A arte e o seu templo
“e fosse o poema a dança oculta de uma fala por baixo do silêncio, acima dos murmúrios de um pássaro a voar além do que traduzo”.
Igor Fagundes
In Pensamento Dança – tese de doutorado em Letras (UFRJ)
*
A arte expressa através do tempo
a história universal da humanidade
a veracidade, em cada pensamento
do homem e sua hora
a arte dança
pinta
encena
escreve filma
foto.grafa
fala
a arte não cala
explora invoca provoca
insiste resiste
clareia o templo escuro
arma/dura do humano
pra tatear o seu presente
tentar prever o seu futuro
enquanto escrevo
o pensamento dança
cada palavra voa
nesse corpo nem um pouco santo
o riso pode vir do pranto
a lágrima pode descer do riso
na dupla face que carrego
todo sentimento vem comigo
hoje nesse palco Trianon
em seus 26 anos de memórias
nesse poema falo fotografo
danço escrevo quanto de bom
tem nessa história
metáforas em suas nuances
retrato em uma folha
a sua mais perfeita linha
a arte de suas performances
eu te desejo flores lírios brancos
margaridas girassóis rosas vermelhas
e tudo quanto pétala
asas estrelas borboletas
alecrim bem-me-quer e alfazema
eu te desejo emblema
deste poema desvairado
com teu cheiro teu perfume
teu sabor teu suor tua doçura
e na mais santa loucura
declarar-te amor até os ossos
eu te desejo e posso :
palavrArte até a morte
enquanto a vida nos procura
Artur Gomes
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Jura secreta 23
a lavra da pa/lavra quero
1
a lavra da palavra quero
quando for pluma
mesmo sendo espora
felicidade uma palavra
onde a lavra explora
se é saudade dói mas não demora
e sendo fauna linda como a Flora
lua Luanda vem não vá embora
se for poema fogo do desejo
quando for beijo que seja como agora
2
a lavra da palavra quero
seja pele pluma
onde Mayara bruma
já me diz espero
saliva na palavra espuma
onde tua lavra é uma
elétrica pulsação de Eros
a dança do teu corpo vero
onde tu alma luna
e o meu corpo empluma
valsa por Laguna em beijos e boleros
Artur Gomes
Do livro Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
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Lado B –
Lado A
O lado B sempre conta uma história que mesmo sendo a mesma o
lado A não tem coragem de contar assim como marisa pode ser mim mesma federico baudelaire
também pode ser federika lispector euGênio mallarmé rúbia querubim todos serAfim
do mesmo canibalismo tupiniquim desses
templos trevosos que mostram escancaradamente onde foi parar a humanidade não
apenas estes mas também os outros nove se debatem na estrada do desespero procurando
a fresta alguma luz no fim do túnel nos telhados de assombradado ou nas vozes de
lobisomens que ecoem dentro das paredes do hotel amazonas afogadas que foram
nas águas do paraíba quando ainda império galvez passou por aqui
Artur
Fulinaíma
Do livro Inédito: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
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Vampiro Goytacá
no porão da casa onde aprendi a enxergar clara/luz na escuridão quando seus olhos de vidro viraram espelhos para os meus numa madrugada 27 agosto 1948 datas também me acompanham desde que vi o primeiro clarão diurno quando o trem passou para dores de macabu quando estive na bolívia senti o cheiro de corumbá ali de perto em assunção do paraguai porto viejo canavarro o barro vermelho no carnaval pelas fronteiras cerveja com caldo de piranha a dona de um bordel no pantanal chamava os jacarés com nomes de jogadores de futebol quando perdi o avião pra boa vista
Artur Gomes
Do inédito: Vampiro Goytacá Canibal Tupiniquim
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