BalburdianiaMente
Wally Salomão muito bem já me dizia: experimentar o experimental
- o brazyl é uma tragédia norte sul geral :
metaforicamente
braziliricamente
fulinaimicamente
sagarinicamente
balburdianaMente
verdadeiramente
o desmatamento no rio grande mata
em são paulo a PM por ordem do governador espanca estudantes na assembleia legislativa que se manifestavam contra a criação de escolas cívico-militares e os deputados neonazistas aprovam a lei para instaurar no estado essas escolas para uma ditadura escancarada
no rio de janeiro de forma cinicamente deslavada o TRE absolve a corrupção - diante disso só me resta uma sentença do Salgado Maranhão
(EuGênio Mallarmè)
As Flores Do Bem-Quer
leia mais no blog
Balbúrdia Poética Manifesto
diante da miséria
que assassina corações
Vampiro Goytacá
eu tenho muito mais que 25 mil palavras sem perguntas mais que 25 mil perguntas sem respostas eu tenho um presente às minhas custas um passado às minhas costas um futuro à minha frente muito mais que um instante no meu cérebro as mutações em pré-juízo judas o resto da cruz jesus cristo cortador de cana boi-pintadinho muito mais que além da mesa posta
uma minibio a partir de Suor & Cio
Artur Gomes é poeta, ator, videomaker e produtor cultural.
Tem diversos livros publicados,
entre eles : Suor & Cio - (MVPB Edições 1985
Couro Cru & Carne Viva – (1987)
20 Poemas Com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor de Campos – (Makondo Edições – 1990)
Conkretude Versus ConkrEções – 1994
CarNAvalha Gumes – 1995
BraziLírica Pereira : A Traição Das Metáforas (Alpharrábio Edições – 2000)
SagaraNAgens Fulinaímicas (Edições Du Bolso – 2015),
Juras Secretas (Editora Penalux, 2018)
O Poeta Enquanto Coisa (Editora Penalux – 2020 )
Pátria A(r)mada (Editora Desconcertos, 2019). Prêmio Oswald de Andrade – UBE-Rio – 2020
Pátria A(r)mada 2ª edição revista e ampliada – Desconcertos Editora (2022)
O Homem com A Flor Na Boca - Editora Penallux (2023)
Tem inédito:
Vampiro Goytacá/Canibal Tupiniquim e Da Nascente A Foz : Um Rio De Palavras (livro de memória)
Dirigiu a Oficina de Artes Cênicas do Instituto Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes-RJ de 1975 a 2002.
Em 1983, criou o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira, com 9 edições realizadas em diversas cidades do Estado Rio de Janeiro até o ano de 1992.
De 1986 a 1988 foi assessor, no Departamento Municipal de Cultura de Campos dos Goytacazes-RJ, onde trabalhou na criação da Casa de Cultura José Cândido de Carvalho – implantada no distrito de Goytacazes.
Em 1989 criou o Festival de Música de Primavera, cujas primeiras edições foram realizadas pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, na Arena do Parque Alberto Sampaio e coordenou o Encontro Nacional de Poesia Em Voz Alta.
Em 1993, idealizou o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira Mário de Andrade — 100 Anos — realizada pelo SESC São Paulo.
Em 1995 criou o Projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, executado pelo SESC-SP em várias unidades na capital e pelo Estado.
De 1996 a 2016 foi um dos poeta convidados para dirigir Oficinas e realizar performances no Congress0 Brasileiro de Poesia, em Bento Gonçalves-RS
Em 1996 foi um dos 50 Poetas selecionados para o Projeto Poesia 96, realizado pelo Departamento de Literatura da Secretaria Municipal de Cultura do Estado de São Paulo - SP
Em 1999 criou o FestCampos de Poesia Falada, realizado até 2019 pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, em Campos dos Goytacazes-RJ onde foi Diretor de Projetos Especiais de 1999 a 2004.
Em 2002 lançou o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia , com seus parceiros Dalton Freire, Luiz Ribeiro, Naiman e Reubes Pess.
De 2011 a 2014 dirigiu Oficina de Produção Cine.Vídeo no Sesc-Campos
Em 2012 foi um dos Artistas Brasileiros convidado para o Circuito Cultura Arte Entre Povos, realizados em cidades do Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais
Em 2013 fez Performance Poética e dirigiu Oficina de Produção Cine.Vídeo na 7ª Feira do Livro de São Luiz do Maranhão.
De 2014 a 2016 Dirigiu Oficinas de Artes Cênicas no Sesc-Campos com a montagens dos espetáculos: Nos Tempos da Fotonovela, Uma Noite De Natal, Waterkis-Selecione Água e A Nossa Casa É Um Teatro.
Em 2017 Dirigiu Oficina de Teatro Multilinguagens no SINASEFE, seção Campos
Em 2018 e 2019 lecionou Poéticas, no Curso Livre de Teatro em Campos dos Goytacazes, com a realização do espetáculo poético teatral: LeminskiArte da Palavra Em Cena.
Em 2018 lançou o livro Juras Secretas, fez performance e dirigiu Oficina no Festival Transe Poéticas, realizado no Museu Nacional de Brasília-DF
Em 2021 fez curadoria para a Mostra Cine e Vídeo De Poesia Falada. realizada pelo SESC Piracicaba-SP.
Integrou a Comissão Julgadora do Festival Cine Urutu, realizado pela Prefeitura de Pindamonhangaba-SP
Com seu videopoema Goytacá Boy é um dos poetas que integram a Mostra Virtual de Videopoemas do Projeto Bossa Criativa, Arte de Toda Gente, realizado pela FUNRTE Rio.
Em 2022 realizou 7 edições do Projeto – Semana de 22 – 100 Anos Depois – Revirando A Tropicália na Casa Criativa Santa Paciência em Campos dos Goytacazes-RJ
Em 2022 lançou o livro Pátria A(r)mada no Sesc Piracicaba-SP e realizou performances realizadas no Largo dos Pescadores
Em 2023 realizou oito edições do Sarau MultiLinguagens, realizado no Museu Histórico de Campos e no Palácio da Cultura, realização da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos dos Goytacazes-RJ
Em 2023 recebeu homenagem no Sarau Gente de Palavra, realizado na Livraria e Café Patuscada em São Paulo-SP, projeto coordenado pelos poetas/escritores: César Augusto de Carvalho e Rubens Jardim
Em março de 2024 realizou no Palácio da Cultura a primeira edição do Sarau Campos VeraCidade, realização da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima – Prefeitura de Campos dos Goytacazes-RJ
Atualmente é coordenador de cultura na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima em Campos dos Goytacazes-RJ
vampiro goytacá
canibal tupiniquim
poesia muito prosa
viagens metafóricas por realidades reinventadas
não vendo ilusões
diante da miséria
que assassina corações
"Nunca fomos catequizados fizemos foi carnaval".
Oswaldo de Andrade.
Nunca fomos colonizados, fizemos foi Balbúrdia anti-colonial.
Sady Bianchin
Ou a gente se Raoni
Ou a gente se Sting
Luis Turiba
uma cidade sem memória não é uma cidade
Federico Baudelaire
Campos precisa acordar para voltar a ser
Rúbia Querubim
tocar-te por dentro lentamente calmamente como quem morde a maçã na boca da serpente e uiva mastigando a carne como sobremesa
Artur Kabrunco
o gosto da tua carne não conheço não me deste o endereço
Federika Bezerra
transverso anjo avessso atravesso as artérias da cidade águas do paraíba emporcalhadas de esgotos
Irina Serafina
como poesia devoro para matar a fome quando oro o prazer tem outro nome
Artur Gomes
absinto impossível te sentir mais do que já sinto
Pastor de Andrade
cidade veraCidade nossas angústias penduradas nos varais
Federika Lispector
viva a lira do delírio antropofágica paulistana metendo a língua desbragada nos bordéis de copacabana
Lady Gumes
o delírio é a lira do poeta se o poeta não delira sua lira não concreta
Artur Fulinaíma
desde os tempos de moleque para descascar carne de manga faca facão canivete arma branca de pivete nos quintais da cacomanga
EuGênio Mallarmè
não tenho papas na língua nem pastor me come as coxas eu sou do mar da tempestade beira mar é quem lambe as minhas ostras
Gigi Mocidade
afro tupiniquim
que ainda
corre em minhas veias
sou a lama do mangue
a bio/diversidade
e
a genialidade desses traços
no lápis de Kevin Areas
arquitetura/poesia
enquanto arquitetos desenhistas desenhavam eu foto.grafava escrevia poesia muitas vezes a arquitetura do poema me vem em linhas fulinaímicas
sinuosas se em verso ou prosa não explico o que me importa é o ofício ao qual eu me dedico
por enquanto
vou te amar assim em segredo
como se o sagrado fosse
o maior dos pecados originais
e minha língua fosse
só furor dos canibais
veraCidade
por quê trancar as portas tentar proibir as entradas se já habito os teus cinco sentidos e as janelas estão escancaradas ? um beija flor risca no espaço algumas letras de um alfabeto grego signo de comunicação indecifrável eu tenho fome de terra e esse asfalto sob a sola dos meus pés agulha nos meus dedos quando piso na augusta o poema dá um tapa na cara da paulista flutuar na zona do perigo entre o real e o imaginário joão guimarães rosa caio prado martins fontes um bacanal de ruas tortas eu não sou flor que se cheire nem mofo de língua morta o correto deixei na cacomanga matagal onde nasci com os seus dentes de concreto são paulo é quem me devora selvagem devolvo a dentada na carne da rua aurora
balburdiar eis o verbo
ver pra crer
:
difícil de falar
ótimo de fazer
amor
balbúrdia gozosa
jorrando poesia
enquanto goza
fazer balbúrdia
jogo de cartas
sem baralho
:
dá prazer
mas dá trabalho
Balbúrdia PoÉtica
numa dessas noites boêmicas de dois mil e dezenove em bares ex-tintos da lapa na cia de sady bianchin fil buc e marcela giannini ouvimos do indesejado que dentro das universidades federais era uma tremenda balbúrdia mal sabia ele que sua fala chegaria aos ouvidos de quem não cala imediatamente como uma prova dos nove pensamos uma Balbúrdia PoÉtica a favor da ética
e contra todo aquele que nos provoca náuseas neo-nazistas que nos fazem mal e agora transformado em manifesto de resistência sócio política cultural contra todo e qualquer tipo
de bandidagem oficial
seja ela municipal estadual ou federal
serAfim 1 - artur gomes
um nome escrito no vento
não quero o sentido normal
da coisa como me aparenta
quero a realidade
exatamente como a gente
simplesmente inventa
nonada
ela me inspira me transpira me transborda estico a corda para alinhar o plumo no rumo certo do poema a seta no foco o poema em linha torta para entortar a linha reta
no concreto do abstrato
na argamassa do concreto
sou
vampiro bêbado de sangue
assassinei os alpharrábios
para inventar meu alphabeto
vamos comer mastigar chupar beber
devorar deglutir cuspir escrever xingar falar sobreviver sobrevoar os telhados de todos os fantasmas goytacá os ancestrais invadir os palácios de todos tupiniquins canibais mesmo que o templo esteja escuro não me mostre o que preciso não quero perder o meu juízo nos currais de assombradado tem um morcego nas cancelas principais vamos pichar nos muros : sem justiça não haverá paz
para Luiz Ribeiro in memória
no lado esquerdo
do peito
o direito não conforta
nem comporta a estrada
que preciso
nu poema
a porta
que se abre
à procura do inciso
31 janeiro 2010
era um domingo de sol rock and roll e poesia irina gozou comigo quando beijei santa teresa no parque das ruínas com uma bela imagem de cristo tatuada em nossas costas depois de uma noite de sonhos amanhecemos nas laranjeiras dentro do severina o famoso botequim
mais uma vez me beijou e ali no pé do ouvido me falou bem assim: - vamos pra saideira meu vampiro goytacá canibal tupiniquim - meu serafim –
a saideira foi itacoatiara itaipu engenho do mato dentro engenho de dentro fora quando penso que clara está vindo irina já foi embora
*
o barro de alguns barracos continuam entranhados na carne com seus nomes tapera cacomanga cupim queimado cambaíba ururaí olinda morro grande santa cruz quilombo lagamar guriri trago a poeira na sola dos meus pés o sangue das pessoas trouxe impregnados nas unhas vampiro goytacá canibal tupiniquim no branco do papel deponho a faca a foice navalha canivete já fui moleque pivete das esquinas dos bordéis da rua do vieira paraíso perdido joazeiro coqueirinho nas mallarmargens da br já fui do breque dos pandeiros das cuícas do couro cru na carne viva goytacá boy perdido na paulista roubei poemas do piva para vender nas lanchonetes mar a vista em bertioga e o coisa ruim do ademir continua na ponta da língua da memória quando criança brincava nos sonhos com cobras de pique esconde no porão da casa onde aprendi a enxergar clara/luz na escuridão quando
tem noites que a lua cheia me chega com sangue entre os dentes com aquele gosto de veneno escorrido das serpentes tem dias que as serpentes me chegam com gosto de lua cheia
a mulher dos sonhos me deixou de quatro a ver navios com pavio aceso essa palavra incendeia os poros pelos orifícios esse meu ofício de perfurar na carne o que não cabe in-verso nem por um segundo nem por um milímetro nesse acampamento logo depois da febre como marimbondo provo o teu veneno
quem me vê
assim
tão comportado
não sabe
o que se passa
aqui no centro
não sabe do vulcão
em erupção
nesse serTão
do mato dentro
a traição das metáforas
para juliana stefani
dandara ainda mora naquela beira de estrada com seu vestido amarelo no rio grande do sul mesmo que não esteja ainda a vejo atravessando a calçada saindo do carro azul abrindo o portão da casa de 7 portas douradas com mil garrafas de vinho psicografadas na sala por algum poeta dos pampas que escreveu por aquelas rampas o que testemunhou nos vinhedos quando italianos chegaram nas serras dos meus segredos
origem
sou afro-tupi guarani goitacá que subiu o paraíba para o litoral paulista nasci na cacomanga bicho do mato curupira carrapato sou campista não tiro onda de turista sou retalhos imortais do serAfim comigo é assim : nem fiado nem à vista
II
áfrica sim minha mãe de sangue cresci mamando do teu leite lambendo o sal da tua carne quente bebendo água suja no tanque sou fel pimenta azeite quem quiser que me aguente eu sou a lama do mangue
metáforas em linhas curvas
quando manhã canta e não chove lucia me fala das coxas de yve mergulhadas no pontal até a última sílaba do poema letras salgadas de mar embora mesmo que agora chova e a noite seja um relâmpago de estrelas sinto que nos falta um vagalume para alumiar a escuridão tantas vezes lamparina acesa no bar de neivaldo foram lâmpadas florescentes entre olhos famintos de luz no verão de 2010
minha escrita
grita
muitas vezes
invento
palavras soltas ao vento
a flor dos meus delírios
tem cheiro de poesia relâmpagos de iansã incêndio no meio dia netuno em polvorosa me disse em verso e prosa que ela vem com o frescor da maresia e eu serei o seu ogum anjo da guarda e companhia hoje mesmo distante essa preamar me incendeia ondas espumas explodem na areia tempestades trovoadas ventania e nem sei se estando perto calmaria
estação 353
para cecília in memória
eu planto
minha estação existe
a adubagem orgânica está completa
não sou negacionista nem sou triste
sou poeta
irmão das coisas da alegria
eu sinto o gozo no tormento
atravesso noites e dias - invento
eu sei que planto
e o sistema é bruto
mas a terra gira como pomba gira
amora minha eterna namorada
e amanhã eu sei colherei teus frutos
nessa minha estação amada
hoje me surgiu esta ideia:
estava lendo antonio cícero
e antonio carlos secchin
e ai pensei - ler ler ler ler re-ler
não escrever - parece-me brincadeira
aprendizado para vida inteira
do mim dentro de mim
o Eu dentro do Eu
o Não dentro do Sim
metáfora 1
suspenso no ar às vezes penso se devo pensar tanto como um poema de mayakówski ela um dia virá ao meu encontro e ressuscitará o poema que ontem não nasceu a vida não é só flores ela me disse clarice em cada coisa tem o instante em que ela é as vezes também penso ela não virá aí vou para praça jogar milho aos pombos ao jardim zoológico dar comida aos patos os meus sapatos já conhecem os anos de espera na última primavera os lírios não nasceram e as rosas eram só espinhos com minha língua na faca cortei a fala ainda na garganta e fui pra sala afiar o taco ela não sabe que o vinho que guardei pra ela é de uma safra especial de bacco
a menina da lanchonete hoje rói as unhas de ira pira quando quero o que ela pensa que é apenas bolero na praça são salvador com esse poema torto que te leva ao desconforto de pensar o que não sinto como ela vive sozinha entre pastéis e empadas sua vida é hora marcada de entrada e de saída não conhece uma outra vida por isso me olha estranha com uma sede faminta de comer meus olhos com palavras – quando te digo : não minta
hipotemusa 1
a menina da lanchonete
em frente a floricultura
são salvador
mexe na flor dos cabelos
dedos entre pelos
enquanto aguço os olhos
pensando mar de abrolhos
na terceira margem do rio
leio um poema no cio
grafitado em isopor
não sendo assim
que seja como for
hipotemusa 2
ela bagunça meus 7 sentidos
aguça lambuza
planta um punhado de brócolis
no pé do meu ouvido
me dá de beber mastruz com leite
de comer esphirra koreana
lhe chamo de sacana
ela me diz que é bacana
me fazer de pé de moleque
pra lamber meus sustenidos
hipotemusa 3
ela agora usa piercing no nariz
sem medo de ser feliz
joga capoeira no mercado
aprendeu dançar suing
não dá mole pra racista
nem pra patrão
que escraviza empregado
hipotemusa 4
essa garota me alucina não sabe ficar quieta com santa teresa no parque das ruínas tem mais de mil desejos um deles é quebrar meus óculos com sua fome de beijos tem mais de mil ofícios um deles é mapear o litoral das minhas costas pelas praias de são francisco essa garota é bárbara afrodite artemanha de iansã me banha com sua língua de vênus as terças-feiras de manhã
hipotemusa 5
quero botar no seu orkut um negócio sem vergonha um poema descarado já chegando fevereiro e meu rio de janeiro fica lindo mascarado
quero botar no seu e-mail um negócio por inteiro eu não sou zeca baleiro pra ficar cantando a mama que ainda tem medo do papa
meu negócio é só com a mina que me trampa quando trapa meu negócio é só com a mina que me canta ouvindo rappa
hipotemusa 6
vou encontrá-la no rio psiu poético sentidos todos plural um tanto cético nessa ponte para o nada - duvido que não exista alguma esperança nos olhos de uma criança disse-me a hipotemusa no amarelinho da lapa antes de atravessarmos para o ccjf com alguma poesia na manga do lado esquerdo do pulso rasgar o verbo da fome e entregar à cara a tapa
hipotemusa 7
hoje acordei com uma vontade da porra de trepar na goiabeira talvez assim quem sabe ela me chame de jesus e tire ele da cruz
ou quem sabe bacurau ou quem sabe bacuri para acabar com carkamanos
ou então até quem sabe ela me chame de exu cabra da peste do nordeste koreano
hipotemusa 8
pode ser que ela nem saiba o quanto o tanto o torto pode ser que ela me queira bem debaixo do vestido e me chegue como sempre me rasgando a roupa me lambendo a boca sem vergonha alguma e me pegue bem assim descabelado displicente distraído pra querer mais uma poesia pra entortar 7 sentidos
hipotemusa 9
ela me deu um beijo na boca e me disse carne seca me interessa assada na brasa como sua língua quente salivando entre meus dentes enquanto conto peixinhos na baia da guanabara na hora do gozo pode cuspir na minha cara essa gosma de lesma na calçada pedra faca trinca ferro na janela casa mal assombrada cosme velho coisinha de sal e o bruxo ainda escreve dentro dela
hipotemusa 10
quando alvoroçar os teus cabelos
quero outras coisas alvoroçadas
poros pelos entradas
maria padilha
pomba gira cigana
presente na trilha
de qualquer oxossi caçador
beatriz sua filha de santo
foi quem vi no espelho
da minha mesa de búzios
quando joguei para xangô
hipotemusa 11
fulinaimânica sagarínica
algumas vezes muito prosa
tantas vezes muito cínica
hipotemusa 12
foi em são carlos a última vez que fui encontrei alzira pira da pira de piracicaba incendiou minha carne devorou meu esqueleto o lance só acaba quando mergulhamos em são josé do rio preto era uma japinha que conheci em batatais depois da prova dos 9 deu adeus e nunca mais
hipotemusa 13
como ninfa estrangeira ontem me veio envolta de plumas em estado de poesia na baia da guanabara estudava antropologia pelas marinas do rio no sexo sempre quentinha feito uma gata selvagem gozando a vida no cio vestida em pele de algas despida nos desvarios lambeu o mel entre as coxas desapareceu no navio
hipotemusa 13
como ninfa estrangeira ontem me veio envolta de plumas em estado de poesia na baia da guanabara estudava antropologia pelas marinas do rio no sexo sempre quentinha feito uma gata selvagem gozando a vida no cio vestida em pele de algas despida nos desvarios lambeu o mel entre as coxas desapareceu no navio
hipotemusa 14
nem bem havia anoitecido no parque das ruínas teus olhos de lamparina tocaram a pedra do reino nas águas da guanabara coisa rara aquele peixe brilhante dentro daquela boca com seios de primavera e vinhos da santa ceia em tua língua muito louca
jura secreta 101
as orquídeas ainda são azuis
girassóis relâmpagos na chuva
na surpresa dentro a tempestade
dessa manhã que finda
pimenta tua boca em chamas
incendeia meus lençóis profana
essa linguagem como arco-íris
como fosse pulsação que arde
nas entranhas dessa luz de fogo
nos meus dentes mastigando a tarde
anoitece
quem nunca leu sagaranagens
não pode dizer que me conhece
hoje na michigan vi o cara de bunda pra lua tirando cocô de cachorro na calçada torta tonto na califórnia cachorros moram em apartamentos bem diferente lá no engenho de dentro os cães uivam na ferrovia não são lobos mas parecia o outro cara dando marretadas na laje na esquina da santo amaro estação corpo belo universo paralelo vida louca vida irina sorria enquanto beijava o sorvete trepada na padaria na outra esquina do dia rúbia querubim quase entuba enquanto volto pra munduba setenta e um guiado por federika a flor delírio de oxum
quando nasci torquato neto
veio ler a minha mão
tinha chegado de teresina
com uma garrafa de cajuína
e um livro na outra mão
e eis o que o anjo me disse
apertando a minha mão
com um poema entre os dentes
:
vá bicho!
não tenha medo do inferno
seja um poeta moderno
cheire as flores do mal
que a poesia de Baudelaire
vai te salvar no final
minha irina toda via
é travessa e atravessada
em transversas travessias
trepa sempre nas esquinas
contra o poder da tirania
no princípio era fábula depois veio o verbo logo depois a ficção e aí começou a invenção bem depois das sagaranagens antes fulinaimargens depois das fulinaimânicas atrás das fulinaímicas nem circo nem tarde de mímica apenas alguma paisagem na janela da viagem quando lia o lado b me transmutando em alquimia
a selva de concreto fala pelos seus poros ela veio de outra mata virgem agora devorada pelos dentes da cidade irina evapora não chora mamãe não chora a vida é assim mesmo inda não fui embora
onde tudo é carnaval
minha madrinha se chamava cecília nunca soube onde minha mãe a conheceu por muitos anos morou na rua sacramento ao lado do colégio estadual nilo peçanha primeiro endereço que conheci nesta cidade antes de estudar no grupo escolar xv de novembro de onde muitas vezes assisti desfilar a mocidade louca ao lado do meu padrinho benedito que inventou deixa que eu chuto meu guardião absoluto
entre muros e paredes do presídio federal de brazilírica macabea foi jantada pelo pastor de andrade no carnaval da mocidade tem memórias por lá adormecidas que ninguém ousa contar a hipocrisia varreu daquele território a rebeldia marca registrada de um tempo que não podemos apagar trago nas nervuras entre a carne e os ossos marcas de explosões da caldeira na tipografia das letras onde tentaram me domesticar
mas sou vampiro goytacá
endiabrado serAfim
sou canibal tupiniquim
meus 7 sentidos
fulinaíma me veio no vento um instrumento invento para acrescentar a minha escrita para escancarar a minha fala percorria a bandeirantes quando me dirigia para campinas com oficina de artifícios e não sei em que ofício a pedra do rock rola a pedra do vento voa depois de um instante qualquer que seja o estalo nos meus 7 sentidos já perdi a conta do tanto faz então pra mim tanto fez o faz de contas que me quiseram impor sem ao menos saber se quero o tempo ajusto as pedras que rolam meu calcanhar é testemunha em toda veracidade verdade deve ser dita em qualquer tralha da cidade porque bem sei por quantas trilhas já trilhei para chegar até aqui
afora em mim grafitemas nenhuma figuralidade frutas legumes verduras quem cala a fala consente houve um tempo que a dita/dura calou a fala da gente grafito em tua carne de pedra medusa de sete patas poema de sete cabeças miragens do amor que enlouqueça apóstolos na santa ceia miró brincando de circo com os olhos na lua cheia
jura secreta 102
a carne que me cobre é fraca
a língua que me fala é faca
o olho que me olha vaca
alfa me querendo beta
juro que não sou poeta
a ninfa que me ímã quando arquiteta
o salto da abelha quando mel em flor
pulsa pulsa pulsa pulsa
na matéria negra cor
quando a pele que te veste é nada
éter pluma seda pelo
quando custa estar em arcozelo
desatar a lã dos fios do novelo
no sol de amsterdã desvendar hollandas
e os mistérios da palavra por entre o nó dos cotovelos
meus dedos esticados
como cordas de pianos
roçam teus olhos azuis
eu tenho planos
de te tocar com blues
o poeta é um fingidor
chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil ainda sangra
enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas
me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou fernando pessoa
qual lamparina me ilumina
e por onde andará macunaíma?
sombras na parede as vezes me invocam falas delírios outros nem precisa tapa na pantera muitas vezes uma doze de conhac basta como quando editávamos o curta tropicalirismo jiddu me colocou na mala da fama foquei lá e até hoje não achei outro endereço minha cama tem colchão de palha e a tua tem lençóis que não conheço
quem diria
filho de lavrador
e mãe analfabeta
um dia no brasil
ser chamado de poeta
ainda existe uma mulher
que me distorce o crâneo
me disseca e me atraca
quando chego ao cais
com esse barco em movimento
essa carcaça de lâminas e ossos
um mulher que me estica o plumo
e me satisfaz
me enrola em desenredos
e me deixa arame farpado
a ponto de me sangrar os dedos
vampiro lobisomem
tenho frequentado os telhados junto aos fantasmas da planície visitado os territórios lamacentos da cidade em cambaíba por exemplo espreito os fornos crematórios de um passado inda recente voltei aos braços dos desamparados indigentes da contra mão os que foram trucidados por gritarem contra ditadura escravidão
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
no improviso do repente
do som dessa palavra
nasce uma outra palavra
fulinaimicamente
muitas vezes
descrevo minha musa
num poema menos lírico
mais intenso
mais irônico menos penso
muitas vezes
quero estar em alfa
mas estando em beta
a massa do abstrato
na argamassa do concreto
minha musa é linha curva
não poema em linha reta
teatro do absurdo
no próximo dia seis vou me despir de vez rasgar os p(l)anos no próximo dia seis no parque desengano plantar amoras pedra bonita – metáforas para os olhos de quem não vê isa bela acha bonito tudo aquilo que não falo no próximo dia seis desmontar o circo no universo paralelo montar pirandello beckett ionesco artaud fernando arrabal no próximo dia seis vou me despir pro carnaval
resumo
ela tinha as mãos tão suaves que tocavam-se como quem tem a pele sob a chuva de setembro eu procurava colher maçãs no horto de santa maria madalena olhava a montanha e lembrava-me de selvagem que fui aos olhos dela enquanto ainda vivia na tapera o meu cavalo deixava na porta da cidade escrevi sobre isso no poema quando o tempo rasgou meu corpo na calçada e trouxe-me folhas de papel em branco.
irina agora também é modelo dessas pinturas clássicas que a gente não sabe qual foi o pincel usado pelo pintor
a travessia vou fazendo
no inverso
entre os lábios da tua boca
e as letras do teu inverso
além de tudo meu olho foca
meu olho toca meu olho vê
tudo aquilo que você não lê
quieta aqui nessa solidão capixaba quantas vezes me vem em sonhos ou alucinações contemporâneas tudo o que não fui eu não era a bruna beber muito menos débora seco mas ele gostava até queria que fosse assim como biúte me chamava de vários nomes ao mesmo tempo aquela profusão de palavras como inseto em volta da lâmpada e os cálices nos lençóis de algodão as vezes linho para atiçar nossa luxúria com a contribuição da enel que nos deixava quase sempre no escuro na guarapari do espírito santo uma noite ele passou o tempo todo lendo pagu no meu ouvido e macabea não se conforma por ter sido deixada de lado nas artes cínicas do presídio federal de brazilírica trafega com seus fantasmas pelos corredores falando para o vento que entra pelos buracos das fechaduras
nasci no dia nacional do samba talvez por isso aos 15 entrei para mocidade independente de padre olivácio – a escola de samba oculta no inconsciente coletivo instituição criada pelo intrépido artur gomes uma filial da igreja universal do reino de zeus pastor de andrade o antropófago não anda muito satisfeito com meu comportamento a frente da bateria da escola mas como sou capixaba e não amo capixaba e a única coisa de capixaba que gosto é a torta e o quibe de peixe amor com capixaba não faço já disse isso milhão de vezes mas faço amor não faço guerra e quem quiser que me queira por essa terra inteira
não conheço
mas é como
se conhecesse
disse-me ontem
a psicóloga
antes que
amanhecesse
depois de uma noite
de trégua
depois de passar a régua
na direção dos caminhos
os olhos da janela
me espreitam
enquanto devoro
este poema
salgado de sol
sede
eu tenho sede de água
eu tenho sede de mar
girassol nos meus cabelos
espuma de sal esperma e pelos
por onde eu possa delirar
eu tenho sede de sexo
em noites claras de luar
se eu não beber teus olhos
não serei eu nem mais ninguém
quando beijar teus lábios
desço garganta mais além
quando tocar teu íntimo
onde o desejo é mais intenso
jura secreta não penso
bebo em teus seios também
a flor da tua pele
me provoca
me toca
e não sei o que fazer
me perco nas esquinas
do teu corpo
em noites de lua nova
como uma prova de física
que eu nunca soube resolver
espírito santo
guarapari aqui estou
aqui me encontro
em estado de espírito santo
nesse mar azul e branco
como as cores da portela
o rio já passou em minha vida
nas marés de um serafim
mar é o que me fica
como o deus que me habita
sem princípio meio ou fim
musa
que é musa
não tem vergonha de nada
escancara a cara no espelho
se desnuda pra fotografia
teu corpo camisa de vênus
a flor da pele irradia
rasgando a camisa de força
tua carne só poesia
mulher de nuvens
para micaela albertini
fosse eu uma mulher de nuvens
não estaria aqui presa
a este mar nas marés suor ou cio
passaria com o vento
sem deixar rastros vestígios
pegadas
voaria sobre estradas
sem destino cais ou porto
viajar mesmo sem nenhum conforto
ou calmaria nas partidas
ventania nas chegadas
o belo me excita quando vem assim seminua não importa o sexo gênero cor na imagem que me traga essa leveza de estar como pluma levitando sobre o poder da gravidade não importa o nome ou o tipo de sangue que circula pelas veias nem o sal do suor escorrendo pela pele enquanto aqui teço homenagem ao eros que me come
metáfora por metáfora
se ele pensa também penso mas não compenso carência de ninguém e vou além do outro lado do cerne tudo o que está dentro ou fora do corpo o que vai e vem na hora do sexo se não me agrada meto a faca corto metáfora por metáfora o músculo/pênis que não me deflora
serAfim 3 - federico baudelaire o mestre sala dos mares
meu abraço pra brasilha a minha ilha de creta a catedral dos desamores essa estranha cidade secreta onde o fascismo e seus louvores um belo dia se instalou vai ser preciso muito amor vai ser preciso muito sexo vai ser preciso muita luta chutar o balde convidar as putas para cantar em alvoradas muitas vezes no congresso muitas vezes na papuda quem sabe um dia a coisa muda quem sabe um dia essa pátria se desnuda e se solte então dessa corrente com as mãos jorrando outras sementes no carnaval de salvador
irina serafina
nem minha
nem tua
toda dela semi-nua
escrevo
como quem
pesca uma piaba
no rio ururai
vou por aí
de itabirina
a iriri
se não cansar
cato conchinhas
de anchieta
a quipari
você ainda não conhece tudo que um dia bem-te-vi no pontal de atafona no portal do imalaia ou na lagoa grussaí
você está se aproveitando da nossa situação e está de olho na minha mulher não vai colar porque gigi federika lady rúbia eugênia agora é minha quem mora com ela em iriri do espírito santo sou eu pode tirar seu cavalinho da chuva seu tempo de guarapari passou se não é capixaba que se dane quero mais que o quiabo voz carregue porque sua banda de reggae aqui não toca aqui não é freguesia do ó e você nem conhece quibe de peixe pra ficar jogando isca no meu quintal de areia sua sereia já morreu faz tempo o templo agora é outro pastor de andrade me deu a chave de entrada da cancela principal gado aqui não entra e o bom cabrito vai berrar do lado de fora dos telhados assombradado ficou ali na outra esquina no casarão dos fariseus essas coxas de meninas que vai lamber sou eu
só quem sabe do riscado
entende o seu ofício
procura palavra nua
toda viva toda crua
o resto que se foda
quero toda palavra toda
toda bruta toda puta
na artimanha do concreto
no abstrato do ereto
*
para rúbia querubim
a pétala da flor deságua sobre a flor da tua pele nas águas salgadas desse mar nas correntezas desse rio eu bebo tudo que revele cada gota dessa água na leveza do teu cio sob os lençóis da tua cama acenderei os teus pavios
alfândega
em santa cruz de la sierra
o poema e o anjo torto
se beijam num copo de vodka
com pimenta boliviana
e traçam mayara cigana
que me deixou no desconforto
A
travessia no inverso do meu tempo sem lenço sem documento janelas abertas ao vento
o poema freudelérico
não tem nada de pessoa
na vitrola rola um demônios da garoa
e o poema mete a língua
no avesso da linguagem
rasga os tecidos da mortalha
assombrado com o verbo desemprego
afia ainda mais a carnavalha
com sua faca de dois gumes
no descompasso do desassossego
bolivariando 2
eu sempre andei no encalço dos olhos de carolina na fantasia dos meus passos
tem confete/serpentina onde o profano e o sagrado em puerto viejo cavajarro se encontram em outro tom a cigana boliviana com seus olhos de pimenta com suas pimentas nos olhos me levou para lá da sierra de santa cruz da bolívia onde se masca folhas de coca antes do coito das cinco sem chá sem torrada e cerveja muito menos o sexo ali é na porrada(verdade não invento) com fogos de artifícios botando fogo em carnaval
no serTão do mato dentro
poética 43
a percepção acho que é um dom uma descoberta um pássaro que pousa em nossa cabeça e nos atira aos fios elétricos do corpo liberdade vem de dentro do motor dos músculos os ponteiros que só se movem quando querem o repouso absoluto é uma forma de silêncio não vejo muita graça em ser sozinho solidão as vezes faz bem noutras assusta mas se tenho um amor que ainda não me diz abertamente do diamante que mora dentro dele toco - a música dela tem itálias e palavrões as vezes quando me pergunto onde vou nem sempre tenho respostas aliás respostas é o que menos tenho encontrado para as 25 mil perguntas paradas no ar o rascunho dos meus primeiros dias ficou esquecido numa tipografia do tempo emoldurado na tinta que mudou de cor
poétttica
imburi – essa palavra estranha
só existe em são francisco
e me arrisco
a pensar que seja engano
o biscoito de polvilho
farinha branca no trilho
morreu mais um – menos nada
a tapioca na telha
e o sol sumiu na estrada
pedra dourada
amo a pedra
onde ela mora
estive lá
já vim embora
assim sozinho
mas é como se essa pedra
estivesse ainda em meu caminho
pérola dourada
houve um tempo numa primavera passada conheci pérola dourada numa pedra onde o tempo agora é saudade por toda pele grafia na minha íris/retina trouxe a pérola dourada na menina dos meus olhos olhando os olhos da menina em cada pedra que havia
no hotel amazonas - galvez o imperador do acre hospedou-se em sua passagem por campos dos goytacazes em direção a vitória do espírito santo e deixou por aqui o vampiro goytacá que mora neste hotel até hoje e passa as madrugadas na janela do quarto olhando o pátio interno tentando reencontrar o seu amor nina aroeira vestida de benta pereira nos cavalos do imperador muitas vezes vi lágrimas descendo dos seus olhos e as mãos apontadas para o telhado do outro lado do corredor enquanto rezava para santo antônio se espantou com alguns passos nos corredores da linda flor florlisbella dos passos então conquistou
princesa morta
dorme a princesa encantada
no portal dos desenredos
na bruma das madrugadas
evoé - Eros meus dedos
tocando o vinho na língua
da saliva em tua boca
ó princesa adormecida
que vens na pele da pedra
quantos anos quantas Eras
tivemos nesse abandono
por estações de primaveras
sem chegadas só partidas
nas luas de tanta espera
nas marés das despedidas
na carne o sal das promessas
silêncio o som das feridas
ó princesa adormecida
enquanto guardas na flor da carne
dos teus lábios indefesos
sorrisos palavras mágicas
ou só meus poemas presos
o que imanta teus olhos
que ímã me tens me tesa
me armas com tuas entradas
de tantas delicadezas
elétrico me põe na fala
faíscas de um tempo aceso
no mito a chave da porta
a corda que o plumo estica
no mito a princesa morta
no poema viva fica
Federico Baudelaire
https://fulinaimagemfreudelerico.blogspot.com/
serAfim 4 - gigi mocidade rainha da bateriaum dia desses
quero ser sérgio sampaio
porque hoje tô de bode
na cabeça um para raio
tô comigo ninguém pode
soltando bichos no porão
tô faísca tô kabrunco
tô um relâmpago lamparão
a vida não basta
se me bastasse seria outra
clarice quem sabe
beatriz que fosse
fruta que gosto de comer
antropofagia canibal
pronta pro bacanal
filha que sou deste país
de fevereiro
onde todo ano é carnaval
e a vida do meu pai
se foi em sangue
uma bala no estômago
e uma manchete de jornal
por mais paradoxal
voragem
para ferreira gullar - in memória
não sou casta
e sei o quanto custa
me jogar as quantas
quando vejo tantas
que não tem coragem
presa a covardia
eu sou voragem
dentro da noite veloz
e na vertigem do dia
acho que meus queridos estão todos pirados esses últimos anos de pandemia deve ter afetado as ondas elétricas dos múltiplos cerebelos os fios dos cabelos enferrujados de sal e maresia lá nos anos 90 uilcon serafim me alertava sobre essa onda magnética que se espalharia pelo planeta nos currais nos palácios nas bodegas ademar cardoso também em jardel ricardo pereira lima márcio coelho gabriel de lapuente antes até dos 80 no by brazil do black river de registro a batatais enquanto dalila do abc continua pilotando os alpharrábios zhôo muito zen pensava que tudo seria nuvem passageira enquanto césar conversando com raul já me dizia que a lucidez mora ali do outro lado esquerdo de assombradado enquanto rubens jardim só quer saber das mulheres com poesia cada uma em seu quadrado
geleia é um personagem misterioso meio dionisíaco que vivia nos porões do studio 52 lá pelos idos de 1987 nem sei quando onde como nasceu vivia aprontando com o seu projeto de psicanálise popular com um divã em cada esquina na primeira festa das bacantes nos altos da catedral quando pensávamos ser eunuco devorou a santíssima trindade dela hoje só resta rúbia querubim e um sacrossanto serafim que despachou federika para os corais do recife nas marés de pernambuco
vez em quando geleia passeia pela igreja universal do reino de zeus para tirar um sarro com seu pastor de andrade na missa pagã do sétimo dia coloca os dedos e a hóstia na língua das ovelhinhas para a encenação do ciúme nos olhos da sacristia em tudo que é sagrado pra ele não tem segredo os cinismos da hipocrisia em suas juras secretas decreta estado de sítio em estado de poesia
com o amor trincando os dentes
parece até que eu não sabia
que ela fugiria da raia
golpe com rabo de arraia
deixa qualquer uma tonta
ela não estava pronta
se encontrava semi nua
sem coragem de despir o resto
sem coragem de encarar a cama
amarrou-se nas correntes
sem coragem de escancarar a porta
fechou-se então nas janelas
com o amor trincando os dentes
anti/lírica
um poema bashô aqui
nas 7 paredes do corpo
nos 4 cantos da casa
instigante satírico sarcástico
e ao mesmo tempo
esse ácido lirismo
é como um anjo
de belas brancas asas
que me toma arrasta domina arrasa
poética 86
teu silêncio
pedra na garganta
saliva seca
nessa língua faca
por quê não canta
a dor de cotovelo?
derruba essa parede
que te cerca
desamarra essa corda
que te enforca
rasga essa mortalha
que te mata
penso em vão não escrever certa vez comecei um poema com vírgula as curvas dos seios no branco do papel o caminho entre tecidos sob a pele para o túnel onde não passam automóveis a vírgula não é ponto apenas um sinal no início do poema que não precisa ter ponto final apenas curvas em direção a outras curvas para encontrar as outras vírgulas no início do poema
diante do espelho sou
e sempre serei outra
agora o que não sou
fica do outro lado de fora
a lâmina acesa a brasa
o sal do suor do cio
o mar entre minhas coxas
e mangue entre minhas pernas
os caranguejos que me invadem
sempre que me olham
hoje vou comer coxinhas na santa ceia paulistana vou comer fiado vou comer de graça
coxinha só se paga a prazo a perder de vista na pia no banheiro no telhado na cozinha coxinha se come aos montes nas ruas nas praças nos palácios nas garagens coxinha é massa de manobra amassada com trigo com farinha
carne que se presta pra usar comer e jogar na lata de lixo
coxinha não é gente
coxinha é pior que bicho
linguagem
abraço este poema
como se beijasse meu poeta
com suas linhas tortas
em meu corpo tatuado
teu nome e sobrenome
como um gozo ardente
tua língua ativa
me lambendo quente
e todo líquido escorrendo
por entre o vão dos dentes
toda nudez não será castigada
estou nua em pelo
disfarçando o pesadelo
para olhar do alto
o palácio do assalto
e seus metralhas
minha língua é faca
não é palha
é palavra pronta
pra cortar a carne
como fio de navalha
onde houver canalha
toco fogo dentro
pecadora confesso
estando toda no cio
no corpo querendo tudo
minha mãe que me descreve
já me conhece do parto
eu sou vadia e não te iludo
eu tenho as veia abertas
um furacão entre as coxas
um vulcão no ventre/útero
mas só um homem me come
desde a minha tenra idade
nas ostras cravei meu nome
eu sou gigi mocidade
a tentação sou eu
deito pra lua
só ela p(h)ode como eu quero
penetrar-me com sua luz de fogo
me deleitar com seu leite
eu quero a lua cheia
que me entre o mar das cochas
e me engravide com seu manto
e que não fique algum quebranto
o mal olhado o olho gordo
que me lave com seu líquido
e me leve até são jorge
montado em seu cavalo branco
o rei está Nu
a rainha também
o palácio dava para
os fundos
do submundo
onde morava
a loucura tântrica
em suas garras semânticas
como física quântica
ela gozava solitária
no anoitecer de todo dia
não gosto do que não gosto
gostar é um desejo intrínseco
e complexo
quase morro de ciúmes
quando dão em cima do meu amor
sou mulher de um homem só
não consigo gostar de outro
já são 10 anos entre
carne e unha
sou capixaba
não sou baiana nem mineira
e Rio das Ostras Cabo Frio
não me oferece nada
que procuro - o Campus
é um tédio - uma treva
cidade fantasma é pouco
me sinto nos 100 Anos de Solidão
nem Macondo era tão deserta
e sei que o meu amor está
em Campos cercado de mulheres
há tempos não vem aqui
e aperta um baseado comigo
e baseada nisso
até me desespero
nem o mar me tranquiliza
nem a brisa
fico tonta fico nua
bebo algumas cervejas
noite a dentro e até uivo pra lua
homens daqui são como pipas avoadas
cortadas pelo cerol de outras linhas
e não servem pra mais nada.
Gigi Mocidade
www.porradalirica.blogspot.com
desconcerto
o poeta é um jogador
joga com palavras
letra por letra
sílaba por sílaba
com nomes sobrenomes
universo das coisas
artifício das cores
tira um sarro com metáforas
desconcerta a lírica
a métrica a fonética
e os significados
onde não tem sentido
enfeitiça o sub-mundo
enaltece o desdentado
espelho
flechas que sangraram oxóssi
em meu peito quebro
espelho do outro lado
da rua mato a fera
ogum me deu a lança
tua fúria não me alcança
não ando só yansã
me leva em sua ventania
trovão estampido coice elétrico
tenho o reflexo do fluxo
do sangue que me embala
bala na veia tiro de letra
não tenho trava não tenho treta
branca ou preta eu traço o tempo
ao sabor do vento que vem
ao sabor do vento que vai
onda do mar eu tenho o sal
e quero sol a solidão não pega
de surpresa nunca fui presa
fácil pra tua armadilha
eu tenho a trilha que os teus pés
jamais irão pisar
não tenho certeza que isto é um país ando por recife entre pedras como quem vomita um planalto dentro do palácio grafito a porra no muro tenho vontade de explodir este barril de pólvora esta é a palavra que não basta eu trovoada relâmpago ventania temporal elevada a múltipla potencialidade dessa miséria quântica
nessa imoral brasilidade
o dia que eu estiver vestida
não me toque
deixe que eu troque
o sentido para o truque
na armadura de ogum
a trama pro desejo
que não dou a qualquer um
desassossego
o meu amor não tem sossego
morde lambe chupa come
teu corpo que ainda não conheço
tua carne - nem se quer tem endereço
o meu amor não tem apego
agarra larga prende solta
atira ampara - é cachoeira
escorre como trovoada
iansã em tempestade
o meu amor é livre e limpo
quando a alma está lavada
desejo sexo amor paixão
fantasia
aos olhos de wermmer
tudo é possível crer
até em quem não cria
diante do espelho fico zen
chamo zeca baleiro de meu bem
canto a mama canto o papa
canto o negão do rappa
canto até quem não conheço
e não preciso de endereço
pra mandar cartão postal
canto a mina da esquina
que se chama lys cabral
lys não a de fando nem do bando do rancho da carmélia passeava certa noite em itapoã de bunda pra lua ouviu o canto da sereia se despiu de toda amélia foi me procurar na federal na ciranda do boi cósmico não ouviu seu pai de santo queria me dar por todo canto até mesmo na plateia mas voltou pro morro de são paulo para espanto da geleia
translúcida
levanta natureza morta você não é cubism0 de picasso nem surrealismo de dali diante os cabelos de aço de frida calo muitas vezes vejo muitas coisas ao mesmo tempo na fotografia dou um corte no pensamento para que o vento me traga o norte levanta pássaro sem sorte o passo em falso o cadafalso predestinada a sina
em sua morte
subversiva 1 - 15 – outubro - 2022
eu não sou santa nem casta a vida é bruta e não me basta vou a luta uma quadrilha de filhos da puta tomou o congresso de assalto o lugar deles é a lata de lixo de onde nunca deveriam ter saído vamos enxotar essa putada varrer do mapa esses canalhas nem que seja a golpe de gilete a fios de navalhas se é esse o jeito ou única saída subverter a ordem o voto acelerar o ritmo da libertação a arte é arma e não temos tempo de temer a morte arte é intervenção da massa armemos o povo para o povo entender e aprender a ocupar - democracia é palavra gasta - ferreia gullar já nos dizia “a arte existe porque a vida não basta” - se a massa está inerte renascer oswald para fermentá-la vamos fomentá-la com fermento dos biscoitos finos antes do anoitecer - “quem sabe faz a hora não espera acontecer” - vamos a hora é essa eu tenho pressa não temos tempo pra espera o trem das onze está partindo e quem perder já era
a cara a tapa
tenho minha arma na língua
não nas coxas
veneno na saliva
só a cara é de anjo
o sal da ilha de creta
a pedra da boa viagem
tenho na bagagem
faca estilete canivete
afiada malandragem carnavalha
de moleque para raspar pentelhos
rasgar bandeiras dessas cara/velas
da milenar tropicanalha
mitológica
fosse afrodite ou fosse vênus
mariana fosse quanto
a flor sagrada de lótus
secreto o espírito santo
os girassóis entre os cabelos
nos lábios lírios do campo
carnívora
o amor é feito de corpos
o amor é feito de membros
o amor é feito de meses
janeiro fevereiro março
todos os dias acordo e me lembro
o amor é feito de abril
maio junho julho
o amor é feito de agosto
setembro outubro novembro
o amor é feito dezembro
o amor é feito de anos
o amor é feito de agora
horas minutos segundos
é razão de estar no mundo
o amor se faz toda hora
serAfim 6 - artur kabrunco garrutio lamparão
operação de risco
aqui assumo o kabrunco como sobrenome de um desses 12 apóstolos de zeus nessa profana e canibalesca santa ceia para provocar os lobisomens assombrados espalhados pelos telhados dos laranjais de são francisco
arte manha
depois de ler o mapa da tribo como um tigre incendiado me visto agora com a flor da pele de salgado maranhão nem sei se wally sabia dessa arte manha Salomão não posso dizer o que o poema espreita nestas tardes de brazilha o sol o céu em quantas bocas tudo que é meu está guardado em tudo o que eu criei e o que ainda está pra ser criado e depois do que for re inventado na cor da pele um serAfim res-guardarei como uma onça em pantanal quem sabe até flor do cerrado mandacaru brotando em mim
talvez não tenha lógica o que escrevo minha escrita grita do inconsciente coletivo vivo re-par-ti-do em três em quatro em cinco em seis em sete quem não conhece não se mete
em tudo aquilo que excita
salve meus erês meus eguns meus xangôs e meus exus salve meus oguns meus oxossis omulus salve iemanjás oxuns e iansãs todas as manhãs que ainda ardem minhas mordidas nas maçãs das coxas de nanãs
irreverência ou morte disse gigi mocidade pra federico baudelaire homem com flor na boca mestre/sala dos mares mocidade independente de padre olivácio escola de samba oculta no inconsciente coletivo não fujo do perigo no asfalto o beijo sujo é preciso estar atento e forte não temos tempo de temer a morte disse-me caetano na canção tropicalista o genocida anda solto não podemos nos perder de vista
tenho andado vermelho de sangue caranguejos explodem no mangue boca da barra guaxindiba gargaú balas pipocas nos becos na corda bamba do hemisfério sul tenho andado nas tralhas das trilhas vendo fantasmas nos telhados e o caroço desse angu nas entrelinhas dos tratados com cascavel surucucu quem foi que disse que essa terra é santa ? quem foi que disse que isso aqui é ilha? só pode ser filha da outra a que pariu o boi zebu
linguagem
o que vai
de um lado da ponte
a outra
é o que sai da boca
o que entra é a língua
a que entorta
beija sem pedir licença
chupa morde goza
na entrada e na saída
sem ter adeus na despedida
a traição das metáforas
durante a viagem olhava a paisagem através da janela árvores montanhas casas abandonadas gado bovino ferro velho onde foi que não estive neste país mal assombrado tenho a leve sensação que o outono nunca vai chegar o patriarca nem vem vindo e um morcego continua na porta principal na entrada da cidade minha avó xingava quando fugia do curral e minha mãe nunca mais me esperou desde o dia em que me fui embora e o 02 não é apenas um traficante de joias no lado b da nossa história
a paisagem vista durante a viagem na janela mexeu com as minhas unhas sujas de lorca nem era nova granada de espanha nem canção de milton nascimento ouvia caetano cantando - " o haiti é aqui' - com sua língua pontiaguda e pensava o dia que o genocida vai me olhar com seus olhos ensandecidos detrás das grades na papuda
se eu não fosse macunaíma
fulinaíma também não seria
por qualquer coisa que fosse
poeta não caberia
mesmo se filho eu fosse
de uma nossa senhora
ou de uma santa maria
afilhado de grande otelo
neto da romaria
e quando ao mundo eu viesse
em outro lugar não podia
tinha que ser cacomanga
onde EU então nasceria
poema atávico
e se a gente se amasse uma vez só a tarde ainda arde primavera tanta nesse outubro quanto de manhãs tão cinzas nesse momento em bento gonçalves mauri menegotto termina de lapidar mais uma pedra tem seus olhos no brilho da escultura confesso tenho andado meio triste na geografia da distância esse poema atávico tem a cor da tua pele a carne sob os lençóis onde meus dedos ainda não nasceram algum deus anda me pregando peças num lance de dados mallarmaicos comovido ainda te procuro em palavras aramaicas e a pele dos meus olhos anda perdida em teu vestido
para gigi mocidade
procuro uma menina
que seja assim quase criança
que seja assim quase mulher
procuro uma menina
que saiba bem a diferença
entre o mal e o bem-me-quer
que saiba bem a flor que cheira
pra desfolhar o mal-me-quer
sabendo tudo brincadeira
saiba beijar o que ela quer
saiba que o beijo é um desejo
que nasce da flor quando mulher
saiba que o desejo quando beijo
não é por amor qualquer
miles davis fisgou na agulha
oscar no foco de palavra
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
eros
tua blusa de seda
entre meus dentes
o nó se desfez depois do vinho
sob as folhas dos parreirais
vale - os vinhedos
quantas vezes eros
eletrizou os nossos dedos?
escridura
esse poema absurdo
direto no ouvido do surdo
escridura nos olhos dela
ela bem sabe o que desejo
ela bem sabe o que espero
tem canivete no sangue
tem um alfinete entre dentes
a faca que corta a navalha
sangrou as tripas no ventre
o beijo quando for que seja
de língua mordendo a carne quente
algaravia
eu sou o vento que remove teus cabelos e repousa em tua face a outra face do que sente mas não vê a palavra que um dia escreverá – algaravia na películas da memória na ficção que entender come poesia menina come poesia pois não há mais metafísica no mundo do que comer poesia
come poesia menina come poesia não há mais metafísica no mundo do que comer poesia come poema menina come poema temos delicados drops de anis ou chocolate de café para festejar leila diniz temos as líricas tímidas românticas abstratas metafóricas atrevidas temos os chuviscos bomucados maria mole rapadura temos também as ácidas viscerais eróticas concretas sensuais as que não livram a cara do fascismo e dão porrada em ditadura
embriague-se
já me dizia charles baudelaire
hoje estou em estado de vinho
só venha comigo quem flor
acaso bem-me-quer
suspenso no Ar não penso
atravesso
o portão da tua casa
o corpo em fogo
a carne em brasa
tudo arde nas cinzas das horas
no silêncio da tarde
vou entrando sem alarde
sem comício como o pássaro
que acaba de cantar
em pleno hospício
se me perguntam
respondo
:
não tenho a mínima ilusão pelo futuro dessa cidade veracidade
mas não me entrego
sou curisco kabrunco capeta
candeias
ainda tenho muitos poemas de brecht
pulsando em minha veias
pedra pássaro poema
era uma vez um mangue e por onde andará macunaíma na sua carne no seu sangue na medula no seu osso será que ainda existe algum vestígio de macunaíma na veia do seu pescoço? na teoria dos mistérios dos impérios dos passados nas covas dos cemitérios desse brasil desossado? macunaíma não me engana bebeu água do paraíba nos porões dos satanazes está nos corpos incinerados na usina de cambaíba em campos dos goytacazes macunaíma não me engana está nas carcaças desovadas na praia de manguinhos em
são francisco do itabapoana
leandra andra como quem escapa da cilada de uma palavra acesa e eu kabrunco acendo a lamparina para iluminar a encruzilhada ainda hoje os dentes mordem a lavra da palavra quando ele se despe atrás da porta para ter sua carne devorada no poema sem nenhum pudor ou receio de problemas
cidade veracidade
campos 189
transverso atravesso esta cidade que me atravessa em silêncio ouço o gemido dos teus ecos por ruas avenidas e vielas sinto saudade dos terreiros de jongo nas favelas e as lavadeiras das pinturas aquarelas em teus aceiros fiz meus trilhos em cada trilha dos meus traços no encontro ao ururau no cais da lapa teu por do sol pode ser beijo ou também pode ser tapa quando olho a catedral e seu contorno seres famintos alimentando o desalento me solto ao vento quando penso o infinito beijo teu rio o paraíba que me leva em teu lamento me concentro em minha reza
carne viva da loucura
escrevo pra não morrer antes da morte me disse gigi mocidade no homem com a flor na boca transitivo ou intransitivo vivo na mais sagrada ilógica do inconsciente coletivo na semeadura dos ossos carnadura enquanto posso palavrar o que procuro enquanto ócio vou lavrando o criativo na carne viva da loucura quando da morte sobrevivo
inquieto procuro mais uma palavra cínica fulinaimânica sagarínica no corpo da palavra corpo o sangue no corpo da palavra polifônico sinético poema biotônico ressigni –ficar cada lugar na sua coisa cada coisa em seu lugar o ser da coisa serafim vampiro goytacá canibal tupiniquim cbf vergonha geral desastrosa overdose poética você entra com a dose eu entro com a boca depois a gente troca para o over não dormir de toca meu diário escrito em aramaico me persegue quero mais que o quiabo vos carregue uma tragédia chamada enel se alastra pelo país quando nasci meu pai me deu caju minha mãe severina cuscuz com carne seca no leite da manhã vã filosofiia lembra daquele dia dezembro mil novecentos e noventa e quatro
j medeiros deu um show trepado no túmulo do torquato saímos do cemitério pro mercado para lamber a cajuína era uma tarde de sol em teresina não sei se foi assim só sei do mal-me-quer nas pétalas das flores do mal tem euGênio mallarmè sangrei a carne da rosa com duas dentadas devorei as pétalas vermelhas de sangue abri um vinho com meu leque de vento e ofereci aos deuses das encruzilhadas com federika bezerra - a porta bandeira da imperial tropicanalha na escola de samba da poesia contemporânea brasileira não curto palavra morta oca prefiro minha língua torta lambendo a saliva viva no canto da tua boca
irina é um sol
que dói no crânio
quando dentes ardem
e mordem
os beiços da tarde
não posso permitir irina vestida de cetim de seda fina se a quero felimina vestida de sombra e luz a carne em flocos de lua olhos de não sonhar um abajur cor de carne nas pedras de lumiar
impossível pensar irina vestida com outras vestes este ser cabra da peste do inconsciente coletivo do imaginário incandescente
inútil pensar irina vestida de serpentina como fez cinzia farina em seu poema visual era uma tarde de chuva num sonho de carnaval
naquela hora marcada do encontro que não tivemos
muitas vezes demoro sim levo um tempo para poder decodificar algumas informações não muito previsíveis nem compreensíveis para massas cefálicas como as minha tenho andado em estados como se tivesse não estado essa enel tem me furtado a paciência muito mais que os amores não furtados acabei de ler saramago em seus instantes de lucidez furiosa jiddu saldanha acaba de me dizer que continuo com a mesm a fúria de antes e nem sei se isso é possível diante dessa letargia nostálgica que as vezes me abate como uma lâmina ninja do cinema japonês li uma resenha a pouco de um cara chamado fernando naporano lembrei-me de 1997 quando juntos no festival de inverno de ouro preto criamos a antologia do requinte do lírico ao delicado do erótico
impressa em papel criado com folhas de bananeiras com a super direção do mestre dos mestres sebastião nunes desse livro coletivo nasceu a ideia final dos retalhos imortais do serafim iniciada em 1994 no cefet campos e em 1995 no sesc consolação-sp daí em diante começamos a dar voz e fala para alguns serafins que até hoje me acompanham nessa não viagem que muitas vezes tento mas não faço assim como o encontro com stella naquela hora marcada do encontro que não tivemos
meta metáfora no poema meta
como alcançá-la plena
no impulso onde universo pulsa
no poema onde estico plumo
onde o nervo da palavra cresce
onde a linha que separa a pele
é o tecido que o teu corpo veste
como alcançá-la pluma
nessa teia que aranha tece
entre um beijo outro no mamilo
onde aquilo que a pele em plumo
rompe a linha do sentido e cresce
onde o nervo da palavra sobe
o tecido do teu corpo desce
onde a teia que o alcançar descobre
no sentido que o poema é prece
serAfim 8 - euGênio mallarmè o filho de severina conterrâneo de torquato
eu sou menino eu sou menina e não venham me dizer que lança perfume é parafina diversidade de gêneros podes crer – não me alucina eu nasci da minha mãe que se chama severina lá dos sertões do nordeste nor/destino nor/destina como o sal do maranhão bumba-meu-boi não desafina conterrâneo do torquato eu nasci em teresina
aqui
em casa
lavo pinto bordo
o corpo
a alma
os pelos
cada um que
pinte seus delírios
cada um que
desenrole
seus novelos
irina me disse há um poema seu debaixo das escadas atrás de cada porta dos palácios metaforicamente fulinaíma desvenda todos os mistérios interplanetários na invasão dos intra poderes que comandam a invasão cibernética dos ventos e por consequência a invasão dos corpos
itabapoana
pedra de toque
língua de rock
blues bodoque
não gaste seu silêncio atoa
um beijo nessa pedra
e a palavra voa
ouvindo música pra remédio
quando se trata de metáforas macabea invade a meta do poema afora e se esconde atrás do personagem trancada no sub-inconsciente semi-morta pra toda fauna toda flora na moralidade mata o que o corpo sente deixa a carne apodrecer ao sol da mordacidade
entre hóstias e cultos anti-bíblicos
castrada de toda e qualquer sexualidade prende o gozo na boca quando se masturba mentalmente ouvindo música pra remédio travestida em todo tédio
que o histerismo a converteu
você pensa que escrevo em rua reta ou estrada sinuosa para você poesia é verso do inverso ou avesso de uma prosa? escrevi pscanalítica 67 em mil novecentos e sessenta e sete numa madrugada de setembro outubro quando visitei meu pai no henrique roxo e vi vespasiano contra a parede dando cabeçadas no manicômio mais uma vida exterminada e no fim das contas noves fora nada tudo o que eu queria dizer naquela hora explode agora quando atravesso o portão da tua casa o corpo em fogo a carne em brasa sem pensar estética estrutura estilo de linguagem sinto o desejo entre os teus mamilos a espera do beijo da esfinge que devora
irina serafina onça branquinha brincando de ninfeta com sua língua de fogo devassa o imoral queima boletos da sabesp na cara de tarcísio desfila na paulista com sua bu(a)nda de metal
poética 48
era quase uma menina
nem bem sei se era
pois me dera amor carnal
como o que eu sempre quisera
como nunca antes
outra mulher me dera
tão distante teresina
me lembro da cajuína
saudade da faustina
que conheci no carnaval
da mostra visual de poesia
brasileira
tinha carlos careqa
jormmad muniz de brito
rubervam du nascimento
o verbo então carnal
argamassa no cimento
mas a carne tão macia
viva crua quase nua
acendeu a luz no apartamento
poética 38
enquanto escavo a seiva
entre o vão das suas coxas
para desfrutar do teu cio
e santificar o nosso ócio
a selva amazônica perde
mais 200 mil hectares de mata virgem
para as moto serras assassinas
desse venal agro negócio
ainda não sei
se baudelérico ou baudelírico
só sei que ando meio mallarmélico
completamente absurdado
com esse leite condensado
na minha língua do delírio
nunca estou
mesmo estando
onde nunca estive
mesmo tendo estado
isso me provoca sérias dúvidas
dívidas pra resgatar no fim do mês
e o preço da carne seca
está mais caro no mercado
na pele do poema
o cavalo selvagem
cavalga a pele do poema
enquanto transa na pastagem
um novo trote
a deusa do rock
berra em outro canto
enquanto na voragem da vertigem
assento a pedra de xangô
na vitória do espírito santo
naquela noite de chuva
as cores no vestido de iansã passaram despercebidas por aqui o sangue encarnado nas matas de oxossi e o olho do dragão na ponta da espada de ogum ainda que aline na porta da casa velha tivesse sobre a pele meus olhos presos por palavras escritas na parede as sagradas escrituras não dissessem o quanto ali brotavam flores naquela noite de chuva um coração estraçalhado
61
revirei sacramento pelo avesso do avesso aline me acompanhou passo a passo pela ladeira até a casa dos fundos canários no quintal catavam o que comer fotografamos e filmamos o que pairou no ar e não perdoa o éter dentro o cafezal nos convidava ao êxtase aline olhou pelo espelho da janela que dava para o outro lado da alma e levitou entre as trilhas dos canteiros ouvindo o som que nos unia
frente ao espelho
penso o tempo que não veio o mar que se foi o amor que não ficou o mamilo dos teus seios os olhos de um boi tudo que restou o sol a luz a cruz a dor de não dormir o berro a barra a lua o punhal a faca a fruta no quintal a pele o tecido a cor do teu vestido a flor no temporal a chuva o arco íris teus olhos a retina a cera a parafina e a nossa vida de animal
a musa do guarda chuva
a musa do guarda chuva não mora mais aqui nem desfila em minhas performances no teatro municipal baby magrelinha se mudou para santo andré depois da tarde de chuva era um sábado de tropicanAlices e carolina na outra ponta do tapete todo grafado em poesia a orquestra tocou uma valsa dançamos a distância no meio do povo antes da chegada de pirandello na voz de mônica cardela ainda não havia o homem com a flor na boca só algum tempo depois cacá de carvalho me apresentou na sala maria antônia numa semana da usp tenho desejos de sampa hoje amanheci com a traição das metáforas enroladas em minha garganta coloco o vinil na vitrola enquanto cássia eller me canta
carNAvalha em
são luis do paraitinga
certa vez foi ao carnaval de são luis do paraitinga queria conhecer o povo caiçara ver os folguedos de artifícios no jogo do baralho do batman com o coringa mas o dilúvio nos aterrou na estrada só chegamos em profunda madrugada nem ás de copas muito menos ás espadas em nossa bagagem cerveja era só o que restava no culler da federika a mulher mais rica do bordel da boemia muito mais até que a diva a maior puta do país no curral das éguas das planícies montanhosas na madrugada iluminada como se diz lá nas quebradas em são luis do paraitinga
pohermeto oswaldiano
que a cia das letras ainda não publicou
pedaladas ao mar
quando invento
poema ao sabor do vento
as mambucabas quando chegaram em santa clara traziam pimentas caiçara conchas vermelhas de ubatuba salsinhas de itacoatiara miçangas azuis de são luiz do paraitinga trilhas da serra de paranapiacaba muitas garrafas de pinga para as mesas do interventor godot não perdia tempo metia a boca na moringa pensando que era um coringa dos bailes do imperador tomava banho em guaxindiba enrolado nos trapos do enxugador
faroeste lamparão
para torquato neto – in memória
quando saí de casa ia dar um tiro na cara do delegado mas estava desarmado estão me colocando em histórias dos tempos do não sei onde como se eu durando kid comesse a filha do conde nunca comi amarela em cinema mexicano muito menos a ruiva do faroeste americano disseram que eu tive caso de amor que se tornou pernambucano quando encontrei o poeta no trailer do ricardinho foi me falando de mansinho como se trampa uma batalha pra não cair na armadilha a grana palavra cilada
agora não se fala mais
agora não se fala nada
o homem com a flor na boca
federico pensou iracema com seus grandes vestidos folgados como a grande ninfeta iolanda trajada em vestes de penas nos bailes do império em luanda nas barras das saias da fama ele então grafitou grumixama palavra que ouviu numa cena na língua da formosa dama no teatro da rua ipanema nos bordeís de copacabana os cogumelos de santa cecília nas barras incandescentes da cama pornofônicas palavras fonemas pitanga urucum colorau açucena com os caldos da salsaparrilha qualquer grande orgia é pequena
garrutio
o sobrinho do meu tio
marcou o boi com ferro em brasa
por ordens de dom diego de la riva
e na janela da grande casa
do mosteiro de são bento
azeredo furtado garruchava
lençóis de trigos ao vento
enquanto o boi estribuchava
com a metáfora ensanguentada
no couro cru na carne viva
do santíssimo sacramento
lamparão
lamparina acesa no trovão
relâmpagos atravessam corredores
lá fora chove canivetes e navalhas
quebradeira geral no umbral
das coisas incompletas
relampejam nos currais sacramentados
entre a desgraça e a glória
e aqui incorporados
nos porões da nossa história
são saruê
festa no sertão é bala
bola no buraco é búlica
cabral não descobriu a pólvora
por trás de cada coisa pública
a chama do lampião na palha
fogueira sempre quero acesa
linguagem meu fuzil metralha
explosão como feijão na mesa
são saruê 1
o vento nordeste
atiça meu ser cabra da peste
assumo o risco
sou diabo sou curisco
boto a peixeira na cinta
pra pular fogueira
em noites de são joão
meu xangô xangô menino
viva o povo nordestino
nosso deus é lampião
profana
tenho apenas
esse punhal de prata
e a lua já não é mais cheia
poesia sempre na veia
e aquele beijo guardado
que ainda não foi roubado
na noite da santa ceia
com dois me deito
com três me levanto
com a graça de zeus
mariana de piracicaba
registro um mar de fogo
mariana um rio de piracicaba
escorre em minha cama
sob os lençóis de cananeia
nem jocasta nem medeia
na minha camisa de vênus
na tua boca de lótus
por tantos anos que não passam
nesse torpor que não me cessa
nem mesmo o chá me acalma
o teu corpo em minhas unhas
no espelho tua alma
por mais que eu queira sonhar
meu amor por tantas eras
que nem mesmo sei contar
osso a ponte quebrada não me leva para o outro lado olho o espelho d´água e tenho certeza que vou me afogar engoli o vento da primeira madrugada a casa era caco de vidros minha filha vaza os pés em rio da ostras nunca mais pensei o mangue como a morada dos peixes e o canal passava atrás da varanda da cozinha hoje estou sóbria muito mais que embriagada pela maresia com esse cheiro de sexo evaporando pelo olhos e o corpo tremendo de susto por não ter com quem gozar
algumas imagens permanecem na medula da memória e me mantém viva água viva ontem mesmo te vi à estrela do mar e mesmo não estando foi como se estivesse tatuada em minha pele com letras de sol e sal nos raios de luz do luar beijei teu nome nas algas e mergulhei no teu olhar
fulinaímica
não sei escrevo tanto
não sei se escrevo tenso
um fio elétrico suspenso
com tanta coisa no Ar
não sei se olho em teu olho
pra encontrar a entrada
da porta da tua casa
onde a palavra estiver
não sei se pinto um van gog
ou se escrevo um baudelaire
entriDentes 5
ou uma segunda a tarde em campos ex-dos goytacazes
o grito desestrutura o silêncio atrás da porta a lâmina acesa sangra sob a luz do abajour lilás a faca escreve a palavra morta dois gumes na noite que estremece a voz que cala e o assassino limpa a lâmina como quem come sua última refeição
poundianas
torquato era um poeta
que amou a ana
leminski profeta
que amou alice
um dia pós
veio uilcon torto
e pegou a jóia diana
juntou na pereiralice
com o corpo & alma
das duas
foi beauvoir assombradado
roendo o osso do mito
pra lá de frança ou bahia
pois tudo que o anjo dizia
sartre jurou já te dito
NONADA
biúte: ria
fricção
quem passou a língua nas coxas da caipora? me pergunta federico baudelaire cheirando as flores d0 mal no sarau de euGênio mallarmè gigi então invoca a dona santa federika
que baixa na mesma hora - ora bolas fui eu com minha língua de faca cortei a cara da vaca a começar pelas coxas depois subi pelo corpo até o buraco da boca e meti a língua na língua e na suruba das línguas a dela mordendo a minha a minha mordendo a dela
a arte então se revela não existe arte sem língua nem teatro sem linguagem
a arte é uma grande suruba no segundo andar da padaria e o resto mais é paisagem no altar da perfumaria
fé cega faca amolada
não quero paz
nem harmonia
na nova ordem do dia
procuro a lucidez
na desordem da orgia
irina me disse ontem que não quer saber de nada que aconteceu ou que vai acontecer seu prazer é mais intenso quando não sabe nem pensa no que irá fazer anda muito dada ultimamente não mente quando o assunto é paixão ou sexo seu desejo é mais complexo que o recôncavo do convexo do baiano da santíssima salvador e seja como for tem andado muito pensativa com as frases positivas do seu anjo serafim nas páginas ainda brancas do vampiro goytacá canibal tupiniquim
a poesia é meta física
meta quântica
itaipu é um paraíso
dentro do que restou
da devastada mata atlântica
irina serafina
quem quiser
que me defina
menina oxum
é por você que me deleito
só por você que me deliro
do lado esquerdo do peito
é por você que me trans-piro
por tudo que foi secreto
por tudo que é sagrado
por quanto já foi escrito
ou ainda não falado
na pedra itapemirim
na pedra de itaocara
guapimirim curumim
guarapari guanabara
em toda água seus mitos
tua flor de lótus tão rara
menina oxum infinito
minha folha verde bonsai
na-mora dentro de mim
de dentro de mim não sai
freudelírica
certa vez
em santa maria madalena
conheci helena
nem de triunfo nem de tróia
no pescoço não levava jóia
apenas um saco de ratos
com os trapos que eram teus
fez de mim gato e sapato
por entre as montanhas de zeus
certa vez em vila velha na vitória do espírito santo trepei no trem do centro histórico da cidade velha enquanto andra mirava seus olhos sobre os meus entretanto no entanto nada me disse em seu silêncio de tanto dizer tanto no trem um tanto no centro um encanto metafórico no trem do engenho de dentro
da cana
o açúcar
o melado
a rapa dura
o chuvisco da gema do ovo
e a minha língua sacana
bagunçando a ditadura
falando a língua do povo
devorável
mais uma vez te venho
porque com essa flecha
que me acerta o peito
teu coração me devora
e me desfaz na pétala
como o vôo de um colibri
velocidade de um beija-flor
tire o seu pircing do caminho
que eu quero passar com meu amor
fosse apenas uma palavra reta carinho afeto e uma que ainda falta nesse novo alfabeto que procuro tateio no escuro outras palavras signos signi ficar signi ficando signi ficado na hipotenusa do quadrado do cateto no silêncio que muitas vezes ouvi da flauta do hermeto nas trinta e cinco pausas de renata persigo a trilha em movimento pés descalços sobre a mata e as palavras brotam cachoeiras água corrente vem da fonte como sementes desejadas de brotar
a flor do mangue
para cristina bezerra
um dia em gargaú
atravesso para o pontal
onde o paraíba beija atlântico
num ato transexual
outro dia na barra
onde o itabapoana
é quem beija o lixo atlântico
penso quântico caranguejo
é o beijo do desprezo
são francisco não me engana
nas sagaranagens que faz comigo
eu procuro a flor do mangue
no litoral do teu umbigo
marcabra perambulava ainda as tontas pelo mar vermelho procurando por carlitos argentino (o criador dos moranguinhos) vomitava marimbondos depois que assistiu pelas ruas assombradadas de campos dos goytacazes as mirabolantes peripécias de lady tempestade desnudando coronéis e lobisomens com suas rajadas de vento confesso que não invento a hipocrisia dos homens
lady tempestade a freudelírica satiriza macabea no presídio federal de brazilírica interpretando luz del fuego no festival internacional das artes cínicas com uma serpente de cobre no pescoço
serafina macunaímica
ontem disse que me amava
queria até transar comigo
hoje foge de mim
tranca a tranca do umbigo
fecha a porta entre as coxas
ela sabe que me deixa louca
e adora provocação
mas vou buscar no cu do mundo
sua libido o seu tesão
dialogando com o mestre
o poema pode ser
um trem fora do trilho
a ponte que caiu
a mulher que não deu filho
ou a pedra que pariu
domingo
mar de barco
mar de pele
mar de peixes
mar de algas
como um poema de olga
onda de sal nas minhas mágoas
como sua pele de mel
com sua pele de água
rasguei as velas
que teci em tempestades
rompi as noites
em alto mar de maresias
pensei teu corpo
pra amenizar tanta saudade
e vi teus olhos em cada vela que tecia
o poema as vezes é sabre
lâmina fina como o vento
ou folhas suspensas
sobre um verde
quase água
quase pluma
levita sobrevoa se espraia
na voragem do dia
como os dedos da moça
ao atiçar o clic
no instante exato da fotografia
cidade voracidade
ainda ontem queria te ver mas não pude – cidade rude oculta atrás do espelho do outro lado da calçada não decifrei teu mapa muito menos cais da lapa onde queria mergulhar teu rio desbravar teu cio para depois dormir
até onde
teus segredos me aceitam?
até quando
teus mistérios me pertencem?
até onde
teus silêncios tem meus gritos?
quando me deixas assim aflita
perco o chão por onde pisa
por onde teu pé desliza
que não sei quando ele está
e se perco teus pés de mim
por onde vou caminhar?
se ela vier
e do corpo que comer
a carne
espalharei tabacaria
moro no teu mato dentro
não gosto de estar por fora
tudo que me pintar eu invento
como um beijo no teu corpo agora
desejo-te pelo menos enquanto resta
partícula mínima micro solar floresta
sendo animal da mata atlântica
quântico amor ou metafísica
tudo que em mim não há respostas
metáfora d´alkimim fugaz brazílica
beijo-te a carne que te cobre os ossos
pele por pele sobre as tuas costas
os bichos amam em comunhão na mata
como se fosse aquela hora exata
em que despes de mim o ser humano
e do corpo rasgamos todo pano
e como um deus pagão pensamos sexo
mariana
gaivotas sobrevoam os cílios da lagoa teus cabelos louros espelham sal na lâmina d´água o mar – complemento do teu nome naquela noite de música mágica – quando vozes da áfrica saltam da garganta canto de todos os povos no verde da mata luzes na flor da pele líquida cerveja na sede que não cessa éramos mais que tímpanos absortos naquele espaço templo com os olhos famintos devorando luas na constelação de orions como uma flor de cactos sobre um chão de estrelas
meta morfose
muitas vezes no instante uma mulher por perto noutras meio distante como alcançá-la plena pele pluma palavra carne sal água de mar mesmo fosse água de rio se o que gosta é tempestade só sabe amar por inteiro meu eu perdido em sua fala
sou uma mulher da vida irina severina januária vascaína uso a minha arma branca pra enfrentar a tirania transo em qualquer rua de qualquer esquina qualquer encruzilhada de qualquer lua com jorge de ogum federico de oxum mallarmè de yansã não sou pagã fui batizada na igreja universal do reino de zeus nasci em ouro preto vila rica sou filha de deus irmã de federika
são fransciso um cisco risco de mergulhar no precipício saltar o muro na porta do hospício risco traço de palavras tortas palavra que não dizem nada risco de perder a curva e seguir a linha reta medo é uma forma concreta de agarrar o abstrato
por enquanto vou te amar assim
sem segredo admirando teu retrato
o tempo tem seu avesso
para Prata Tavares in memória
cidade quando penso nela lembro nossas angústias dormem em camas de ferro madeira ou palha nossas palavras também são foices facões ou car/navalhas nossos poemas estiletes canivetes para rasgarem o pano de luxo das mortalhas nossas mágoas lavamos nas águas do paraíba enquanto eles que pensaram serem donos da cidade incineraram corpos na usina cambaíba
esta noite me preparo para o sagrado de amanhã alguma coisa me de algumas coisa me conta que vamos nos fartar de carne humana num banquete antropofágico algum acidente trágico pode estar pra acontecer alguma força simbólica entre nós assim pressinto com a química do absinto caldeirão da alquimia como nas noites da cacomanga preparava minha tia alguma bruxa quem sabe em campos dos goytacazes está pronta pra atacar ou quem sabe pastor de andrade é quem vai nos apresentar
absinto
impossível
te sentir mais do que já sinto
poesia muito prosa as vezes pedra noutras vezes fedra quero dizer que ainda arde a palavra na palavra corpo quando carne e sangue incendeiam paiol de milho na fazenda da infância cacomanga era um tempo de fartura enchada na palavra do poema
ela vendia brigadeiro
e eu não fui o primeiro
a provar suas delícias
federico passou na frente
como expresso do oriente
nos levando à boa vista
de onde ela tinha vindo
a curuminha contente
vendeu tudo em um dia
doce que o povo comeu
sorrindo ainda dizia
- vocês são mais loucos do que eu
discípulo de rimbaud
minha tv pifou nem tenho ido ao cinema
meu filme está carne da palavra esse poema é trágico me lembra infância lá na cacomanga televisão nunca tivemos era rádio de pilha depois de bateria meu pai criava porcos para vender na primavera
e complementar o seu salário que nem o mínimo era carteira de trabalho nunca teve
como administrador de uma fazenda com mais de 1000 alqueires de terra com produção agropecuária canavieira e cerâmica industrial (usina de moer gente) esse é um poema em linha reta nem sei por quê e para que me tornei poeta discípulo de rimbaud talvez só para escrever que no brasil mesmo depois da abolição escravidão nunca terminou
o curral das merdavilhas
o brasil já foi ilha de vera cruz
e nunca foi ilha
já foi terra de santa cruz
e nunca foi santa
hoje ninguém mais se espanta
com o volume das trapaças
no curral das merdavilhas
desde que resolvi abrir o meu baú de ossos da memória, que algumas pessoas, que antes desfilavam por aqui como amigas agora fogem da página como diabo foge da cruz não escrevo para sacerdotes, escrevo para quem vive em liberdade e faz da liberdade o seu sentido maior de viver não vivo atrás de portas/cortinas escondido embaixo de panos a minha língua é explícita linguagem voraz e sacana aprendi com oswald que humor sarcasmo ironia são armas mortais na cara da hipocrisia
itamarna é uma cidade morna quase cinza sem brilho mesmo assim pelas noites passeiam por ali vaga-lumes vagabundos com suas asas de lâmpadas lamparinas irina também passeia por ali pelas madrugadas vestida de quase nada
mini conto
no livro as vísceras expostas em grande estilo tudo aquilo que é ferida aberta passeia sobre o branco do papel todos os órgãos extirpados por uma única facada
sagaraNAgens
a terra aqui é vermelha - branca - é a carne de dracena tudo cena – dela - só quero a boca seus olhos de fogo me engolem da janela em frente estou no oitavo andar de um hotel qualquer seus pelos são pétalas eletrizantes de um maldito mal-me-quer ajeito o foco da lente para vê-la de perto avisto a púbis de vênus a língua cresce não seria por menos nem no mais banal dos melodramas com essa linda louca que me acena aqui agora no meu quarto
embaixo dos lençóis na minha cama
minha ovelha preferida está se rebelando os ensaios da mocidade
independente de padre olivácio
estão se aproximando e ela não dá as caras vou baixar decreto vou baixar o santo e não diga no entanto que sou linha dura dessa rapadura você ainda não viu ela não é santa e não duvido nada que a sua mãe foi a ovelhana que pariu
metafórica dialética
quantas teorias terei
para escrever o que falo
quantos sapatos ainda apertam
os calcanhares do meu calo?
mar
esse mar que eu tanto quero
se não vem me desespero
esse mar me faz suspenso
esse mar que as vezes penso
e não sei onde vai dar
nesse mar onde mergulho
esse mar me faz barulho
nesse mar tanto silêncio
esse mar que as vezes tenso
e não sei se vai passar
para o mar que mora em mim
o enigma não está propriamente
na meta física da metáfora mar de carne e osso se eu não falasse ou não dissesse
esse relógio trágico com seus ponteiros mágicos arrastando segundo por segundo tudo o que não passa tudo o que não cessa o fluxo em tua boca de vênus - minhas unhas só o céu é testemunha desse instante único
em que passeio em tua pele como uma flor de lótus flor de cactos flor de lírios
ou mesmo sexo sendo flor ou faca fosse mar de tanta espuma com minha língua de espera em tua língua de amora em tua língua de mara em tua língua de mar
labirinto
beber dessa tua língua
luziana o líquido da maresia
o suor do mar da linguagem
e tudo mais beberia
no teu corpo em desalinho
em luas de tempestades
em lençóis de calmaria
palavras em tua boca
levaram-me ao descaminho
amarraste-me em tua cama
com tuas garras de linho
depois que me embriagaste
com mil garrafas de vinho
beatriz – a morta
oswald de andrade re-visitado
como pedra me olhas
como fedra te vejo
vestida de carne nua
a língua na maçã navalha
tua alma transparente crua
o olho por detrás da porta
poema com pavio aceso
quando oswald pariu a morta
tinha o dente
nos teus olhos preso
angra
assim como
o pau-brasil
a flor do mangue
também sangra
a traição das metáforas
caipora tem andado atormentada pelos corredores do presídio federal de brazilírica a maconha mofada de juiz de fora deve ter provocado um efeito negativo em seus neurônios, ela tem andado surtada delirando com perturbações mentais, da ordem dos apocalípticos seguidores do santo daime dai-lhe misericórdia santo zeus caso contrário ela vai acabar no cais da lapa ou procurando jongo em custodópolis, tendo alucinações com maria anita e se arriscando a levar uma coça de umbigo de boi e aprender a não olhar só para o seu umbigo
na traição das metáforas macabea já sofreu as consequências pelos mesmos delírios e nem psicanálise lhe devolveu a sobriedade ficou cada vez mais dilacerada pela própria língua/espora com que tentava ferir a barriga do cavalo ouça um bom conselho caipora aprendi com chico buarque – e "lhe dou de graça, venha minha amiga faça como eu faço inútil dormir que a dor não passa venha minha amiga brinque com o meu fogo venha se queimar eu semeio vento na minha cidade vou pra rua e bebo a tempestade”
gosto da leveza dos dedos deslizando feito pluma penetrar a carne e as sensações saltarem para o abismo do poema depois dos saraus ela ia de pele e na pele dela eu ia pra trancoso no litoral da bahia ou para raposo estação d´água de itaperuna curtir a pedra do toque ela sempre me disse sentir mais minha carne que a pedra do arpoador em maresia e sempre gozou mais quando a saliva por entre os anos escorria
memórias no desassossego
não sou fernando pessoa mas acordei com o coração em alvoroço aliás nem dormi literalmente no desassossego da memória uilcon pereira passeava com o seu coração de boatos a procura do gabriel de la puente que até hoje não sabemos a ponte por onde atravessou sem direito a despedida a luz do farol da barra me vem aos olhos de um amor que vem chegando e me promete acarajés e escadarias o tempo ah! o tempo e seus contornos inesperados quando iria imaginar que depois de ouvir por tanto tempo com paixão sem limites gil caetano gal bethânia estaria agora assim tão assim no colo de uma baiana bebendo o líquido bom que algum zeus me reservou e deixou guardado para mim?
e ela era uma estudante de arquitetura que pintou poemas no cachorro louco e escavou imagens em brazilírica pereira : a traição das metáforas - e quero dizer que ainda arde tua manhã na minha tarde a tua noite no meu dia tudo em nós que já foi feito com prazer ainda faria
certa vez numa visita que fiz ao presídio federal de brazilírica pereira com o objetivo de levar algum alívio para algumas daquelas almas pecadoras me surpreendi com a oferta de macabea
:
- morda o meu pescoço prove do meu sangue
- cruz credo zeus me livre teu sangue não me serve deve estar contaminado de repente com o veneno da serpente
o cu do mundo onde fica?
minha língua afiada
onde enfiá-la?
fulinaimagem
metáfora nua na janela
meter a língua na linguagem dela
rocei suas mãos em conchas pele de ostra molhada mel escorreu por entre as coxas beijei o éter no ar pesquei tua língua que voou depois do coito oito horas depois do abstrato esse lugar enigmático onde estou quando te quero quero quero no pátio da sala plínio marcos foi embora alceu valença manda um frevo na esplanada no festival de pernambuco o eunuco dançarino enrola um papel de seda o pó da pluma na penumbra penetrou minha asp/irina
A
mulher que goza assistindo futebol
irina serafina januária vascaína goza assistindo futebol na televisão do vizinho da esquina geme berra urra quando atinge o ponto g eu peço não gema não grite e ela grita: - é gol de roberto dinamite!
tem uma coisa aqui que ainda não sei decifrar o código do significado 7776668 é o número do apartamento na quinta avenida e não estou em new york nem em bagdá estou mirando itapoã em salvador dali me disse: meus bigodes são mais lindos do que qualquer fellini no cinema meu sangue está na lama misturado a cocaína com a língua clara dessa gosmenta gelatina - enquanto do outro lado da avenida joaquim pedro de andrade me pergunta: e por onde andará macunaíma?
sou a lenda
oculta
para o imposto de renda
deixa star
presente
na oferenda
que fiz ontem
pra minha mãe yemanjá
lá pelos idos de 1974 padre olivácio tinha me dito : - o machado de xangô está em vossas mãos, vá e faça justiça, porque senão fizer ninguém fará.
*
com uma dentada na veia do pescoço matei o prefeito de cambaíba limpei desossei lavei assei no mesmo forno da usina recheado com maçãs do paraíso e servi a santa ceia aos meus 12 apóstolos das bacantes com um farto altar das mil e uma noites decorado com milhares de garrafas de vinho para o deleite das 7 eras de vênus afrodite quem quiser
com os dentes cravados na memória
A Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo, nasceu em dezemvro de 1990, durante uma viagem em que cia de Guiomar Valdez, levamos uma turma de estudantes da então ETFC(IFF), a Ouro Preto-MG, como premiação por terem vencidos a Gincana Cultural desenvolvida durante o ano, pelo Grêmio Estudantil Nilo Peçanha. Lá conheci Gigi Mocidade – A Rainha da Bateria, com quem vivi até 1996.
*
A Igreja Universal do Reino de Zeus, criei em 2002 durante a 1ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, que foi realizada nas dependências do Ginásio de Esportes do então CEFET-Campos, onde na ocasião lancei o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas, em homenagem ao nosso grande e saudoso mestre Uilcon Pereira.
O grande objetivo da IURZ é homenagear deuses deusas da África e Grécia para de alguma forma descobrir de onde vem as nossas ancestralidades. De alguma forma e em alguns momentos mitologia grega e africana se misturam e viajando metaforicamente nessas realidades reinventadas vim desaguar no Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim.
O Homem Com A Flor Na Boca
https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/
Artur Gomes - uma trajetória multi arte
Poeta. Ator – Produtor Cultural - Vídeo Maker
RG 068.323.72-4 - CPF 812.680.097-68
Desde 2018 é professor do Curso Livre de Teatro na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima - em Campos dos Goytacazes
2019 - Vencedor do Festival Cine Mosquito na Categoria Cine.Poética com o curta Atafona Pontal Grussaí.
Trajetória com Arte MultiLinguagens
De 1975 a 2002 foi Coordenador da Oficina de Artes Cênicas da ETFC e CEFET-Campos-RJ
De 2011 a 2012 foi Coordenador do Laboratório de Cinema do IFF – Instituto Federal Fluminense – Campos-RJ
Em 2013 – foi um dos artistas integrantes do V Circuito Cultural de Arte Entre Povos
Em 2014 – Dirigiu Oficina de Teatro no SESC Campos-RJ – com a montagem dos espetáculos Multi Mídia: Nos Tempos da Foto Novela e Uma Noite de Natal
Em 2015 - dirigiu no SESC Campos-RJ Oficina de Teatro para montagem em novembro do espetáculo: Waterkis – Selecione Água.
Em 2016 - Dirigiu no SESC Campos – Oficina de Artes Cênicas – O Espelho – tendo como pano de fundo o universo surrealista do dramaturgo Espanhol Fernando Arrabal.
Em 2015 - Apresentou performance poética no FestSolos II - Teatro Municipal de Cabo Frio-RJ
Em 2016 - Apresentou performance poética no Poesia de Cena - Teatro Municipal de Cabo Frio-RJ
Em 2018 apresentou a performance poética musical Sax Blues Poesia no Teatro de Bolso - Campos dos Goytacazes-RJ
Em 2018 - foi uma das atrações do I Festival de Poesia de Brasília - Transe Poéticas - no Museu da República
Em 2019 - Apresentou a performance poética Juras Secretas - no Psiu Poetico - Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte-MG
Em 2019 - Apresentou a performance Juras Secretras - na Usina 4 - Casa das Artes - dentro da programação do Festival Cine Mosquito - em Cabo Frio-RJ
Em 2019 dia 23 de maio - lançou em São Paulo - o seu décimo quinto livro: Pátria A(r)mada - no Café Bar e Livraria Patuskada - Rua Luis Murat, 40 - Vila Madalena-SP
Em 2019 dias 14, 15 e 16 de junho foi mais uma vez uma das atrações do FestSolos - na Usina 4 - Casa das Artes - em Cabo Frio-RJ
Um Trajetória Multi Mídia da Poesia ao Audiovisual - 1973 a 2019
meu coração marçal tupã
sangra tupy & rock and roll
meu sangue tupiniquim
em corpo tupinambá
samba jongo maculelê
maracatu boi bumbá
a veia de curumim
é coca cola e guaraná
Artur Gomes - Poeta
livros:
Um Instante no Meu Cérebro – 1973
Mutações em Pré-Juízo - 1975
Além da Mesa Posta – 1977
Jesus Cristo Cortador de Cana – 1979
Boi Pintadinho – 1980 - 1981 – Prêmio MEC
Carne Viva - Antologia de Poesia Erótica - org. Olga Savary - 1984
Suor & Cio - 1985
Couro Cru & Carne Viva - 1987
20 Poemas com Gosto de JardiNÒpolis & Uma Canção com Sabor de Campos - 1990
Conkretude Versus ConkrEreções - 1994
CarNAvalha Gumes – 1995
Do Requinte do Lírico Ao Delicado do Erótiko – 1995 – Livro Criado na Oficina de Poéticas Gráfico Visuais – Dirigida por Sebastião Nunes no Festival de Inverno de Ouro Preto – UFMG
Desde 1990 tem poemas publicados na Antologia Poetas do Brasil, organizada por Ademir Bacca – Ed. Graffitti-RS
Brazilírica Pereira: A Traição das Metáforas – 2000
SagaraNAgens Fulinaímicas - 2015
Juras Secretas - Editora Penalux - 2018
Pátria A(r)mada - Desconcertos Editora - 2019
inéditos - O Homem Com A Flor Na Boca e Da Nascente A Foz - Um Rio de Palavras
2011 – Tem poemas publicados na Antologia Internacional Eco Arte Para Re-Encantamento do Mundo – Organizada pela Bióloga Michelle Sato, e Editada pela Universidade Federal d Mato Grosso
2012 – Tem poemas publicados na Revista Coyote, uma das principais revistas de literatura publicadas no Brasil, com patrocínio do MINc – Editada por Ademir Assunção e Rodrigo Garcia Lorca em Londrina-Paraná.
Tem poemas também publicados nas Revistas Digitais : Cronópios, Germina, Gueto, Literatura & Fechadura, Ruído Manifesto e Mallarmargens.
Trajetória com Produção Cultural
1974 - Autor da Canção Caminho de Paz, em parceria com Paulo Ciranda, vencedora do IV Festival de Música de São Fidélis
1975 – Autor da Canção Ponto de Luz, em parceria com Vítor Meireles e Bento Mineiro, vencedora do II Festival de música do Sesc Campos
De 1975 a 2002 Coordena Oficina de Artes Cênicas na Escola Técnica Federal de Campos e Cefet-Campos
De 1986 a 1990 coordena o Grupo de Atividades Culturais da Escola Técnica Federal de Campos.
1975 – 1976 - Escreve, atua e dirige Judas o Resto da Cruz, encenada no Sesc, com alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos
1976 - Escreve, atua e dirige 25 Anos de Sonho e Sangue, encenada no Sesc-Campos, tendo como parceiro de palco Jorge Pessanha Santiago, hoje doutor em Antropologia e Professor na Universidade de Lion na França
Autor da Canção Balada Pros Mortais em parceira com Paulo Ciranda, vencedora do Festival de Música de Itaocara-RJ e do Festival Universitário realizado na Ses-Rio em 1977.
1976 – Trabalha como ator em Avatar, texto de Paulo Afonso Grisoli, com direção de Orávio de Campos Soares, encenada no Sesc Campos.
1977 – Trabalha como como ator no Auto de São Salvador, com texto que narra a criação da Vila de São Salvador, escrito e dirigido por Winston Churchil Rangel, encenação que acontece no Ginásio de Esportes da Escola Técnica Federal de Campos.
1978 – autor de Canta Cidade Canta, poema vencedor do II Festival de Poesia de Campos dos Goytacazes-RJ
1979 – Escreve atua e dirigiu Jesus Cristo Cortador de Cana, auto-popular, encenada com alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos
Autor de Poema Para o Povo em Tempo de Abertura, poema vencedor do III Festival de Poesia de Campos
1980 – Escreve, atua e dirige O Boi-Pintadinho, espetáculo que percorre as ruas, avenidas e praças da cidade, tendo no elenco atores amadores de Campos dos Goytacazes, inclusive a atual prefeita Rosinha Garotinho.
Autor da Canção Boi-Pintadinho, em parceria com Paulo Ciranda, vencedora do Festival de Música de Miracema-RJ - 1981.
1981 - Encena O Boi Pintadinho com alunos da Oficina de Artes Cênicas e alunos da Banda Marcial da Escola Técnica Federal de Campos, com apresentações em várias cidades do Estado do Rio de Janeiro.
1982 – Autor da Canção Fotografia Urbana, em parceria com Paulo Ciranda, vencedora do Festival dos Festivais – Itaocara-RJ
1983 – Cria o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira – com exposições das mais diversas linguagens da poesia contemporânea, além da utilização de performances poéticas e multi mídia para expor os poemas dos mais diversos poetas brasileiros. Este projeto percorre todo o Estado do Rio de Janeiro de 1983 a 1992 com pelo menos uma Edição Anual.
1984 – Tem poemas publicados ao lado de Carlos Drummond de Andrade, Affonso Romano Santana, Ferreira Gullar e mais 73 poetas contemporâneos, na Antologia Carne Viva, organizada por Olga Savary e editada pela Editora Anima do Rio de Janeiro.
1985 – Realiza o recital solo Suor & Cio com poemas do livro homônimo no Bar Doce Bar em Campos e no Clube do Livro em Ipanema-Rio.
Participa em JardiNÓpolis-SP do Encontro de Escritores, onde além do recital Suor & Cio, escreve poema para o livro 20 Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção com Sabor de Campos. Em JardiNÓpolis, conhece o então aluno de jornalismo Ricardo Pereira Lima, que vai se tornar um de seus grandes parceiros na Editora Makondo.
1986 – Realiza a Mostra Visual de Poesia Brasileira em Miracema, Macaé e na Universidade Federal Fluminense em Niterói-RJ com o lançamento do Movimento Vista-se de Poesia, com poemas impressos em camisetas que serão expostos e consumidos, durante todo o verão de 1987 na praia de Ipanema-RJ
De 1986 a 1987 – Assessora a Professora Diva Abreu no Departamento Municipal de Cultura de Campos e realiza um Edição da Mostra Visual de Poesia Brasileira em homenagem ao poeta Manuel Bandeira, focando a sua poesia e exibindo uma Exposição de Caricaturas criada pelo artista gráfico carioca Jorge de Salles.
1987 - Cria a Ciranda do Boi Cósmico, que estreia na posse de Luciano D´Angleo, primeiro Diretor eleito da Escola Técnica Federal de Campos. Realiza encenações no Ginásio de Esportes, tendo como cenário uma gigantesca exposição de artes visuais criada pelo ex-aluno Genilson Soares, além de percorrer as ruas, praças e avenidas da cidade, com elenco formado por alunos da Oficina de Artes Cênicas e da Banda Marcial. O corpo do Boi Cosmico foi construído com uma estrutura de metal e fragmentos reciclados nos laboratórios de Mecânica e Eletrotécnica, e era re-vestido de poesia impressa em um pano por sistema de serigrafia, técnica que utilizava para espalhar poesia pelo brasil.
Profissão:
Meu ofício é de poeta
Pra rimar poema e blusa
E ficar em tua pele
Pelo tempo em que me usa
1987 – Encena com os alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos o happening Ensaio 27, composto por poemas de Carlos Drummond de Andrade, este projeto vai se desdobrar em Poesia NU Vermelho, exposição que se realiza no Bar Vermelho no mesmo ano de 1987, e posteriormente na Praia de Farol de São Tomé durante o verão de 1989.
1987 - Lança com performance dos pintores Genilson Soares e Nilson Siqueira, o livro Couro Cru & Carne Viva, no Espaço Cultural Arte Nativa, em Campos dos Goytacazes.
1987 - Atua na Comissão de Organização do Seminário – Brasil: Uma Cultura em Questão, realizado pela UBE-SP, Funarte e Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, realizado na cidade de Batatais-SP, onde apresenta em bares, praças, escolas e Teatro Municipal o recital solo Couro Cru & Carne Viva.
1987 - Realiza o Recital Solo Couro Cru & Carne Viva, na União Brasileira de Escritores em são Paulo, onde conhece o cineasta Guilherme Almeida Prado, (diretor de A Dama do Cine Shangai), com quem faz Oficina de Criação de Roteiro, no Departamento de Cinema, da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo.
1988 – Cria o projeto - Brasil 100 Anos de Abolição – com mesa redonda realizada na Escola Técnica Federal de Campos e encenação do espetáculo de teatro.poesia A Cor da Pele, com poemas do livro homônimo, do poeta mineiro Adão Ventura, tendo no elenco alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos,
1988 - É um dos poetas convidados para a Festa da Poesia, organizada pelo poeta Marcio Almeida, realizada em Oliveira-MG
Posteriormente apresenta o recital solo, A Cor da Pele, no Teatro Francisco Nunes em Belo Horizonte-MG.
1988 - A convite da Doutora Hygia Calmon Ferreira, realiza o recital solo Couro Cru & Carne Viva, na UNESP em São José do Rio Preto e fala sobre a Obra teatral de Oswsald de Andrade, com destaque para os textos A Morta e O Rei da Vela.
1988 - Realiza o solo Couro Cru & Carne Viva, pelos circuitos de bares de Ribeirão Preto-SP, onde é filmado pelo cineasta Ricardo Pereira Lima, para o seu trabalho de conclusão do curso de jornalismo na UNAERP
1989 – Assume a Direção do Departamento de Projetos Especiais da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e coordena o Encontro Nacional de Poesia Em Voz Alta, até 1990.
1989 - Dirige 9 alunas da Escola de Serviço Social da UFF-Campos, no espetáculo teatral Jesus Cristo Cortador de Cana, tendo com ator principal Eugênio Soares, com o objetivo dar enfoque ao trabalho de conclusão de pesquisa de campo realizada pelas alunas para os seus respectivos TCC. A Encenação tem no elenco também alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos.
1990 – Lança em JardiNÒpolis-SP com uma performance poética, o seu livro 20 Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção com Sabor de Campos. - Editora Makondo
1990 - Realiza o recital solo 20 Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção com Sabor de Campos, no Bar Cantinho do Poeta, em Campos dos Goytacazes-RJ.
1990 - Encena com alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos um happening teatral na entrada da Biblioteca para inauguração do painel de Genilson Soares, um ex-aluno da Escola.
1990 - Atua na Comissão de Organização do Seminário: Cultura e Resistência, realizado pela UBE-SP, Funarte e Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, na cidade de Registro-SP, onde escreve e encena pela primeira vez o recital solo EntriDentes, dedicado a sua musa Mariana de Piracicaba
1991 – A convite da Doutora Hygia Calmon Ferreira, dirige Oficina de Criação Literária na UNESP em São José do Rio Preto, onde transforma em happening o recital solo Entridentes e encena com os alunos da Oficina.
1992 – Realiza a IX Mostra Visual de Poesia Brasileira na Faculdade de Filosofia de campos-RJ.
1992 - A convite de alunos da Faculdade de Letras, volta a dirigir Oficina de Criação Literária na UNESP, em São José do Rio preto-SP e encena o happening teatral SagaraNAgens Fulinaímicas, criado com fragmentos de textos do livro Sagarana, de João Guimarães Rosa.
1992 - A convite da poeta Dalila Teles Veras, realiza Recital e Dirige Oficina de Criação de Poesia, no Espaço cultural Alpharrabio, em Santo André-SP, na comemoração do seu primeiro aniversário.
1993 – De março a agosto realiza pesquisa sobre a obra de Mário de Andrade, na ECA, Escola de Comunicação de Arte da USP, sob a orientação de Uilcon Pereira.
1993 – Em parceria com o Grupo de Livre Espaço de Poesia idealiza o Projeto: Mostra Visual de Poesia – Mário de Andrade 100 Anos. Realizado pelo Sesc-SP o projeto é apresentado no Sesc São Caetano, no Centro Cultural da Ligth em São Paulo, no Colégio Singular, no Espaço Cultural Alpharrabio e no Bar Porto das Garrafas em Santo André, sendo escolhido pela APCA(Associação Profissional de Críticos de Arte) como o Evento Cultural do Ano.
O projeto é composto por exposições de poesia contemporânea Os Amigos de Mário. Performances de teatro.poesia: Paulicea Desvairada, com poemas do livro homônimo e ReVirando a Tropicália, encenadas por Artur Gomes e Mônica Cardella. Mesas redondas com José Miguel Wisnik, Uilcon Pereira e Dalila Teles Veras, enfocando a poesia e as pesquisas de Mário de Andrade sobre a música brasileira, além de show do cantor curitibano Carlos Careqa.
1994 – Realiza no Espaço Cultural Alpharrabio a performance EuGênios, tendo como parceiro de palco o genial ator/cantor curitibano Carlos Careqa, que além de poder ser ouvido em seus maravilhosos CDS, pode ser visto hoje na TV ao lado da atriz Marieta Severo, fazendo um comercial do Hiper Mercado Walmart.
1994 - Cria o projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, uma re-leitura do livro Serafim Ponte Grande, de Oswalde de Andrade, com exposições de poemas gráfico.visuais, teatro.poesia, workshops, mesas de debate e vídeo.poesia
Encena pela primeira vez a performance Retalhos Imortais do SerAfim, na Escola Técnica Federal de Campos, tendo em cena os alunos da Oficina de Artes Cênicas, Rey de Souza, Clarice Terra e Magda de Friburgo.
1995 – De março a setembro realiza pesquisa sobre a obra poética de Oswald de Andrade na UNICAMP, com foco no seu poema Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão, orientado pela doutoranda em dança, Nirvana Marinho, hoje bailarina do Corpo de Baile da Cidade de Lion – França
1995 - Expõe os poemas gráfico.visuais do Projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, na Casa Guinard, durante o Festival de Inverno de Ouro Preto, realizado pela UFMG e encena a performance de teatro.poesia tendo em cena Rey de Souza e Clarice Terra, seus alunos na Oficina de Artes Cênicas da ETFC.
1995 - Durante da programação do Festival que aconteceu de 8 na 25 de julho, faz Oficina de Criação de Poéticas Gráfico Visuais: Do Requinte do Lírico ao Delicado do Erótico, dirigida pelo escritor mineiro, Sebastião Nunes. Um exemplar do livro criado encontra-se na Biblioteca da Universidade Federal de Minhas Gerais e um outro foi presenteado a Bilioteca da ETFC.
Em outubro o Projeto Retalhos Imortais do SerAfim é realizado pelo Sesc-SP nas Unidades da Consolação, São Caetano, Carmo, Campinas e São José do Rio Preto. Com a exposição de poemas gráfico.visuais Os Órfãos de Oswald, mais workshops e mesas de debate, com Uilcon Pereira, Philadelpho Meneses e Dalila Teles Veras. A performance de teatro.dança.poesia, passa a ter em seu elenco além dos alunos da Oficina de Artes Cênicas da Escola Técnica Federal de Campos, Rey de Souza e Clarice Terra, passa a contar com a bailarina e coreografa Nirvana Marinho. Posteriormente a performance foi encenada na Escola Técnica federal de Campos
1996 – Escreve, atua e dirige em Campinas o espetáculo de dança.poesia CarNAvalha Gumes, ao lado da bailarina Nirvana Marinho, com coreografia criada e interpretada por ela, para o poema Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão. O espetáculo foi apresentado no Café de La Ricoletta.
1996 - Cria em Santo André a Escolinha Alpharrabio de Teatro Infantil, e dirige a peça O Cavalinho Azul, de Maria Clara Machado, com os 25 alunos da Escolinha, tendo na direção musical o seu parceiro Naiman. Além de apresentações no próprio Espaço Cultural Alpharrabio, a peça é encenada no Sesc São Caetano e Sesc Carmo em São Paulo.
1996 - A convite do poeta, jornalista e produtor cultural Ademir Antônio Bacca, faz perforamnces e dirige Oficinas no IV Congresso Brasileiro de Poesia, realizado em Bento Gonçalves no Rio Grande do Sul. Neste primeiro ano expõe na Galeria do Sesc os poemas.gráfico.visuais Retalhos Imortais do SerAfim, e realiza no Auditório do Sesc e nas Escolas o recital solo com o poema Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão.
Dirige Oficina de Teatro Infantil no Colégio Medianeira e Oficina de Poesia Falada na Escola Técnica Federal de Bento Gonçalves-RS
1996 - Selecionado pelo crítico paulista Cláudio Willer, é um dos 50 poetas presentes no Projeto Poesia 96, realizado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, com curadoria da poeta Eunice Arruda. Sua performance acontece na Oficina Cultural de Santo Amaro e no Centro Cultural de São Paulo, tendo como seu apresentador o Doutor em Estética da Arte Uilcon Pereira, onde exibe pela primeira vez este poema dedicado ao Mestre, que viria a ser publicado posteriormente em 2000 no livro Brazilírica Pereira: A Traição das Metáforas.
quem és tu:
Uilcon Pereira
que foste fazer na Sorbonne
ter aulas com Sartre
ou cantar a Simone
?
torquato era um poeta que amou a ana
leninski profeta que amou alice
um dia pós veio uilcon torto
pegou a jóia diana
juntou na pereiralice
como o corpo e alma das duas
vou bovoir assombrdado
pra lá de frança ou bahia
roendo o osso do mito
pois tudo que Sartre dizia
o anjo jurou já ter dito
:
NONADA
Biúte ria
1997 - Realiza em parceria com Juliana Stefani, a performance LeminskiArte Em Cena na inauguração do Bar Cachorro Louco, na Cidade Alta, em Bento Gonçalves-RS
1997 – Cria e Dirige no Cefet-Campos em Parceria com Beth Rocha o espetáculo de teatro e canto-coral: O Dia que a Federal Soltou a Voz e Criou um Coro de 67 Vertebrados, colocando 67 alunos da Oficina de Artes Cênicas e do Coral em cena. Pela primeira vez utiliza um cenário Virtual, com imagens captadas na Usina de Santa Cruz, mostrando o processo da fabricação o açúcar, da entrada da cana na moenda até a finalização do açúcar sendo ensacado para ser comercializado.
1997 - Durante o Festival de Inverno de Ouro Preto faz Oficina Multi Arte, com o ator e cantor e performer mineiro, Alexandrino DuCarmo que vive em New York desde os anos 80.
1997 - Assume a coordenação de Oficinas de Arte Cênicas no Cefet Campos, quando Arte passa a ser parte do Currículo Escolar de estudantes de Ensino Médio.
1998 – Cria no Cefet-Campos o projeto: Brecht Com 100 – em comemoração ao centenário do dramaturgo alemão Bertold Brecht. Encena com os alunos da Oficina de Artes Cênicas, o espetáculo teatral Brecht Versus Suassuna, colocando no palco o texto O Mendigo e o Imperador, de Bertold Brecht e fragmentos da peça O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.
Encena ainda com alunos da Oficina, pelos corredores do Cefet e na Faculdade de Odontologia de Campos, o happening Mendigos Jantam Brecht, título que posteriormente em 2008 ele vai dar a um dos vídeos de sua produção, filmado em Campos com trilha sonora do músico paulista Edvaldo Santana, que foca a situação de moradores das ruas paulistanas.
1999 – Assume a Direção do Departamento de Projetos Especiais da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, retoma a coordenação do Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho, que estava desativado, dirige Oficinas de Criação de Poesia, e cria O FestCampos de Poesia Falada, que coordena até 2004.
Em suas duas primeiras edições o Festival foi realizado no Auditório Cristina Bastos no Cefet-Campos. Com a participação cada vez maior de poetas de todos os Estados Brasileiros. A partir de 2003 passa a ser realizado no Palácio da Cultura.
2000 – Cria no Cefet-Campos o projeto: CaraVelas ao Vento: -
Brasil - Outros Quinhentos, com exposição de poemas visuais e encenação com os alunos da Oficina de Artes Cênicas a peça Calabar, de chico Buarque e Ruy Guerra.
2000 - Dirige Oficina de Interpretação de Poesia no Cefet-Bento Gonçalves, expõe poemas visuais na Galeria do Sesc Bento-Gonçalves-RS e interpreta fragmentos dos poemas da peça Calabar, durante toda a programação do VIII Congresso Brasileiro de Poesia.
Atua na Comissão de Organização da Iª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes, realizada pela Fundação Cultural Oswaldo Lima nas dependências do Cefet-Campos.
Estreia na Bienal o show Fulinaíma Sax Blues Poesia, tendo como parceiros de palco os músicos Luiz Ribeiro e Dalton Freire.
2001 – Dirige no Cefet-Campos com alunos da Oficina de Artes Cênicas, Seis Personagens a Procura de Um autor, de Luigi Pirandello
Inicia com alunos da Oficina de Artes Cênicas do Cefet-Campos, estudo das peças A Prostituta Respeitosa, de Sartre. O Santo Inquérito e O Pagador de Promessas, de Dias Gomes
2001 - Dirige Oficina de Interpretação de Poesia no Cefet-Bento Gonçalves-RJ e apresenta o recital solo ReVirando a Tropicália, com poemas de Torquato Neto e Paulo Leminski na edição do IX Congresso Brasileiro de Poesia.
Apresenta o show Fulinaíma Sax Blues Poesia durante a realização do III FestCampos de Poesia Falada, na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, tendo como parceiros de palco os músicos, Luiz Ribeiro, Danton Freire, Naiman e Reubes Pess.
2002 - Apresenta recital solo com os poemas do CD Fulinaíma Sax Blues Poesia acompanhado do músico Naiman, durante a programação do X Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves-RS.
Dirige Oficina de Criação de Poesia no Colégio Medianeira e no Cefet-Bento Gonçalves.
2002 - Dirige com alunos da Oficina de Artes Cênicas do Cefet-Campos, o espetáculo teatral Retalhos Imortais do SerAfim, costurando textos seus com fragmentos das peças O Pagador de Promessas, de Dias Gomes e A Prostituta Respeitosa, de Sartre. E cria para esta encenação a personagem: Clarice/Beatriz, inspirada na obra de Clarice Lispector e Oswald de Andrade. Uma ex-aluna que atuou nesta montagem, Emanuele Goulart, é hoje Engenheira Mecânica e funcionária do IFF Campus-Guarus.
Atua na Comissão de Coordenação da II Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes, realizada pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.
Cria no Sesc Campos, o evento Sesc na Quarta Poesia Em Cena, cuja primeira Edição acontece durante a II Bienal do Livro de Campos, com uma homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. O projeto se estende por 6 edições durante todo o ano de 2002 e culmina com uma apresentação na sua última edição da filósofa e poeta Viviane Mosé, que foi a grande vencedora do IV FestCampos de Poesia Falada.
Produz para o Sesc Campos a encenação do espetáculo teatral Quando A Libido Ataca, com texto de Direção de Dinho Valadares, professor de Artes Cênicas da UNI-Rio e diretor da Cia Contemporânea de Teatro, do Rio de Janeiro.
Cria no Sesc Campos o projeto 22 - Mário X Oswald 80 Anos Depois, com exposição do seu laboratório de criação gráfica, livro de invenções que vinha construindo desde 1995 no projeto Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, e o encontro no palco de fragmentos do texto de O Rei da Vela, Oswald de Andrade, e Paulicea Desvairada, Mário de Andrade.
2003 – Lança na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, o tabloide; O Coronel e o Lobisomem, com um vasto material sobre José Cândido de Carvalho. Dirige Oficina de Poesia Falada e Coordena a V Edição do FestCampos de Poesia Falada.
Dirige Oficina de Criação e Interpretação de Poesia no Sesc e no Cefet-Bento Gonçalves e apresenta o recital solo com poemas de Mário Faustino, durante a programação do XIII Congresso Brasileiro de Poesia.
A Convite de Ademir Bacca, realiza recital solo com poemas de Oscar Bertoldo, na cidade de Nova Roma do Sul-RS durante Semana Cultural dedicada ao poeta gaúcho que além de poeta foi um padre queridíssimo na região serrana.
2004 – Atua na Comissão de Coordenação da III Bienal do Livro de Campos Goytacazes. Durante a programação dirige mesa de debate com o poeta Ferreira Gullar e apresenta com banda o show Fulinaíma Outras Vozes Outras Falas, tendo como parceiros de palco os músicos paulistas, Renato Gama, Ronaldo Gama, Juninho Batucada, e o mineiro Naiman.
Coordena a V Edição do FestCampos de Poesia Falada.
Dirige Oficina de Poesia Falada no Sesc e no Cefet-Bento Gonçalves-RS. Apresenta o recital solo SagaraNAgens Fulinaímicas, com poemas do seu livro inédito, durante a programação do XII Congresso Brasileiro de Poesia.
2005 – Selecionado pelo poeta, jornalista e produtor cultural Ademir Assunção é uma das atrações do projeto Outros Bárbaros – Poesia na Arte Mídia, onde apresenta com a banda fulinaíma, o espetáculo multi mídia Fulinaíma Outras Vozes Outras Falas, no Itaú Cultural em São Paulo, tendo como parceiros de palco os músicos: Renato Gama, Ronaldo Gama, Juninho Batucada, Naiman e a carioca Joana Flor.
Incorpora de vez o áudio visual nas suas performances poéticas, tendo no cenário virtual, imagens suas captadas pelo cineasta Ricardo Pereira Lima, na Praça Pedro II e nas Lojas Americanas em Ribeirão Preto, quando de sua estada por lá em 1988 e 1989.
Dirige Oficina de Poesia Falada no Sesc Bento Gonçalves e apresenta o recital solo com poemas de Oscar Bertoldo, durante a programação do XIII Congresso Brasileiro de Poesia.
Dirige Oficina de Criação Literária no Sesc Campos
Apresenta na Casa de Cultura Laura Alvim – no Rio de Janeiro – o Recital Poesia In Concert, ao lado do poeta Affonso Romano de Santana e do cantor Pedro Luiz, com Direção de Rodrigo Bittencourt e Maria de Resende.
2006 – Dirige Oficina de Poesia Falada No Cefet-Bento Gonçalves, com o foco na poesia de Mário Quintana. Cria o espetáculo Eles Passarão Eu Passarinho, que é apresentado na programação do XIV Congresso Brasileiro de Poesia, no Teatro do Sesc, Cefet, Colégio Medianeira e Colégio Cecília Meireles. tendo como parceira de palco May Pasquetti a musa da Jura Secreta 16.
Realiza no Sesc Campos, com o artista gráfico César Castro a exposição Wermmer Além da Alma, uma transpiração gráfica recriando com poesia imagens da obra plástica do pintor.
Faz recital no Projeto Poesia na Quarta Capa, dirigido por Jiddu Saldanha, no Centro Cultural da Constituição - Rio de Janeiro
2007 – Inicia com o ator, mímico e cineasta, Jiddu Saldanha no Ateliê D´Aroeira, em Cabo Frio, suas pesquisas e produções de vídeo.poesia, e concretizam sua primeira experiência com criação do curta Tropicalirismo.
Com a banda Avyadores do Brazyl, faz show com rock, blues poesia no Espaço Plural do Sesc Campos.
É o homenageado no evento Belô Poético em Belo Horizonte, onde apresenta no Sesc o recital solo Poéticas Fulinaímicas e com produção da Aliás Comunicação tem um pouco da sua trajetória poética mostrada em dois Curtas criados para o programa Cinco Minutos do Blog Caixa Preta.
Faz performance com poesia no Shopping Brasil em Brasília, na abertura do show de lançamento do CD As Faces da Gaita, do músico Engels Espíritos, com a participação especial da lenda do Blues J J KJackson.
Apresenta no Espaço Plural do Sesc Campos o recital multi mídia Poéticas Fulinaímicas, onde em determinados momentos dialoga com a sua própria poesia no vídeo Jura Secreta 55, filmado em Brasília, na Feira da Torre da TV e no Ateliê da atriz Lilia Diniz, e em Belo Horizonte na Galeria onde foi criado o Clube da Esquina
Realiza o recital O Amor Em Estado de Vinho e Uva, com poemas sobre o vinho, durante a realização da VII Fenavinho em Bento Gonçalves-RS, tendo como parceria de palco a atriz May Pasquetti.
Realiza o recital com poemas de sua autoria e de Pablo Neruda durante a programação do XV Congresso Brasileiro de Poesia, tendo como parceira de palco a sua musatriz May Pasquetti.
2008 – Realiza recital solo SagaraNagens Fulinaímicas, no projeto Terças Poéticas, dirigido por Wilmar Silva no Palácio das Artes em Belo Horizonte. Tem o poema que dá título ao recital publicado no livro/catálago do evento.
Realiza o mesmo recital SagaraNAgens Fulinaímicas, no circuito cultural de Brasília, tendo como parceira de palco a atriz maranhense Lilia Diniz, e tem poemas musicados de improviso durante o recital pelo músico brasiliense Anand Rao.
Com a banda Avyadores do Brazyl, faz show de blues rock poesia no projeto Aumenta que Isso Aí é Rock And Roll, no Sesc Campos e no espaço externo do Teatro Trianon. Produz a exposição multi mídia, Luz e Sombras, com letras de rock, fotografia de Ricardo Busquet e iluminação de Caco Omena, exposta na Galeria do Sesc-Campos.
Realiza o recital LeminaskiArte da Palavra em Cena durante a programação do XVI Congresso Brasileiro de Poesia em Bento-Gonçalves, tendo como parceira de palco a musatriz May pasquetti.
Dirige Oficina de Produção de Vídeo em Imperatriz no Maranhão, durante a Feira do Livro e realiza o recital solo Leminslkiarte da Palavra em Cena, com poemas de sua autoria, de Paulo Leminski, Torquato Neto e Ferreira Gullar.
Realiza o recital Artur Gomes Poesia In Concert no Sesc Campos, abrindo shows das cantoras Itamara Korax e Vânia Bastos dentro da programação do Projeto Todas As Bossas.
Realiza o Recital Artur Gomes Poesia Viva no Sesc Piracicaba-SP
2009 – Dirige Oficina de Produção de Vídeo no Sesc Campos no Projeto Cultura Urbana e realiza o recital Malditos Bem Ditos, com poemas de Torquato Neto e Paulo Leminski ao som de músicas do compositor capixaba Sérgio Sampaio.
Realiza o recital multi mídia Mal Ditos Bem Ditos, em Bento Gonçalves-RS durante a programação do XVII Congresso Brasileiro de Poesia, tendo como parceira de palco a musatriz May Pasquetti
2010 – Realiza no parque das Ruínas – Santa Teresa – Rio de Janeiro o show Rock.Poesia, com 4 bandas de Rock do Rio de Janeiro, entre elas a Riverdies, que tem como guitarrista o seu filho Filipe Buchaul Gomes(Fil Buc), além da participação de uma dezena de poetas cariocas, e a atriz gaúcha May Pasquetti. Todo o evento teve imagens captadas pelo cineasta Jiddu Saldanha, e vários vídeos de diversos momentos do evento estão disponibilizados no canal: www.youtube.com/fulinaima
Encena ao lado de Yve Carvalho e Sidney Navarro a peça Pontal no bar de Neivaldo no Pontal em Atafona, com o patrocínio da Prefeitura Municipal de São João da Barra. O Espetáculo poético teatral tem poemas seus, de Aulysio Abreu Barbosa, Adriana Medeiros e Kapi, que assina a direção.
Realiza recital de abertura do XVIII Congresso Brasileiro de Poesia no hall de entrada da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, com poemas de Ferreira Gullar, poeta homenageado na referida edição.
Dirige Oficina de Produção de Vídeo, no Sesc-Bento Gonçalves, durante a programação do Congresso Brasileiro de Poesia.
Realiza recital com poemas seus e de Ferreira Gullar em várias Escolas e Praças de Bento Gonçalves, tendo com parceira de palco a musatriz May Pasquetti.
Realiza recital com poemas seus no Ateliê D´Aroeira em Cabo Frio no evento Saberes e Sabores Nômades, com direção de Jiddu Saldanha. No mesmo espaço dirige Oficina de Produção de Vídeo para alunos de Escolas Municipais.
Atua no Curta O Ventilador, dirigido por Jiddu Saldanha, que conta ainda com atuações dos poetas Cairo Trindade e Herbert Emanuel.
Realiza recital na VI Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes e participa de uma mesa de debate com o poeta gaucho Carpinejar.
2011 – Dirige Oficina de Produção de Vídeo no Projeto Conexões Urbanas do Sesc Campos, voltado para alunos dos Cieps da Periferia. Produz uma dezena de vídeos com imagens captadas nas Oficinas de Grafite e Skate do Projeto. Realiza Mostra de Vídeos no Espaço Multi Mídia do Sesc.
Seu poema Esfinge, musicado pelo músico e cineasta carioca Rodrigo Bittencourt é gravado pela cantora gaúcha Dani Rauen, no CD Qualquer Lá.
Dirige Oficina Cine Vídeo para alunos da Oficina de Fotografia do IFF Campus Campos Centro. Faz Edição de 5 vídeos filmados por alunos durante o período dessa Oficina.
Dirige Oficina Cine Vídeo durante a Semana do Saber Fazer Saber realizada no IFF Campus Campos Centro e realiza Mostra de Curtas produzidos nas Oficinas durante a programação da Semana. Faz a Edição de 5 vídeos filmados por alunos durante a realização dessa Oficina.
Realiza recital com poemas de Affonso Romano Santana, na abertura do XIX Congresso Brasileiro de Poesia, no hall de entrada da Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves-RS
Dirige Oficina de Produção de Vídeo no IFF-Bento Gonçalves. Realiza o recital O Delíro é A Lira do Poeta Se o Poeta Não Delira Sua Lira Não Profeta, com poemas seus e de Mário Faustino, tendo como parceira de palco a musatriz May Pasquetti.
Atua no filme Brisa, dirigido por Jiddu Saldanha, primeiro curta em HD do Projeto Cinema Possível, contando ainda no elenco com a atriz May Pasquetti, o poeta Jorge Ventura e o escritor Airton Ortiz.
Integra a Comissão de Seleção e Comissão Julgadora do III Festival Aberto de Poesia Falada de São Fidélis, onde apresenta o recital Poesia In Concert, com poemas de Ademir Assunção, Ferreira Gullar, Torquato Neto, Caetano Veloso, além de poemas de sua própria autoria.
2012 – Coordena o I Festival Nacional de Cinema do IFF. Dirige Oficinas de Cine Vídeo para alunos do Ensino Médio. Dirige Oficinas Cine Vídeo no Laboratório, para alunos de vários cursos do IFF Campus Campos Centro. Dirige Oficinas de Produção de Vídeo para alunos do IFF Campos Campos Centro, bolsistas da UPEA.
Dirige Oficina de Produção de Vídeo na UPEA Durante o II Encontro Agro Ambiental.
Produz vários curtas ambientais, com imagens captadas nos canais, braços de rio e boca da barra, onde o rio Paraíba do Sul encontra com o oceano Atlântico, tendo como atores os pescadores e catadores e catadoras de caranguejo de Gargaú.
Dirige Oficina de Produção de Vídeo para alunos do Núcleo Avançado do IFF em São João da Barra
A convite de Paula Bastos, faz leitura dramática com poemas de Pablo Neruda no Centro Cultural Luciano Bastos em Bom Jesus do Itabapoana., durante o evento A América Latina Somos Todos Nós
Realiza em Bento Gonçalves de 24 a 28 de setembro a Mostra Poesia na Telona, mostrando a sua produção vídeo poética durante a programação da Edição do Congresso Brasileiro de Poesia, onde realiza o recital Poesia In Concert, com poemas de Zeca Baleiro, Caetano Veloso, Paulo Leminski, Ademir Assunção, além de poemas de sua própria autoria.
Realiza o Recital Poesia In Concert no Sesc São Carlos, dentro da programação do Projeto Valer São Carlos, com o coletivo TopamosLer um encontro com Artur Gomes
A partir de 2014 - Dirige Oficinas de Teatro No SESC Campos com a montagem dos espetáculos:
2014 - Nos Tempos da Foto Novela, e Uma Noite de Natal
2015 - Waterkis - Selecione Água e em 2016 A Nossa Casa É Um Teatro
Em maio de 2015 realiza performance no FesTSolos 2, como uma das atrações convidadas no Teatro Municipal de Cabo Frio.
Artur Gomes : soldado da palavra
por Thiago Rosenberg
Quando Artur Gomes, então aos 18 anos de idade, foi convocado a servir aos Dragões da Independência, sua futura ocupação com a escrita estava determinada. Sentia-se deslocado, angustiado, e passou a escrever cartas para seus conhecidos e familiares de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro. “Era a forma que tinha para falar com os outros”, lembra.
Poeta, ator e arte-educador, Gomes escreve e recita poemas desde os anos 70. Em 1983, criou o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira, que, 10 anos depois, venceu o prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), na categoria realização do ano.
Depois de muito ler as obras de Mário de Andrade, especialmente Macunaíma , o artista idealizou o projeto musical Fulinaíma. Criada em 2000, a banda apresenta um diálogo entre a poesia e diversos estilos musicais. O CD Fulinaíma Sax Blues Poesia , lançado em 2002, conta com Gomes na voz, Dalton Fleire no sax e Luiz Ribeiro na guitarra, em um trabalho mais voltado ao rock e, logicamente, o blues.
Em Fulinaíma: Outras Vozes/Outras Falas , programa apresentado em Outros Bárbaros , o poeta explora o rock, o blues e outras sonoridades e diz ter atingido o verdadeiro propósito da banda. “O significado do termo é algo como um ‘caldeirão de misturas', e a nossa intenção é justamente misturar sons, influências”, explica Gomes.
Poeta que começou a escrever com a intenção de fugir da solidão e da angústia no exército, diz que “todo artista, de certa forma, vive a barbárie do mundo, mas os seus discursos devem ser justamente a favor da anti-barbárie”.
Alguma Poesia
não.
não bastaria a poesia de algum bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos teus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos
não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador
não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos
não.
não bastaria delirar copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e um cheiro de fêmea no ar devorador
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis
numa mistura de feitiço e fantasia
entre as pedras e o mar do arpoador
em altas ondas de mistérios que são vossos
não.
não bastaria toda poesia que eu trago
em minha alma um tanto porca
este postal com uma imagem meio lorca
um bondinho aterrisando lá na urca
e esta cidade deitando água em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos
POEMA DO LIVRO Couro Cru & Carne Viva - 1987
A Geografia Poética de Artur Gomes, em Música, Prosa e Verso
ou
A Arte da Palavra em Movimento
Por Cristiane Grando*
“todo poema tem dois gomes
toda faca tem dois gumes”
Artur Gomes
“A poesia é palavra que não fere o silêncio.”
Jorge Berchet
É possível encontrar, na poesia de Artur Gomes (Cacomanga-RJ, 1948), uma série de referências culturais, uma espécie de mapa, uma geografia poética. Seus versos são visitados por diversos artistas e intelectuais, vivos e eternos, da arte brasileira e universal, como os músicos Caetano Veloso, Miles Davis, Janis Joplin, e John Lennon, os cineastas Godard, Truffaut, Fellini e Glauber Rocha, filósofos, dramaturgos, artistas plásticos, os poetas-amigos Dalila Teles Veras, Luíza Buarque e Zhô Bertholini, além de uma infinidade de escritores e poetas: Hilda Hilst, Paulo Leminski, Ferreira Gullar, Fernando Pessoa, Drummond, Lorca, entre outros, e especialmente seus mestres – os Andrades, Mário e Oswald e Guimarães Rosa... Macunaíma, Serafim Ponte Grande e Sagarana, são referências constantes na obra de Artur Gomes.
Num diálogo intenso com a tradição literária, Macunaíma transforma-se em Fulinaíma, e, acrescida da obra do mestre Guima, metamorfosea-se em SagaraNAgens Fulinaímicas, (livro e CD ainda inéditos) poesia-música... e teatro, para os que têm o privilégio de assistir aos shows de Artur Gomes, declamando pelas ruas, bares, palcos... pela vida. Em sua inquietude, Gomes, impregna o mundo com o som de poemas no cotidiano, quando os torna existência em sua voz. O valor deste trabalho poético e musical ganha maior intensidade quando inserido no contexto da sociedade contemporânea, no qual a poesia quase não tem espaço nem estudo.
A poesia de Artur Gomes fere sem ferir. Num universo de navalhas, sexo, cio, náuseas, estrumes, sua poesia tem dois gumes: um, marcado pela tradição dos poetas malditos, retomando Baudelaire, Rimbaud e Mallarmé em inúmeros poemas; outro pela musicalidade, arma com a qual assalta/assusta o leitor desprevenido. Em lances de versos metalingüísticas, o próprio poeta define o fazer poético: “pense sinfonia em rimas raras”.
Para ler Artur Gomes, devemos sempre estar atentos aos jogos de palavras, à riqueza do trabalho sonoro e rítmico, à musicalidade, à inquietude de seus conceitos, à plurissignificação, à multiplicidade das formas que as palavras assumem no espaço da folha em branco, às maiúsculas e minúsculas usadas de forma nada convencional, à criação de neologismos e novas expressões, como drummundo, sabe/sabre, fogo de palha/fogo & palha, bola de gude/gosma de grude, boca do estômago/bala no estômago. Um exemplo de trabalho formal e inovador e representado no poema “Dia D”, cujas estrofes iniciam-se por uma vírgula.
A cultura brasileira ganha valor e significado quando é convocada à sua festa criativa uma grande quantidade de elementos indígenas e africanos, relegados muitas vezes pela sociedade brasileira. Da mesma forma, estilos musicais variados, associados à vanguarda da música contemporânea, também são convocados a esta festa de livros e CDs de Artur Gomes que pode ser conferida ouvindo o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia, onde desfia com os seus parceiros Luiz Ribeiro, Naiman de Reubes Pess a sua “Marca Registrada".
A palavra poética é uma ponte, uma celebração da liberdade pela qual as pessoas podem ou devem ao menos tentar cruzar, para se salvarem ou para gritarem contra as injustiças sociais e abusos que o império comete em seus extra-muros.
A arte que assume Artur Gomes em seus versos e em sua vida é a arte da palavra em movimento. Sendo ator, gestor e produtor cultural, Artur caminha por diversas vertentes artísticas. Assim como o mímico Jiddu Saldanha, Artur Gomes sabe “arrancar do gesto/ a palavra chave/ da palavra a imagem xis/ tudo por um risco/ tudo por um triz”.
Agradecimentos ao poeta Leo Lobos, pela leitura da obra de Artur Gomes e pelo diálogo, sugestões e comentários tecidos durante a elaboração do texto.
Cristiane Grando
Escritora, fotógrafa e professora
Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada – Universidade de São Paulo (USP). Laureada UNESCO-ASCHBERG de Literatura 2002-2003
A Traição do Lirismo
Dalila Teles Veras
(orelha do livro)
Artur Gomes, feito gume, é máquina devoradora do mundo.
Mastiga coisas, afetos, pessoas, rumina e afia os elementos
em sua navalha verbal e os transforma na mais pura poesia.
Dono de uma criatividade em permanente ebulição, hábil no verbo
e na disposição visual do mesmo no espaço do suporte - papel ou pano -
bandeira a gotejar palavra que, não raro, é também palco e gesto,
(in)cenação a complementar e enriquecer o que a palavra muda já disse,
a dizer outra coisa que é também a mesma coisa: poesia.
Poeta em tempo integral, como poucos ousaram ser, Artur Gomes constrói,
sem pressa (os anos não parecem pesar - na carne nem no espírito)
a sua delirante e criativa poesia, colagem da colagem da colagem,
(re)encarnação mais do que perfeita da antropofagia como nem
mesmo o velho Serafim sonhou. Nada, absolutamente nada escapa
à sua devastadora e permanente passagem, andarilho de poderosa
voz a evangelizar para a poesia.
Este Brazilírica Pereira: A Traição das Metáforas é a continuação
de um enredo de há muito ensaiado. Seus atrevidos personagens
já apareciam em Vinte Poemas com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção
com Sabor de Campos. Legítimas apropriações retiradas de
suas viagens brazílicas, figuras que a sua generosidade literária
faz questão de homenagear. Na passarela poética de Artur,
tanto podem desfilar Mallarmé, Faustino, Dalí, Oswald,
Baudelaire, Drummond, Pound, Ana Cristina César
e o sempre lembrado mestre Uilcon Pereira,
a quem o novo livro é dedicado, como personagens anônimos
encontrados nas quebradas do mundaréu, além dos amigos,
objeto constante de sua poesia. Neste caldeirão,
“olho gótico TVendo”, entra até um despudorado acróstico,
rimas milionárias em permanente celebração.
O poeta Artur, disfarçado de concreto,
celebra descaradamente a amizade e o lirismo
e ri-se de quem tenta classificá-lo. Evoé, Artur!
Delírio Verbal e Preito
em BraziLírica Pereira
O livro, altar em que se celebra poetas do conturbado século XX, traz a poesia do poeta fluminense Artur Gomes, situada na interface da praxis artística e da experiência existencial, advinda do campo das escaramuças lexicais e da experimentação alegórica.
Erorci Santana*
BraziLírica Pereira: A Traição das Metáforas (Alpharrabio Edições, Santo André/SP, 2000), obra poética de Artur Gomes, toda grafada em minúsculas, principia com dois textos ou, melhor, intertextos com lastro na obra do escritor Uilcon Pereira, espécie de homenagem a desvairada letra uilconiana e à figura daquele escritor. Tanto que, no sintético poema que arremata esse preito literário, Artur o invoca através de uma circunstância biográfica datada: “quem es tú uilcon pereira?/que foste fazer na sorbonne?/Ter aulas com sartre/ou cantar a simone?”.
Contudo, e apesar da primazia de Uilcon Pereira nesta festa verbal, é vasto o coração dessa usina lírica, BraZilírica Pereira trafega em que, antes de traição, há a afirmação do caráter multifacetário e engendrador das metáforas, personificadas e levadas ao extremo onde êxtase e humor se entrelaçam. Todo um renque de escritores de ponta é glosado, parodiado e parafraseado: Mallarmé(e seu lance de dados), Oswald de Andrade (e seus biscoitos finos, prometido ao palato das massas), Leminski (e sua Alice), Drummond (e seu anjo torto), além de Torquato Neto, Mário Faustino, Sousândrade, Ezra Pound, Dalí, Ana Cristina César, autores referenciais a constituir um panteão geracional. São ícones alinhados no altar da celebração literária, sim, mas também serventia doméstica, dos quais o autor se utiliza, por estético capricho, com derrisão e iconoclastia: “torquato era um poeta/que amou a ana/leminski profeta/que amou a lice/um dia/pós/veio uilcon torto/e pegou a joia diana/juntou na pereiralice/com o corpo & alma das duas/foi Beauvoir assombradado/roendo o osso do mito/pra lá de frança ou bahia/pois tudo que o anjo via/Sartre jurou já Ter dito/Nonada/biúte:ria”.
Aqui não se vislumbra paradoxo, pois a modernidade, tendo peneirado as cinzas da dor humana no século XX, revelou a fênix de face tanto ebúrnea quanto álacre; a arte passou a privilegiar o profano e o lúdico em detrimento das inclinações sacramentais e sombrias. E essa BraziLírica Pereira antropofágica e transluzente é a maneira do poeta entretecer a urdidura dos afetos, reinventar a cultura e os agentes culturais de sua predileção, com instrumentos lúdicos e sarcásticos, considerados a ponte para a grande arte.
Outro aspecto a ser considerado é que o autor, egresso do movimento da poesia marginal dos anos 70, “essa poesia de efeito extraordinariamente comunicativo, que procura e tira vantagem de uma dicção bem-humorada, ardilosa, alegre e instantânea”, na radiografia de Heloísa Buarque de Hollanda, incorporou e aprimorou suas principais conquistas estéticas, notadamente elementos da oralidade acoplados à exploração acentuada da sonoridade vocabular, recurso que leva a poesia ao liminar do domínio musical. Quase não é mais poesia para ler e sim para dizer em alta voz, ou cantar., circunstância em que o poeta moderno recupera o status de jogral. Nessa aventura literária, às vezes o autor se transubstancia no texto, traveste-se através das personas Lady Gumes, Macabea, Federika Bezerra, Fedra Margarida, projeções de seu alter-ego que pretendem cravar o corpo na palavra, com sinuosidades, coalescências e dissimulações, atributos só encontráveis no espírito feminino.
Situada na interface da praxis artística e experiência existencial, o poeta-prazer, com estado de êxtase permanente desde Couro Cru & Carne Viva, perpetua sua poesia guerrilheira no campo das escaramuças lexicais e da experimentação alegórica, dotada até de um certo autoflagelamento exibicionista, em que louca e alucinada se lacera e despe-se da veste hierática revelando sua outra face insuspeita, sua outra indumentária profusa e multicolor. Em outras palavras, seu traje de ironia e de humor.
Erorci Santana é poeta, autor de Estatura Leviana, Conceitos para Rancor e Maravilta.
feitiçarias de Artur Gomes –
Michèle Sato
Difícil iniciar um prefácio para abordar feitiçarias de um grande mestre. A mágica aparição do texto transborda sentidos cósmicos, como se um feixe de luz penetrasse em um túnel escuro dando-lhe o sorver da vida. Diariamente, recebo um deserto imenso de poemas e a leitura se esvai com “batatinha quando nasce põe a mão no coração”. Um ou outro me chama a atenção, desde que sou do chamado “mundo das ciências” e leio poemas com coração, mas inevitavelmente aguçado pelo olhar crítico vindo do cérebro.
A academia pode ser engessada, mas é, sobremaneira, exigente. Aplaude o inédito, reconhecendo que o poema é um caos antes de ser exteriorizado, mas harmônico, quando enfeitiçado. A leitura requer algo como canto do vento, que não seja fugaz, mas que acaricie no assopro da Terra. Por isso, é com satisfação que inicio este pequeno texto, sem nenhuma pretensão de esgotar o talento do grande mestre, mas responder aos poemas de Artur que brilham, soltam faíscas, incendeiam-se em erotismo e garras enigmáticas. Ele transcende regras, inventa palavras, enlouquece verbos. E as relações estabelecidas revelam a desordem dos sonhos na concretude harmônica de suas palavras.
A aventura erótica não se despede de seu olhar político. Situado fenomenologicamente no mundo, e transverso nele, Artur profana o sagrado com suas invenções transgressoras. Reinventa a magia e decreta uma nova vida para que o mundo não seja habitado somente pelos imbecis. Dança no universo, com a palavra fluída, imprevistos pitorescos, mordidas e grunhidos. Reaparece no meio de um cacto espinhoso, mas é absurdamente capaz de ofertar a beleza da flor. Contemporâneo e primitivo se aliam, vencem os abismos como se ao comerem as palavras monótonas, pudessem renascer por meio da antropofagia infinita de barulhos e silêncios. O sangue coagulado jorra, as cavernas se dissolvem e é provável que poucos compreendam a beleza que daí se origina.
Nos labirintos de suas palavras, resplandece o guerreiro devorador, embriagado, quase descendo ao seu próprio inferno. Emana seu fogo, na ardência de sexo e simultaneamente na carícia do amor. Pedras frias se aquecem, coram com o tom devasso que colore a mais bela das pornofonias. Marquês de Sade sente inveja por não ser o único déspota das palavras sensuais. E os poemas de Artur reflorescem, exalam odor como desejos secretos e risos que ecoam no infinito.
não fosse essa alga queimando em tua coxa ou se fosse e já soubesse mar o nome do teu macho o amor em ti consumiria (jura secreta 5)
De repente um cavalo selvagem cavalga na relva úmida, como se o orvalho da manhã pudesse revelar o fogo roubado das pinturas rupestres. Ao som de tambores, suas palavras se tornam arte em si, como se fossem desenhos projetados em um fantástico mundo vertiginoso. Seres encantados surgem das águas originários de sentimento, abraçadas nas pedras lisas, rugosas, esverdeadas da terra. O fogo dança em vulcões e a metamorfose é percebida em seus ares. Os elementos se definem como bestas, humanos, ou segmentos da natureza como uma orquestra sinfônica que vai além da sonoridade. Adentram sentidos polissêmicos e, neste momento, até o André Breton percebe o significado das palavras de Artur, pois a beleza é convulsiva e crava no peito feito cicatriz.
e o que não soubesse do que foi escrito está cravado em nós como cicatriz no corte (jura secreta 10)
Da violação do limite, do fruto proibido ou da linguagem erótica, os poemas de Artur são orgasmos literários que oscilam entre o sacro e o profano. Sua cultura, visão de mundo e inteligência possibilitam ir além da pura emoção sentimental, evocando a liberdade para que a terra asfixiada grite pela esperança. Artur comunga com outros seres a solidariedade da Terra, ainda que por vezes, seja devastador em denunciar disparidades, mas é habilidoso em anunciar acalentos. A palavra poética desfruta fronteiras, e Roland Barthes diria que a história de Artur é o seu tributo apaixonado que ele presta ao mundo para com ele se conciliar. Em sua linguagem explosiva, provavelmente está a intensidade de sua paixão - um amor perverso o suficiente para viciar em suas palavras, mas delicado o bastante para dar gênese ao mundo enfeitiçado pela habilidade de sua linguagem.
A essência deste perfume parece estar refletida num espelho, pois se as linguagens podem incluir também o silêncio, as palavras de Artur soam como uma melodia. Projetada numa tela, a pintura erótica torna-se sublime e para além de escrevê-las, ele vive suas linguagens. Esta talvez seja a diferença de Artur com tantos outros poetas: a sua capacidade de transcender a tradição medíocre para viver um intenso de mistério de sua poética. Ele não duvida de suas palavras, nem as censura para não quebrar seu encanto, mas devora em seu ser na imaginação e no poder de sua criação. Criador e criatura se misturam, zombam da vida, gargalham da obviedade. Põem-se em movimento na dança estrelas que iluminam a palavra.
Os fragmentos poéticos são misteriosos de propósito, uma cortina mal fechada assinala que o palco pode ser visto, porém não em sua totalidade. Disso resulta a sedução para que ele continue escrevendo, numa manifestação enigmática do poder surrealista em nos alertar sobre nossas incompletudes fenomenológicas. O imperfeito é o sentido da fascinação, diria Barthes em seus fragmentos de um discurso amoroso. E a poética de Artur não representa ressurreição, nem logro, senão nossos desejos. O prazer do texto pode revelar o prazer do autor, mas não necessariamente do leitor. Mas Artur lança-se nesta dialética do desejo, permitindo um jogo sensual que o espaço seja dado e que a oportunidade do prazer seja saciada como se fosse um "kama sutra poético" para além do prazer corporal. Esta duplicidade semiológica pode ser compreendida como subversiva da gramática engessada - o que, em realidade, torna seus textos mais brilhantes. Não pela destruição da erudição, mas pela abertura da fenda, para que a fruição da linguagem seja bandeira cultural da liberdade.
E a sua liberdade projeta-se num horizonte onde a dimensão sócio-ambiental é freqüentemente presente. É uma poesia universal de representações urbanas e rurais, de flora, fauna e fontes de praças públicas. Desacralizando o “normal previsível”, borda em sua costura de mosaicos, esquinas e passaredos.
eu sei de gente e de bichos ambos atolados no lixo tem gente que come bicho tem bicho que come gente tem gente que vive no lixo tem lixo que mora no bicho gente que sabe que é bicho e bicho que pensa ser gente(jura secreta 28)
A poética das Juras Secretas opõem-se a instância pretérita numa espiral de presente com futuro. Metafisicamente, desliga-se do momento agonizante e os olhos do poeta não se cansam, ainda que a paisagem queira cansá-los. Seu toque lembra o neoconcretismo, por vezes, cuja aparição na semana da arte moderna mexeu com os mais tradicionais versos da literatura ordinária. Mas sua temporalidade vence Chronos, na denúncia de um calendário tirano ao anúncio de Kairós, também senhor do tempo, mas que media pelos ritmos do coração.
20 horas 20 noites 20 anos 20 dias até quando esperaria... até quando alguém percebesse que mesmo matando o amor o amor não morreria. (jura secreta 98)
É óbvio que a materialidade da linguagem, sua prosódia e seu léxico se mantêm no texto. Mas foge das estruturas engessadas do arrombo repetitivo, florescendo em neologismos verossímeis e ritmos cardíacos. Amiúde, são palavras jorradas em potente cultura significante. No chão dialogante, este poeta desestabiliza a normalidade com suas criações.
por que te amo e amor não tem pele nome ou sobrenome não adianta chamar que ele não vem quando se quer porque tem seus próprios códigos e segredos mas não tenha medo pode sangrar pode doer e ferir fundo mas é razão de estar no mundo nem que seja por segundo por um beijo mesmo breve por que te amo no sol no sal no mar na neve.(jura secreta 34)
ARTUR GOMES é, para mim, um grande relato de seu próprio devir, que sabe poetizar a partir de seu vivido. E por isso, enfeitiça.
*Michele Sato – Doutora em Biologia – Pesquisadora da UFMT –
Organizadora da Antologia Eco Arte Para o Re-Encantamento do Mundo
A Poesia Liberada de Artur Gomes
por Uilcon Pereira
há uma passagem, em Auto do Frade, de João Cabral que me chamou a atenção:
"- Fazem-no calar porque, certo,
sua fala traz grande perigo.
- Dizem que ele é perigoso mesmo
falando em frutas, passarinhos".
Vislumbro aí uma espécie de definição do alto poder transgressor da poesia, do poeta, da arte em geral: deixar fluir uma energia de protesto e indignação, crítica e iluminação da existência, qualquer que seja o pretexto ou ponto de partida.
Por exemplo -: Suor & Cio, novo poemário de Artur Gomes. Na sua primeira parte (Tecidos sobre a Terra), lemos um testemunho direto sobre as misérias e sofrimentos na região de Campos dos Goytacazes, interior fluminense. Não se canta amorosamente as lavouras de cana e grandes usinas, os aceiros e céus de anil. Ao contrário. Ouvimos uma fala que "traz grande perigo", efetivamente, ao denunciar - com aspereza e às vezes até com extremo rancor - a situação histórico-social, bruta e feroz, selvagem e primitiva, da exploração do homem no contexto do latifúndio e da monocultura.
"usina mói a cana
o caldo e o bagaço.
usina mói o braço
a carne o osso".
Mas esta poesia dura, cortante e aguda, mantém igualmente a sua força de transgressão - continua revolucionária e perigosa - mesmo quando tematiza (principalmente em Tecidos sobre a Pele, segunda parte do livro) as frutas, ou prazer sexual, os seios, o mar, os impulsos eróticos. Por detrás dos elementos bucólicos e paradisíacos (só na aparência, bem entendido), eis que explode o censurado o reprimido, o que não tem de vergonha nem nunca terá:
"arando o vale das coxas
com o caule da minha espada
no pomar das tuas pernas
eu planto a língua molhada".
Por isso, frequentemente os poemas se debruçam sobre o próprio ofício do poeta, e sobre o próprio sentido do fazer artístico. Ofício de artista, experiência de poeta: presença do risco e da violação das normas injustas: carnavalizando, desbundando a troup-sex, infernizando o céu e santificando a boca do inferno, denunciando o rufo dos chicotes, opondo-se aos donos da vida que controlam o saldo, o lucro e o tesão.
Os versos de Artur Gomes querem ser lidos, declamados, afixados em cartazes, desenhados em camisas. E vieram para ficar nas memórias e bibliotecas da nossa gente, apesar do suor e do cio, graças ao suor e ao cio:
"com um prazer de fera
e um punhal de amante".
Uilcon Pereira
são paulo, julho 85
Antologia Eco Arte
Org. Michele Sato – UFMT
Pontal Foto Grafia
1. Aqui,
redes em pânico
pescam esqueletos no mar
esquadras – descobrimento
espinhas de peixe
convento
cabrálias esperas
relento
escamas secas no prato
e um cheiro podre no
AR
caranguejos explodem
mangues em pólvora
Ovo de Colombo quebrado
areia branca inferno livre
Rimbaud - África virgem –
carne na cruz dos escombros
trapos balançam varais
telhados boiam nas ondas
tijolos afundando náufragos
último suspiro da bomba
na boca incerta da barra
esgoto fétido do mundo
grafando lentes na marra
imagens daqui saqueadas
Jerusalém pagã visitada
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Jesus Cristo não passou por aqui
Miles Davis fisgou na agulha
Oscar no foco de palha
cobra de vidro sangue na fagulha
carne de peixe maracangalha
que mar eu bebo na telha
que a minha língua não tralha?
penúltima dose de pólvora
palmeira subindo a maralha
punhal trincheira na trilha
cortando o pano a navalha
fatal daqui Pernambuco
Atafona.Pontal.Grussaí
as crianças são testemunhas:
Mallarmè passou por aqui
bebo teu fato em fogo
punhal na ova do bar
palhoças ao sol fevereiro
aluga-se teu brejo no mar
o preço nem Deus nem sabre
sementes de bagre no porto
a porca no sujo quintal
plástico de lixo nos mangues
que mar eu bebo afinal?
Artur Gomes (1948) Fazenda Santa Maria de Cacomanga, Campos dos Goytacazes - Estado do Rio de Janeiro.
Fulinaíma MultiProjetos
(22)99815-1268 - whatsapp
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