onde eu possa delirar
eu tenho sede de sexo
em noites claras de luar

Gigi Mocidade

www.personasarturianas.blogspot.com



Tropicalirismo


Girassóis pousando
nu teu corpo: festa
beija-flor seresta
poesia fosse
esse sol que emana
do teu fogo farto
lambuzando a uva de saliva doce

Artur Gomes Fulinaíma
in Couro Cru & Carne Viva – 1987

www.suorecioblogspot.com



atentado poético


mesmo se eu estivesse nu você nunca saberia quem eu sou muitas vezes ando trans/vestido com a espada de Ogum Beira Mar tenho o sal entranhado em minhas coxas e o veneno na língua como um poema/pomba que não é da paz um artefato anti/bélico que pode explodir neste instante enquanto você V(l)ER.

Federico Baudelaire

www.braziliricapereira.blogspot.com

 

poética 27


paixão é tudo
entre teu corpo e o poema
a faca desliza
amolada
entre a casca e a pele da fruta

quando sair para o banho
acenda a luz do abajour
aos pés da cama
e deixe que eu escreva nos lençóis
as palavras selvagens
que baudelaire nos ensinou

 

Artur Fulinaíma

www.arturfulinaima.blogspot.com



utópica


o veneno agrotóxico
corrói minha carne
meu sangue
meus ossos
meu sexo
agro é pop
agro é tudo

agro écorte
tá na globo
agro é crime
agro é morte

 

Cristina Bezerra

www.porrradalirica.blogspot.com

 

o instante em tua coisa já


esta noite
vou roubar tua boca
e falar por entre
teus dentes e língua
me apossar do teu silêncio
da tua alma
do teu corpo
antes do amanhecer
já te terei em mim
em cada músculo
ainda vivo
em cada poro
entre teus pelos
minha língua
os meus dentes
minhas unhas
nada ficará em teu corpo
que não seja eu
em cada coisa que o instante é
eu quero estar em tua coisa já

 

Pastor de Andrade

www.personasarturianas.blogspot.com




governantes de negócios


Aves de rapina
sobrevoam os céus
de Brazilírica
vender é grande jogo
dos governantes de negócio
não é metáfora metafísica
figura de lingaugem
e pura sacanagem
eles dão o golpe
na calada da noite
no romper da madrugada
vendem a coisa pública
porque gostam da privada

 

EuGênio Mallarmè

www.arturgumesfulinaima.blogspot.com



Fulinaíma MultiProjetos

www.centrodeartefulinaima.blogspot.com

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