sexta-feira, 7 de abril de 2023

Zila Mamede

 

Bois Dormindo

Zila Mamede (à Tomé Filgueira)

A paz dos bois dormindo era tamanha
(mas grave era tristeza do seu sono)
e tanto era o silêncio da campina
que ouviam nascer as açucenas.

No sono os bois seguiam tangerinos
que abandonando relhos e chicotes
tangiam-nos serenos com as cantigas
aboiadeiras e um bastão de lírios.

Os bois assim dormindo caminhavam
destino não de bois mas de meninos
libertos que vadiassem chão de feno;

e ausentes de limites e porteiras
arquitetassem sonhos (sem currais)
nessa paz outonal de bois dormindo.

 

 ZILA MAMEDE nasceu em Nova Palmeira, na Paraíba, em 1928. É expressão máxima da poesia potiguar do século XX. Foi lida e admirada por grandes poetas como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto. Faleceu em 1985, enquanto nadava na Praia do Meio, costa litorânea, próxima ao Forte dos Reis Magos, em Natal, Rio Grande do Norte.

Leia mais no blog https://beraderos.blogspot.com/


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