domingo, 24 de agosto de 2025

Juras Secretas

FestCampos de Poesia Falada

 Projeto realizado pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, criado em 1999 com o objetivo de fomentar a criação e interpretação de poesia, chega a este ano de 2023 a sua XXIIIª Edição e volta a ser coordenado pelo seu idealizador: poeta.ator.vídeo.maker e produtor cultural Artur Gomes

 Na foto: Martinho Santafé, autor de Manual Para Assassinar Frangos, poesia vencedora do III FestCampos de Poesia Falada em 2001.

 Clique no link para ver o vídeo na interpretação de Aldebaran Bastos – que recebeu o prêmio de Melhor Intérprete do IIIº FestCampos de Poesia Falada - 2001

https://www.facebook.com/aldebaran.bastos/videos/3677343572354258

 leia mais no blog

FestCampos de Poesia Falada

https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/


ontem não fui nem vim

fiquei sem onda magnética

feito folha seca no chão sem vento


Itabapoana Pedra Pássaro Poema 

https://porradalirica.blogspot.com/


prá muito mais além

de mim de ti de nós

a voz que vem da alma

mesmo calma

é muito mais aflita

quando grita

seu silêncio – infinita 


               Teatro do Absurdo

 

no próximo dia seis

vou me despir de vez

rasgar os p(l)anos

no próximo dia seis

no parque desengano

plantar amoras

pedra bonita – metáforas

para os olhos de quem não vê

isa bela acha bonito

tudo aquilo que não falo

no  próximo dia seis

desmontar o circo

no universo paralello

montar pirandelo

ionesco artaud Fernando arrabal

no próximo dia seis

eu me despi pro carnaval 

Artur Gomes

Laboratório de Teatro

Leia mais no blog

https://fulinaimamultiprojetos.blogspot.com/

Angra

 

assim como o pau-brasil

a flor do mangue

também sangra


Rúbia Querubim

https://fulinaimicamente.blogspot.com/

ontem não fui nem vim

fiquei sem onda magnética

feito folha seca no chão sem vento

Jura secreta 34 

 

por que te amo 

e amor não tem pele

nome ou sobrenome 

 

não adianta chamar 

que ele não vem quando se quer 

porque tem seus próprios códigos

e segredos 

 

mas não tenha medo 

pode sangrar pode doer 

e ferir fundo 

mas é razão de estar no mundo 

 

nem que seja por segundo 

por um beijo mesmo breve 

por que te amo 

no sol no sal no mar na neve

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

 https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/

          Goytacá Boy 

musicado e cantado por Naiman 
no CD fulinaíma sax blues poesia 

ando por São Paulo meio Araraquara 
a pele índia do meu corpo 
concha de sangue em tua veia 
sangrada ao sol na carne clara 

juntei meu goytacá teu guarani 
tupy or not tupy 
não foi a língua que ouvi 
em tua boca caiçara 

para falar para lamber para lembrar 
da sua língua arco íris litoral 
como colar de uiara 
é que eu choro como a chuva curuminha 
mineral da mais profunda 
lágrima que mãe chorara 

para roçar para provar para tocar 
na sua pele urucum de carne e osso 
a minha língua tara 
sonha cumer do teu almoço 
e ainda como um doido curuminha 
a lamber o chão que restou da Guanabara 

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

Gravado em vídeo pelo autor integra a Mostra Arte de Toda Gente – FUNARTE_Rio – 2021 – Curadoria: Tchello d´Barros

 https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/

      a musa da rua formosa

 

nem tudo ou nada

me leva para o ouro lado 

quando não quero

quero quero 

carne de tapioca

farinha de mandioca

temperada com azeite

sal pimenta

nada discreta

tecida de carioca

no morro de Ibitioca

minha sede não aguenta

essa cerveja campista

nem fiado nem a vista

nem sua fórmula secreta

tem musa que não entende

a linguagem de um  poeta

 

Artur Gomes

https://fulinaimagens.blogspot.com/

     tem dias que a gente se sente


me sinto agora

só e bem acompanhado

meu lado de dentro

olhando meu lado de fora


Artur Fulinaíma

https://arturkabrunco.blogspot.com/

Juras secreta 62

 

tenho estado

entre o fio e a navalha

perigosamente – no limite

pulando a cerca da fronteira

entre o teu estado de sítio

e o meu estado de surto

só curto a palavra viva

odeio uma língua morta

poema que presta é linguagem

pratico a SagaraNAgem

na esquina da rua torta

 

Artur Gomes

Juras Secretas

Edititora Penalux – 2018

https://secretasjuras.blogspot.com/

    jura secreta 129

poema do livro SagaraNAgens Fulinaímicas

 

a coisa que me habita é pólvora

dinamite em ponto de explosão

o país em que habito é nunca

me verás rendido a normas

ou leis que me impeçam a fala

a rua onde trafego é amplo

atalho pra o submundo

o poço onde mergulho é fundo

vai da pele que me cobre a carne

ao nervo mais íntimo do osso


Artur Gomes

https://www.facebook.com/groups/155521691464333/?fref=ts


Alunos do IFF Campus Centro lendo Juras Secretas – de Artur Gomes – aula de literatura de Eva Serberlich 

Jura Secreta 54


nossas palavras escorrem
pelo escorrer dos anos
estradas virtuais
fossem algaravias
nosso desejo que não se concreta

eu tenho a fome entre os dedos
a sede entre os dentes
e a língua sobre a escrita
que ainda não fizemos

e o que brota desse amor latente
se o desejo é tua boca
no lençol dos dias?

          esse teu olho que me olha

azul safira – ou mesmo

verde esmeralda fosse

pedra – pétala rara

carne na matéria doce

ou mesmo apenas fosse

esse teu olho que me olha

quando me entregas do mar

toda alga que me trouxe


quando te tocar

é pra alvoroçar os teus cabelos

eriçar teus pelos

molhar os teus mamilos de saliva

com essa língua viva

 aqui na minha boca 

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

https://secretasjuras.blogspot.com/

Artur Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia – Memória e Resistência – Uma Trajetória Multilinguagens

 No longo bate papo semana passada com a minha querida amiga, Jailza Mota, no Museu Histórico de Campos, para o seu TCC de Licenciatura em Teatro no IFF, alguns detalhes dessa trajetória, que até então me passavam despercebidos, vieram a tona.

 Em 1977 no texto de Orávio de Campos Soares,  para o livro Além da Mesa Posta, ele profetiza, que minha poesia, até então, simbolista e existencialista, dos dois livros anteriores: Um Instante No Meu Cérebro e Mutações Em Pré-Juízo, iria desaguar com o foco no social.

 Jailza Mota observa que, o próprio título Além da Mesa Posta, mesmo que o seu conteúdo, não seja de poesia com foco no social, nos dá margem para pensar muito além da “Santa Ceia, mas em todas as “mesas postas” nos lares de todas as famílias dos desprivilegiados por esta país afora.

 Pois bem, em 1978 dois escrevo dois poemas onde o social estão explícitos em suas temáticas: Canta Cidade Canta, vencedor do Festival de Poesia, promovido pelo Departamento Municipal de Cultura de Campos e Jesus Cristo Cortador de Cana, publicado em livreto de cordel.

 No mesmo ando de 1978, um Grupo de Teatro ligado ao convento dos Padres Redentoristas, cria uma encenação com o poema Jesus Cristo Cortador de Cana, com a intenção de encená-lo na ETFC, mas é censurado pela direção da Escola.

 Mas em 1989, ele sobe ao palco do Teatro de Bolso, interpretado por Eugênio Soares, na montagem que dirigi com 9 estudantes da Escola de Serviço Social da UFF, para a tese de conclusão do curso, refletindo sobre a vida das mulheres dos cortadores de cana, e trabalhadores da antiga e extinta Usina de Outeiro.

 

Leia mais no blog https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/


poética 44

 

na pedra do sossego
eu me abstenho

na pedra do sossego
eu me abstrato

na argamassa dos teus olhos
me preservo

 

na pele dos teus dedos

meu barato

nos mamilos dos teus seios
me concreto

no cio do teu corpo
eu me retrato

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://secretasjuras.blogspot.com/





 Jura Secreta 47 


a face oculta da maçã 
duas partes que se abrem pêssego 

campo de girassóis teus pelos 
alvoroçados sob o sol de Amsterdã 

enquanto isso 
em teus mamilos penso 
o que ainda não comi desta maçã 

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux - 2018

https://secretasjuras.blogspot.com/

 


 poética 43

 

a percepção acho que é um dom uma descoberta um pássaro que pousa em nossa cabeça e nos atira aos fios elétricos do corpo  liberdade vem de dentro do motor  dos músculos os ponteiros que só se movem quando querem o repouso absoluto é uma forma de silêncio não vejo muita graça em ser sozinho solidão as vezes faz bem noutras assusta mas sou tenho um amor que ainda não me diz abertamente do diamante que mora dentro dele mas toco a música dela tem itálias e palavrões as vezes quando me pergunto onde vou nem sempre tem resposta  aliás respostas é o que menos tenho encontrado para as 25 mil perguntas paradas no ar  o rascunho dos meus primeiros dias ficou esquecido numa tipografia do tempo emoldurado na tinta que mudou de cor

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://secretasjuras.blogspot.com/

 



poética 38

 

enquanto escavo a seiva
entre o vão das suas coxas 
para desfrutar do teu cio
e santificar o nosso  ócio

a selva amazônica perde 
mais 200 mil hectares de mata virgem
para as moto serras assassinas
desse venal agro negócio


poética 24

para lucia muniz de sousa

 

naquela manhã de sol em ubatuba
lambi o ácido que caiu depois da chuva

cheirei resíduos da resina  em caraguá

e a toxina que entranhou naquela uva
caiu da lágrima que bebi do teu olhar

 

 

poética 25

para salgado maranhão

 

a cor da tua palavra me conforta
porta que se abre pra beleza absoluta
a vida que tivemos na matéria bruta
a sorte de nascer dentro do norte
na   felina selvageria da pantera

 

o sal que temperou as nossas eras

na pele do  tempero ruptura em cada corte

e ao mesmo tempo é voz que predestina
que o  poeta  não vai morrer antes da morte

 

 

 poética 26

 

viajo para muito além do  corpo
onde habito no buraco

mais pro  fundo 
dos sentidos abstratos

no abstrato  um samurai
onde o concreto nem de longe 
significa o quântico
 do amor que ainda trai


poética 27
para ronaldo werneck

 

foto grafias
foto gramas
pomba rio
pomba minas
rio prece
rio drama
minas tomba

esquadro poema pátrio
partido país penetrado
por quem descobriu a pólvora
pavio explodindo  chamas

paiol nas colchas das camas

de um país esfarrapado


poética 28

funk dance funk

para sebastião nunes

 

a noite inteira invento Joplin na fagulha
jorrando Cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
fábio parada de lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.

 

rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.

 

quando ela canta Eleonora de Lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo que aprendeu com mallarmè

 

punkrEreção pancada 
onde estão nossos negrumes?
nunkrEreçãonegróide nada

 

 descubro o irado tião nunes

para o banquete desta zorra
e vou buscar em madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.

 

antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,

ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!

 

 Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020 



terça-feira, 17 de janeiro de 2023

O Homem Com A Flor Na Boca

O homem com a flor na boca

 

cada boca tem sua língua

cada língua tem seu vício

cada vício seu desejo

metáfora de fogo quem sabe

ou flor do desejo quem dera

o desejo da língua é o beijo

vermelha  flor de aquarela

a rosa quem me deu foi ela

 

nos olhos da flor  o  que sinto

no coração absinto o que vejo

e sem  nenhum sacrifício

amar de forma indireta

sem pensar  fim ou início

de alguma jura secreta

a seta no arco é a flecha

o alvo da flecha é a seta

 

a flor na boca é desejo

o beijo na flor é a meta



BraziLírica Pereira Pereira

: A Traição das Metárofas

para Dalila Teles Veras

 

Re-Visitando

 

aqui

onde as coisas acontecem

agora estou

onde já estive

mesmo não estando

independente de onde esteja

me viaja pra Lisboa

pelas Ilhas da Madeira

e eu aqui de Madureira

me transporto em barco à vela

me transformo em aquarela

com poemas de Kandinski

mando um beijo pro Leminski

e me refaço na Pessoa



Artur Gomes

Leia mais no blog https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Artur Gomes - 50 Anos de Poesia - Com Os Dentes Cravados na Memória IV

 


Artur Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia

Memória e Resistência – uma Trajetória Multilinguagens – Com Os Dentes Cravados na Memória - IV

 Em 1975 com Ponto de Luz,  parceria com Vitor Meirelles(Pardal) e Bento Mineiro, vencemos o Festival de Música do SESC Campos.

Aqui preciso abrir um parêntese para descrever um acidente que aconteceu comigo em 1967 e que foi aos poucos me direcionando para outros caminhos em direção a Arte. Mas deixo essa questão para os apontamentos que tenho feito para o livro de memória: Da Nascente A Foz – Um Rio de Palavras.

Em 1976, com Balada Pros Mortais, parceria com Paulo Ciranda, vencemos o Festival de Música de Itaocara-RJ e posteriormente o Festival Universitário realizado no Rio pela Universidade SESRIO.

Interpretei o personagem Fando, da peça Fando e Lis, de Fernando Arrabal, contracenando com Maria Helena Gomes, direção de Orávio de Campos Soares, no Teatro do SESC.

 Me encontrava escrevendo alguns poemas e textos para o livro Além da Mesa Posta, que seria lançado em 1977, foi quando ouvi primeira vez a música Apalo Seco de Belchior e os versos “tenho 25 anos de sonho e de sangue e de América do Sul por força desse destino um tango argentino me vai bem melhor que um blues”, soaram como uma pedrada na cuca e vieram de encontro ao que estava escrevendo na época:

 

Tenho mais de 25 mil perguntas

Tenho mais de 25 mil cartas sem respostas

Tenho um futuro à minha frente

Um presenta às minhas custas

E o um passado às minhas costas

Eu tenho sangue nas veias

Não tenho estrela na testa

A vida vale o quanto custa

E poesia é o que me resta.

 

Daí, peguei o material  já escrito e criei o monólogo – 25 Anos de Sonho e Sangue, que algumas vezes de forma solo e outras contracenando com Jorge Pessanha Santiago, encenei no Teatro do SESC Campos, Teatro São João, em São João da Barra e em Santa Maria Madalena.

Vale lembrar que Jorge Pessanha Santiago(Baiano), na época era estudante do curso Técnico na Escola Técnica Federal de Campos e hoje é doutor em Antropologia, professor titular da Universidade de Lion, na França.

Em Santa Maria Madalena conheci Eurídice Hespanhol Macedo, amor à primeira vista e musa de algumas poesias que escrevi para concluir o livro Além da Mesa Posta.

 

Leia mais no blog https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/

 

 


sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Artur Gomes - 50 Anos de Poesia - Com os Dentes Cravados Na Memória - III

 


Artur Gomes – 50 Anos de Poesia

Memória e Resistência

Uma Trajetória Multilinguaens

Com Os Dentes Cravados Na Memória – III

 Em 1975 lancei o meu segundo livro de poesia: Mutações Em Pré-Juízo, com prefácio de Marcos Wagner Coutinho, com quem passei inúmeras tarde na varanda de sua casa, conversando sobre literatura, música, poesia e o nosso cotidiano na Escola Técnica Federal de Campos.

 Havia começado a rascunhar alguns textos e poemas para um próximo livro, que ainda não tinha encontrado o título, quando Deneval Azevedo Filho, me propõe fazer uma adaptação para o Teatro, e assim nasceu a peça Judas – O Resto Da Cruz, encenada no Teatro de Bolso, em julho de 1975.

 Em 1975 também começo a cooptar estudantes da ETFC para uma Oficina de Teatro, e realizamos a segunda montagem de Judas – O Resto Da Cruz, no Teatro do SESC, com direção de Ronaldo Pereira, e alguns meses depois realizamos uma outra montagem no Centro Cultural de Macaé, com uma concepção cênica de Newton Rabello.

As parcerias com Paulo Ciranda seguiam ao sabor do vento, e em 1976, foram desaguar em outros Festivais.

 

Mas isso é assunto para a próxima postagem

Leia mais no blog https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/


poética 44

 

na pedra do sossego
eu me abstenho

na pedra do sossego
eu me abstrato

na argamassa dos teus olhos
me preservo

 

na pele dos teus dedos

meu barato

nos mamilos dos teus seios
me concreto

no cio do teu corpo
eu me retrato

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://secretasjuras.blogspot.com/





 Jura Secreta 47 


a face oculta da maçã 
duas partes que se abrem pêssego 

campo de girassóis teus pelos 
alvoroçados sob o sol de Amsterdã 

enquanto isso 
em teus mamilos penso 
o que ainda não comi desta maçã 

 

Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux - 2018

https://secretasjuras.blogspot.com/

 


 poética 43

 

a percepção acho que é um dom uma descoberta um pássaro que pousa em nossa cabeça e nos atira aos fios elétricos do corpo  liberdade vem de dentro do motor  dos músculos os ponteiros que só se movem quando querem o repouso absoluto é uma forma de silêncio não vejo muita graça em ser sozinho solidão as vezes faz bem noutras assusta mas sou tenho um amor que ainda não me diz abertamente do diamante que mora dentro dele mas toco a música dela tem itálias e palavrões as vezes quando me pergunto onde vou nem sempre tem resposta  aliás respostas é o que menos tenho encontrado para as 25 mil perguntas paradas no ar  o rascunho dos meus primeiros dias ficou esquecido numa tipografia do tempo emoldurado na tinta que mudou de cor

 

Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

https://secretasjuras.blogspot.com/

 



poética 38

 

enquanto escavo a seiva
entre o vão das suas coxas 
para desfrutar do teu cio
e santificar o nosso  ócio

a selva amazônica perde 
mais 200 mil hectares de mata virgem
para as moto serras assassinas
desse venal agro negócio


poética 24

para lucia muniz de sousa

 

naquela manhã de sol em ubatuba
lambi o ácido que caiu depois da chuva

cheirei resíduos da resina  em caraguá

e a toxina que entranhou naquela uva
caiu da lágrima que bebi do teu olhar

poética 25

para salgado maranhão

 

a cor da tua palavra me conforta
porta que se abre pra beleza absoluta
a vida que tivemos na matéria bruta
a sorte de nascer dentro do norte
na   felina selvageria da pantera

 

o sal que temperou as nossas eras

na pele do  tempero ruptura em cada corte

e ao mesmo tempo é voz que predestina
que o  poeta  não vai morrer antes da morte


 poética 26

 

viajo para muito além do  corpo
onde habito no buraco

mais pro  fundo 
dos sentidos abstratos

no abstrato  um samurai
onde o concreto nem de longe 
significa o quântico
 do amor que ainda trai


poética 27
para ronaldo werneck

 

foto grafias
foto gramas
pomba rio
pomba minas
rio prece
rio drama
minas tomba

esquadro poema pátrio
partido país penetrado
por quem descobriu a pólvora
pavio explodindo  chamas

paiol nas colchas das camas

de um país esfarrapado


poética 28

funk dance funk

para sebastião nunes

 

a noite inteira invento Joplin na fagulha
jorrando Cocker na fornalha
funkrEreção fel fala
fábio parada de lucas é logo ali
trilhando os trilhos centrais do braZil.

 

rajadas de sons cortando os ínfimos
poemas sonoros foram feitos para os íntimos
conkretude versus conkrEreção
relâmpagos no coice do coração.

 

quando ela canta Eleonora de Lennon
lilibay sequestra a banda no castelo de areia
quando ela toca o esqueleto de lorca
salta do som em movimento enquanto houver
e federika ensaia o passo que aprendeu com mallarmè

 

punkrEreção pancada 
onde estão nossos negrumes?
nunkrEreçãonegróide nada

 

 descubro o irado tião nunes

para o banquete desta zorra
e vou buscar em madureira
a Fina Flor do Pau Pereira.

 

antes que barro vire borra
antes que festa vire forra
antes que marte vire morra
antes que esperma vire porra,

ó baby a vida é gume
ó mather a vida é lume
ó lady a vida é life!

 

 Artur Gomes

O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020 

     O homem com a flor na boca

 

cada boca tem sua língua

cada língua tem seu vício

cada vício seu desejo

metáfora de fogo quem sabe

ou flor do desejo quem dera

o desejo da língua é o beijo

vermelha  flor de aquarela

a rosa quem me deu foi ela

 

nos olhos da flor  o  que sinto

no coração absinto o que vejo

e sem  nenhum sacrifício

amar de forma indireta

sem pensar  fim ou início

de alguma jura secreta

a seta no arco é a flecha

o alvo da flecha é a seta

 

a flor na boca é desejo

o beijo na flor é a meta


                             BraziLírica Pereira Pereira

: A Traição das Metárofas

para Dalila Teles Veras

 

Re-Visitando

 

aqui

onde as coisas acontecem

agora estou

onde já estive

mesmo não estando

independente de onde esteja

me viaja pra Lisboa

pelas Ilhas da Madeira

e eu aqui de Madureira

me transporto em barco à vela

me transformo em aquarela

com poemas de Kandinski

mando um beijo pro Leminski

e me refaço na Pessoa


Artur Gomes

Leia mais no blog https://fulinaimatupiniquim.blogspot.com/

Artur Gomes – 2023 – 50 Anos de Poesia

Memória e Resistência – uma Trajetória Multilinguagens – Com Os Dentes Cravados na Memória - IV

 Em 1975 com Ponto de Luz,  parceria com Vitor Meirelles(Pardal) e Bento Mineiro, vencemos o Festival de Música do SESC Campos.

Aqui preciso abrir um parêntese para descrever um acidente que aconteceu comigo em 1967 e que foi aos poucos me direcionando para outros caminhos em direção a Arte. Mas deixo essa questão para os apontamentos que tenho feito para o livro de memória: Da Nascente A Foz – Um Rio de Palavras.

Em 1976, com Balada Pros Mortais, parceria com Paulo Ciranda, vencemos o Festival de Música de Itaocara-RJ e posteriormente o Festival Universitário realizado no Rio pela Universidade SESRIO.

Interpretei o personagem Fando, da peça Fando e Lis, de Fernando Arrabal, contracenando com Maria Helena Gomes, direção de Orávio de Campos Soares, no Teatro do SESC.

 Me encontrava escrevendo alguns poemas e textos para o livro Além da Mesa Posta, que seria lançado em 1977, foi quando ouvi primeira vez a música Apalo Seco de Belchior e os versos “tenho 25 anos de sonho e de sangue e de América do Sul por força desse destino um tango argentino me vai bem melhor que um blues”, soaram como uma pedrada na cuca e vieram de encontro ao que estava escrevendo na época:

 

Tenho mais de 25 mil perguntas

Tenho mais de 25 mil cartas sem respostas

Tenho um futuro à minha frente

Um presenta às minhas custas

E o um passado às minhas costas

Eu tenho sangue nas veias

Não tenho estrela na testa

A vida vale o quanto custa

E poesia é o que me resta.

 

Daí, peguei o material  já escrito e criei o monólogo – 25 Anos de Sonho e Sangue, que algumas vezes de forma solo e outras contracenando com Jorge Pessanha Santiago, encenei no Teatro do SESC Campos, Teatro São João, em São João da Barra e em Santa Maria Madalena.

Vale lembrar que Jorge Pessanha Santiago(Baiano), na época era estudante do curso Técnico na Escola Técnica Federal de Campos e hoje é doutor em Antropologia, professor titular da Universidade de Lion, na França.

Em Santa Maria Madalena conheci Eurídice Hespanhol Macedo, amor à primeira vista e musa de algumas poesias que escrevi para concluir o livro Além da Mesa Posta.

 

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