segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Mostra Visual de Poesia Brasileira - Poesia em Movimento

 







ou tudo será posto de lado
e na procura da vida
a morte virá na frente
e abrirá caminhos.

É preciso que haja algum respeito,
ao menos um esboço
ou a dignidade humana se afirmará
a machadadas.

Torquato Neto




AntiLírica

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UNS E OUTROS

Depois de agosto
quero uma primavera de andar sobre a relva
há que sobrar uma flor a se abrir em amor
estou farta dessas farpas
em palavras nunca ditas
navalhas afiadas cortando a língua
ao revés da lavra
quero livre a dor
quero leve a cor
tempestades são anunciadas
busco um gesto equilibrista
entre ventos tão revoltos
nesse quase mundo malabarista
deixo solta a asa
- eu briso
no vendaval da vida -

(Nic Cardeal/2020)



quixaba uma palavra estranha
assim como katchup guanabara guaxindiba
guarapari lembra-me índio capixaba
goiaba carne vermelha
teu corpo nu diante do espelho
página do livro onde te grafitei
em couro cru & carne viva
alga marinha nascida em mar de angra
a flor da pele ainda sangra
como último beijo mordido na boca
sem sinal de despedida

Artur Gomes


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o ruído

 

o ruído é mudo.

ouço o seu silêncio espalhafatoso.

o ruído delira na sua mais infinita

horda de desespero noturno.

tudo o que for espaço

do qual ele não caiba,

ele grita para os moucos,

ele circula no quadrado,

ele busca a inércia dos santos,

ele imerge no mênstruo das virgens.

o ruído gargalha sequioso,

divaga fora do tempo.

 

Dudu Galisa



                            Augusto de Campos 


Tropicalirismo

 

Girassóis pousando

Nu – teu corpo festa

beija-flor seresta

poesia fosse

esse sol que emana

do teu fogo   farto

lambuzando a uva

de saliva doce

 

Artur Gomes

www.suorecio.blogspot.com


Tragédia Brasileira 4

 

por quê não fui morar na Bahia

quando podia?

hoje não posso

por estar grávida de desejos outros

                que desconcertam

                 a tua van filosofia

 

Gigi Mocidade

www.fulinaimargem.blogspot.com




Desse Fruto

 

Tem gente por ai vivendo que nem bicho

Fuçando comida na lata do lixo

Tem gente por ai vivendo que nem bicho

Fuçando comida na lata do lixo

 

Irmã gêmea da loucura

Dos gritos na noite escura

É gente dormindo debaixo do viaduto

E comendo a parte mais podre do fruto

 

É gente que nem parece que é gente

Mas que a gente sabe que é gente

É gente que nem parece que é gente

Mas que a gente sabe que é gente

 

Também tem gente por ai vivendo que nem gente

Guardando o seu ouro a unha e dente

Também tem gente por ai vivendo que nem gente

Guardando o seu ouro a unha e dente

Trancando as portas sem saber que na rua

Sangra exposta a ferida sua

 

É gente engordando por cima do fruto

E atirando a parte mais podre no lixo

No lixo

 

É gente que até parece que é gente

Mas que a gente sabe que é bicho

É gente que até parece que é gente

Mas que a gente sabe que é bicho

 

Akira Yamasaki - Edvaldo Santana - Osnofa

 


s'imbora

 

hora o tempo me sopra

hora que me devora

então a criança chora

não sabe onde mora

nem sabe se fica

se vai embora

se vive dentro

se fora

sabe

que cresce

tece

e

entardece

como quem veste

de luz

a extrema

hora

 

Hamilton Faria

https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/

 



descaminhos
para Rúbia Querubim

quando te procuro
e não encontro
ando tanto tanto tanto
chego a gastar os tutanos
nos descaminhos
desse enredo

mas por enquanto
vou te amar assim
em segredo

Artur Fulinaíma

por onde andará macunaíma? 

https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/

 


Pedra Dourada

em pedra dourada
conheci 8 minas
uma me deixou de quatro
fez de mim gato e sapato
não fosse eu camaleão
quase lagarto
cairia na cilada

agora não se fala mais
agora não se fala nada

Federico Baudelaire

www.porradalirica.blogspot.com

 




O poeta é um fingidor

chove aqui dentro
mais do que lá fora
eu tenho pressa
de olhar teus olhos
nesse mar de angra
o pau brasil sangra

enquanto isso
ela passeia no egito
entre templos sagrados
dessas múmias quânticas

me perdoa
o poeta é um fingidor
mas eu não sou Fernando Pessoa

Artur Gomes
por onde andará Macunaíma?
https://fulinaimagens.blogspot.com/ 




estou sentindo calafrios

pensando água ardente

de dia é muito frio

mas a noite vai ser quente

 

Federico Baudelaire

 

Mostra Visual de Poesia Brasileira

Poesia em Movimento – leia mais no blog

https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/



hoje

nesse tempo frio

me perdi de vista

bem na beira mar

quase beira rio

 

Federika Lispector

https://ciadesafiodeteatro.blogspot.com/




coisa de índio
Afrodite-se-Quiser

para Marisa Vieira e Mano Melo

estava caminhando pelo Rio
exatamente na Visconde de Pira-já
na esquina de  Ipanema

batidas no coração
quando avistei Helena
que não era do Rio
deve ter sido assombração
que veio em algum poema

Pastor de Andrade
in - Igreja Universal do Reino de Zeus

https://fulinaimargem.blogspot.com/




vamos que vamos
nesse trem pernambucanas

em terras sorocabanas
revirando a barra das saias
das pedras das águas   itabapoanas

 

Rúbia Querubim

www.fulinaimatupiniquim.blogspot.com



boca do inferno

por mais que te amar

seja uma zorra
eu te confesso amor pagão
não tem de ter perdão pra nós
eu quero mais é teu pudor de dama
despetalando em meus lençóis



no lombo de um  macutraia

ou no rabo de uma arraia

viaje de norte a sul

pra  visitar  em Gargaú

a Biblioteca Bracutaia

 

Eugênio Mallarmè

https://personasarturianas.blogspot.com/



Jura secreta 10

fosse o que eu quisesse
apenas um beijo roubado em tua boca
dentro do poema nada cabe
nem o que sei nem o que não se sabe

e o que não soubesse
do que foi escrito
está cravado em nós
como cicatriz no corte
entre uma palavra e outra
do que não dissesse

Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux - 2018


PoÉticas Arturianas

 o vento bate aqui toda semana

vento do sul e do norte

vento forte - voa meu barco

me leva até Copacabana

 

Gigi Mocidade

https://arturfulinaima.blogspot.com/




Navegar é preciso

para Fernando Aguiar

 

Aqui

redes em pânico

pescam esqueletos no mar

esquadras  descobrimento

espinhas de peixe convento

cabrálias esperas relento

escamas secas no prato

e um cheiro podre no AR

caranguejos explodem

mangues em pólvora

 

é surreal a nossa realidade

tubarões famintos devoram cadáveres

em nossa sala de jantar

 

como levar o   barco

em meio a essa tempestade

navegar é preciso

mas está dificilíssimo navegar

 

Artur Gomes
Pátria A(r)mada

Desconcertos Editora - 2022

  

cacomanga 2

ali nasci
minha infância
era só canaviais
ali mesmo aprendi
conhecer os donos de fazenda
e odiar os generais.


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https://fulinaimicamente.blogspot.com



Dani-se morreale

se ela me pisar nos calos
me cumer o fígado
me botar de quatro
assim como cavalo
galopar meus pelos
devorar as vértebras
Dani-se

se ela me vier de unhas
me lascar os dentes
até sangrar o sexo
me enfiar a faca
apunhalar meus olhos
perfurar meus dedos
Dani-se

se o amor for bruto
até mesmo sádico
neste instante lírico
se comédia ou trágico
quero estar no ato
e Dani-se o fato
deste sangue quente
em tua boca dos infernos
deixa queimar os ossos
e explodir os nossos
poemas físicos pós modernos

Artur Gomes
O Poeta Enquanto Coisa
Editora Penalux – 2020
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https://secretasjuras.blogspot.com



PoÉticas Fulinaímicas

 

a foto.grafia é quase a mesma

mas não é arturiana

essa é fulinaímica

na geografia sagarana

eu não sou ator de mímica

nem cantor de amazona

 

a minha cara é muito cínica

sou um poeta bem sacana

 

Artur Gomes Gumes

https://suorecio.blogspot.com/




clique no link para V(l)ER

https://centrodeartefulinaima.blogspot.com/




 toda nudez não será castigada

 

quantos azuis celebram
tua pele pêssego
para que o amor seja
sempre
a fruta que a semente
explode em luz

 

Federico Baudelaire

https://personasarturianas.blogspot.com/





Todo Dia É Dia D

 

todos os dias 
acendo minhas lamparinas
e meus lampiões
o pavio aceso
afasta as aves de rapina
e o calor das chamas 
aquece os corações

 

Federika Lispector

https://coletivomacunaimadecultura.blogspot.com/

 

 

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