sexta-feira, 7 de abril de 2023

Múltiplas Poéticas


Vozes da cabaça




Dentro da diáspora
No hemisfério de fora
expulso do baobá

Ouvi a voz da cuia
O verbo do berimbau
A ventania na cabaça
A fala do berra-boi

A diáspora dem cabeça
Assombra em pedaços
O pé do homem rachado
A poeira no olho
O chapéu de palha

Atrapalha a paisagem
A memória curva
O olho calejado
As mãos de calo

Um lombo torto
A história nas costas
O banzo das coisas
O samba meu blue

Gingo os episódios
Driblo as tragédias
Entrecruzo o caminho

 

Babilak Bah

Gilson Cesar da Silva (Babilak Bah) nasceu em Bayeux-Pb e reside atualmente em Belo Horizonte é músico profissional, poeta, arte-educador, artista-visual militante do Movimento Negro. Publicou quatro livros: Diáspora Descontente – 2021, Uma Clínica de Instantes Inusitados – 2021 – Corpoletrado – 2009, Voo miragem – 2003 e produziu dois CDs: Enxadário: Orquestra de Enxadas, em 2006, e Biografia de Homens Inquietos, em 2010, e o DVD Afroprogressivo, em 2014. Atualmente coordena o coletivo Trem Tan Tan e ministra a oficina:ritmo, corpo e palavras.

Leia mais no blog https://beraderos.blogspot.com/


Jura Secreta 52

 injúria secreta 

Suassuna no teu corpo 
couro de cor Compadecida 
Ariano sábio e louco 
inaugura em mim a vida 

Pedra do Reino no riacho 
gumes de atalhos na pedreira 
menina dos brincos de pérola 
pétala na mola do moinho 
palavra acesa na fogueira 

pós os ismos tudo e pós 
na pele ou nas aranhas 
na carne ou nos lençóis 
no palco ou no cinema 

a palavra que procuro 
é clara quando não é gema 
até furar os meus olhos 
com alguma cascata de luz 

devassa em mim quando transcende 
lamparina que acende 
e transforma em mel 
o que antes era pus 

 

 Artur Gomes

do livro Juras Secretas

Editora Penalux – 2018

www.secretasjuras.blogspot.com


         

             Rubens Jardim –Poemas Visuais 


ALGO EM COMUM

 

Não. Não somos todos iguais.

Não temos a mesma casca, nem a mesma raiz.

Dos que darão frutos (e não serão muitos)

Sairão sabores e texturas diferentes.

Dos que darão flores (e serão poucos)

Sairão cores e aromas distintos.

 

Não atraímos as mesmas abelhas e pássaros.

Não nos molhamos igualmente de chuva.

Não resistimos da mesma forma aos ventos.

Nem proporcionamos a mesma sombra.

 

Não somos todos fortes. 

Não somos todos fracos.

 

Mas sim, em algum momento somamos

E a vida ganha algum sentido.

E nesses momentos temos algo em comum

 

Armando Liguori Junior

Do Livro TODA SAÍDA É DE EMERGÊNCIA

De 2021 – publicação própria.

 



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