segunda-feira, 23 de setembro de 2024

com os dentes cravados na memória



com os dentes cravados na memória

Jiddu Saldanhairmão, meu mestre Artur Gomes. Viajamos por muitos lugares, essas fotos me fazem chorar porque só quem viu viu, só quem viveu viveu...

Simplesmente LINDRO! como você conseguiu tornar a poesia uma causa de vida, durante toda uma vida?

*

Artur Gomes –  Para te responder esta pergunta Jiddu é preciso uma retrospectiva para eu mesmo tentar compreender melhor como os caminhos com a poesia foram se tornando vitais em minha vida e de alguma forma sem nenhum tipo de planejamento pensado, mas sim, intuitivamente, como se tudo fosse acontecendo por acaso, mas aí te devolvo esta pergunta: será que nas nossas  vidas as coisas acontecem por acaso?


 I

Lá pelos idos dos anos de 1961 a 1964 dentro da tipografia da Escola Técnica de Campos, onde fiz o curso ginasial e me tornei linotipista(minha primeira profissão), que tive o primeiro contato mais íntimo com a poesia de Casemiro de Abreu e Gonçalves Dias. Mas não imaginava que um dia chegaria a  escrever,  apesar da emoção que experimentava.

 II

Em 1965 aos 16 anos tive o meu primeiro emprego de linotipista no jornal A Cidade, em Campos,  e nesse mesmo ano estudei contabilidade na extinta Escola Técnica de Comércio.

 III

Em 1966 foram implantados os primeiros curso técnicos na ETC, comecei então a fazer o curso técnico em Eletrotécnica, a tarde, e pela manhã trabalhava no escritório da Cacomanga, fazenda em que nasci.

 IV

Em 1967 sofri um acidente, já estava alistado para servir o exército, mas com as marcas deixadas por este acidente, imaginei que seria dispensado em Campos mesmo, quando me apresentasse para o embarque para o Rio de Janeiro. Mas isso não aconteceu, então passei metade do ano de 1967 no quartel de Cavalaria de Guarda em São Cristóvão no Rio e metade do ano de 1968 em Brasília-DF.

 V


Em setembro de 1967 ainda no Rio, meu pai Arthur Ribeiro de Abreu, faleceu aos 67 anos de idade. Voltei a Cacomanga, mas pela demora para conseguir dispensa para viajar, quando cheguei em casa, meu pai já tinha sido sepultado.

 VI

Em Brasília, comecei a encarar a solidão das mais diferentes formas que encontrava para aplacá-la e uma delas era escrever cartas para os meus familiares, minha mãe Cinira Gomes e meus irmãos, Ana Maria, Regina Lúcia, Vicente Rafael e Ricardo. Aí começou o meu contato com a escrita de uma forma totalmente emocional, sem a mínima noção de alguma técnica para a narrativa.

 VII

Retornando do exército em junho de 1968, fui convidado pelo meu ex-professor de linotipo, José Leitão, para assumir a vaga de linotipista na então Escola Técnica Federal de Campos. A partir desse momento começam as mudanças comportamentais e experimentais de vida que vão determinar os caminhos a trilhar e a poesia passa a ser a companheira constante para a expressão cotidiana.

 VIII

A partir de 1973 começo a publicar na sequência Um Instante no Meu Cérebro, Mutações Em Pré Juízo(1975) e Além da Mesa Posta(1977). Até então não havia mergulhado ainda em nenhum estudo sobre técnicas, linguagens ou movimentos  poéticos, escrevia intuitivamente, na tentativa de expressar o sentimento presente, era  a forma que tinha encontrado para dialogar com as pessoas.

 IX

Em 1974 começa a minha trajetória na música, nasce a parceira com Paulo Ciranda e uma de nossas primeira canções Caminho de Paz, é premiada com o 1º lugar no IV Festival de Música de São Fidélis, cidade natal do Ciranda. Parceria que neste ano de 2024 chega aos 50 anos.

Em 1974 com direção de Antônio Roberto de Góis Cavalcanti, apresentamos no Teatro de Bolso em Campos, o musical Gotas de Suor, composto por textos e canções autorais. É a minha primeira experiência no palco.

Tinha começado a experimentar nesse período,  revolta e indignação, por passar a entender as questões políticas-sociais, e sistema ditatorial governava o país a ferro e fogo, a partir do dia 31 de março de 1964.


X

Em 1975 começa minha experiência com teatro, através da adaptação feita por Deneval Siqueira Filho,  textos e poemas dos livros Mutações em Pré-Juízo e do ainda não lançado Além da Mesa Posta é criada a primeira versão da peça Judas – O Resto da Cruz. Em 1975 mesmo ela ganha uma outra versão ampliada com textos escritos especialmente para a encenação, que é realizada no Teatro do SESC em Campos, tendo no elenco uma turma de alunos da ETFC, e dessa montagem nasce a Oficina de Teatro da ETFC, que dirigi até 2002 quando me aposentei.


XI

Em 1976 começo uma trajetória no palco com o monólogo de minha autoria: 20 Anos de Sonho e Sangue, inspirado na música Apalo Seco, de Belchior. Na sua primeira edição tenho a companhia no palco de José Jorge Santiago, na época estudante da ETFC e já com uma vivência permanente na  cena teatral de Campos e hoje doutro em Antropologia, e professor na Universidade de Lion na França.

Começo também em 1976 as  minhas experiências como ator em montagens como Fando e Lis, de Fernando Arrabal, com direção de Orávio de Campos Soares encenada no Teatro do SESC Campos e em 1977 O Auto de Elevação da Vila de São Salvador, texto e direção de Winston Churchil Rangel, encenado no Ginásio de Esportes da ETFC.

 XII

Em 1979 começa a publicação  da minha poesia de cunho social com o  lançamento do poema de cordel: Jesus Cristo Cortador de Cana e em 1980 O Auto do Boi-Pintadinho, e começa a minha incursão com a cultura popular e o teatro de rua. O Boi-Pintadinho encenado com alunos da Oficina de Teatro da ETFC, agita as ruas de Campos até 1987, quando para comemorar a eleição de Luciano D´Angelo para a direção da ETFC transformo o Boi-Pintadinho em A Ciranda do Boi Cósmico, incluindo na confecção do Boi, elementos eletrônicos criado por Marcos Guimarães Maciel e elementos pictográficos no cenário criados por Genilson Soares, na encenação que fizemos no Ginásio de Esportes da ETFC, que foram apelidados de “caralhos voadores”.



 XIII

 Em 1980 lanço a primeira edição do em livro do Boi-Pintadinho, com prefácio de Osório Peixoto e desenho de capa de Edson Strobel. Em 1981 sai a sua segunda edição e monto c0m alunos da Oficina de Teatro e da Banda Marcial – O Auto do Boi-Pintadinho, e começo a minha incursão com teatro de rua.

Desde o meado dos anos 70 o mergulho nas leituras de poesia e teatro já tinham se tornado exercícios constantes, mas a música continuava a ser a minha maior fonte de ins-piração, músicos cantores/compositores como Bob Dylan, Jimmi Hendrix, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil já haviam se tornado minhas referências e cantoras também como Maria Bethânia, Gal Costa e Elis Regina eram presenças constante nas agulhas dos meus toca-discos de vinil e nos canais de youtube.


XII

Em 1983 crio o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira, e com ele começo a ter contato com a maior parte dos poetas brasileiros contemporâneos e a espalhar poesia em Exposições e com a a publicação dos Cadernos da MVPB, que imprimia na Tipografia da ETFC.

Com a MVPB começo a ter  contatos com poetas que considero essenciais para a minha trajetória, Olga Savary, Leila Miccolis, Tanussi Cardoso, Aricy Curvelo, Dalila Teles Veras, Hugo Pontes, Paulo Bruskc, Moacyr Cirne, Carlos Lima, Alcides Buss, Helio Letes, Paulo Leminski, Alice Ruiz, Torquato Neto e Joaquim Branco, Avelino Araujo, Almandrade, Philadelpho Meneses, Augusto e Haroldo de Campos.  

A partir desses contatos, com poetas e do material poético que expunha e editava, as minhas técnicas e linguagens vão ganhando outros contornos abrindo-se para outros focos temáticos.

As duas primeiras edições/exposições da MVPB foram realizadas em Campos, 1983 e 1984 no Palácio da Cultura.

A terceira em 1985 foi realizada em Macaé com o apoio do Jornal O Fluminenses através do poeta e jornalista Martinho Santafé, apoio também que tive para a quarta edição realizada no Centro Cultural da UFF em Niterói-RJ e contando com as parcerias de Joaquim Brando e Moacyr Cirne que atuaram comigo na montagem da exposição da seção de poemas visuais

De 1983 a 1987 eu ficava  entre Campos e o Rio de Janeiro,  onde tive a oportunidade de ter uma convivência e atuação em projetos com poetas e críticos cariocas, como Moacyr Felix, Douglas Carrara, Luis Sérgio Azevedo Santos, Geraldo Carneiro, Salgado Maranhão, Kátia Bento, Gerardo Melo Mourão, Carlos Lima, Cairo Trindade, Samaral e Paco Cac.


*

ENGENHO

 

minha terra

é

de senzalas tantas

enterra em ti

milhões de outras esperanças

soterra em teus grilhões

a voz que tenta – avança

plantada em ti

como canavial

que a foice corta

mas cravado em ti

me ponho à luta

mesmo sabendo – o vão

- estreito em cada porta

 

Carne Proibida

 

o preço atual

proíbes que me comas

mas pra ti

estou de graça

pra ti

não tenho preço

sou eu quem me ofereço

a ti

músculo & osso

leva-me à boca

e completa o teu almoço

* 

XIII

Em 1984 poemas meus foram publicados na Antologia Carne Viva, organizada por Olga Savary, considerada a primeira Antologia de poesia erótica publicada no Brasil, com a presença de poetas como Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar, Affonso Romano de Sant´Anna.

Em 1985 depois de um longo estudo sobre a poesia de Paulo Leminski e Torquato Neto, lanço Suor & Cio, com uma poesia totalmente mergulhada em questões sociais:

o corte da cana nos canaviais de Campos dos Goytacazes e as relações patrão/empregado nas usinas de açúcar e em contra/partida um foco também nas questões que envolvem os relacionamentos amorosos entre seres humanos e animais.

Em 1987 lanço Couro Cru & Carne Viva com focos também em questões  sociais e amorosas, só que agora o social é um foco nas questões que envolvem a história do Brasil.

 XIV

Com a criação da MVPB os contatos vãos aos poucos se ampliando, não apenas com poetas, mas também com pessoas interessadas em arte, poesia, críticos, editores e produtores culturais. De repente me via dentro de um caldeirão de efervescência cultural que jamais cheguei imaginar que isso pudesse acontecer comigo, uma pessoa nascida no interior de Campos, dentro de uma fazenda, a Cacomanga, onde passei toda a minha infância e boa parte da juventude, só aos 26 anos, em 1974 que passei a morar na cidade.


Terra,

antes que alguém morra

escrevo prevendo a morte

arriscando a vida

antes que seja tarde

e que a língua da minha boca

não cubra mais tuia ferida

 

telefonaram-me

avisando-me que vinhas

na noite uma estrela

ainda brigava contra a escuridão

na rua sob patas

tombavam homens indefesos

esperei-te 20 anos

até hoje não vieste à minha porta

 

 XV

Em 1985 lanço o Suor & Cio, com a performance Rock And Roll & Poesia, no Bar Doce Bar, ao lado da banda Avyadores do BraZyl: Luiz Ribeiro, Armandinho Ribeiro, Sérvulo Souto e João Pimentel. 

Participo  a convite de Gabriel de La Puente do Encontro de Escritores em Jardinópolis, uma cidadezinha incrível  do interior de São Paulo próxima a Ribeirão Preto. Nesse encontro passo o a conhecer pessoalmente, pessoas que já vinha mantendo correspondência desde  1983 tais como:  Uilcon Pereira(filósofo e crítico professor da UNESP, que assina o prefácio do livro Suor & Cio e para muitos considerado o guru de uma geração), os poetas: Márcio de Almeida, Roberto Piva, Luis Avelima, Floriano Martins e o estudante  de jornalismo Ricardo Pereira Lima que viria a se tornar um grande parceiro na execução de alguns projetos e eventos culturais que vieram a seguir, como a criação da editora Makondo, onde foi editado em 1990  os 20 Poemas Com Gosto de JardiNÓpolis e Uma Canção Com Sabor de Campos.

 XVI

Em 1986 na VI edição da MVPB fizemos uma homenagem a poesia de Manuel Bandeira, com uma exposição do escultor  Jorge Salles com o apoio do grande amigo de trabalho na ETFC Leonardo Vasconcellos. Nesta edição tivemos o apoio do Jornal Folha da Manhã e do Departamento Municipal de Cultura de Campos dos Goytacazes-RJ onde atuei como assessor de 1986 a 1988. Uma das grandes performances e intervenções poéticas desta edição foram realizadas pelo grupo Passa Na Praça Que A Poesia Te Abraça, dirigido por Douglas Carrara, com quem eu já tinha como parceiro em minhas intervenções pelas praças do Rio.


XVII

Em 1987 transformo O Auto Do Boi-Pintadinho, na Ciranda do Boi-Cósmico espetáculo encenado com alunos da Oficina de Teatro da ETFC no Ginásio de Esportes, nessa montagem aparecem no palco pela primeira vez, os personagens Federico Du-Boi, que mais tarde o transformo em Federico Baudelaire e Federika Bezerra, que mais tarde se torna a Porta Bandeeira da Mocidade Indepentende de Padre Olivácio - A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo. 


Lanço o Couro Cru & Carne Viva, com prefácio escrito pelo xará Arthur Soffiatti. Realizo com alunos da Oficina de Teatro da performance Ensaio 87, no repertório, poemas do livro recém lançado e de Carlos Drummond de Adrade.


sagaraNAgens fulinaímicas

guima meu mestre guima
em mil perdões eu te peço
por esta obra encarnada
na carne cabra da peste
da hygia ferreira bem casta
aqui nas bandas do leste
a fome de carne é madrasta

ave palavra profana
cabala que vos fazia
veredas em mais sagaranas
a morte em vida severina
tal qual antropofagia
teu grande serão vou cumer

nem joão cabral severino
nem virgulino de matraca
nem meu padrinho de pia
me ensinou usar faca
o da palavra o fazer

a ferramenta que afino
roubei do mestre drummundo
que o diabo gira mundo
é o narciso do meu ser

Artur Gomes 

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https://suorecio.blogspot.com/

*

Participo de  mais um encontro realizado pensado e organizado pelo intrépido Gabriel de Lapuente, desta vez em Batatais-SP, o seminário: Brasil: Uma Cultura Em Questão.  Nele o reencontro pessoal com Uilcon Pereira, Ricardo Pereira Lima, Roberto Piva, Hugo Pontes e com outros poetas que pessoalmente encontrava pela primeira vez como: Cesar Augusto de Carvalho, Paulo Brusck, Dalila Teles Veras, a pesquisadora e professora da UNESP em São José do Rio Preto, Hygia Calmon Ferreira (a musa do poema SagaraNAgens Fulinaímicas - através dela passo a ter um contato mais direto com a obra de João Guimarães Rosa),  e o cineasta Guilherme de Almeida Prado. Pela dimensão da proposta do evento e a quantidade de participantes oriundos de várias regiões do país, esse encontro gerou uma série de controvérsias.

Em parceria com Genilson Soares, Nilson Siqueira, Mário Sérgio Cardoso e Oscar Wagner, criamos o Studio 52 que funcionou por alguns anos nos altos da Adega 52, na Praça de São Salvador em Campos dos Goytacazes.


XVIII

Em 1988 a convite de Hygia Calmon Ferreira, fui a UNESP em São José do Rio Preto fazer uma performance com os poemas do livro A Cor da Pele, do poeta mineiro Adão Ventura e um palestra sobre o teatro de Oswald de Andrade. O evento tinha como foco temático  o Centenário da Abolição.

Com este mesmo foco realizamos também na ETFC com a participação dos alunos da Oficina de Teatro, a encenação A Cor Da Pele, e uma roda de conversa, com as participações da historiadora Lana Lage, do poeta Ele Semog, e do Diretor da Casa de Cultura José Cândido de Carvalho, Alberto Ferreira Freitas.

Neste ano de 1988 também fiz uma performance em Belo Horizonte no Teatro Francisco Nunes, na posse de Adão Ventura na presidência do Sindicato de Escritores de Minas Gerais, neste  dia conheci o poeta de Montes Claros Aroldo Pereira, criador do projeto Psiu Poético.


XIX

Em 1989 passo a atuar pela primeira vez, na Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, onde permaneci até o ano de 1991.  Criamos em parceria com Genilson Soares, o projeto: Faça Farol Nesse Verão.

Crio também em 1989 o   Festival de Música da Primavera, com suas duas primeiras edições realizada na arena do Parque Alberto Sampaio inaugurada em 1988 com as peças Arena Canta Zumbi, com direção de Kapi.

 Coordenei também as duas primeiras edições do Encontro Nacional de Poesia Em Voz Alta.

Em 1989 também encenei Jesus Cristo Cortador de Cana, para com a participação de 9 alunas da Escola de Serviço Social da UFF, além do poema, a encenação teve textos também das próprias estudantes, criados a partir das suas experiências com as mulheres dos cortadores de cana e empregados da Usina de Outeiro em Campos dos Goytacazes. O poema Jesus Cristo Cortador de Cana, foi interpretado por Eugênio Soares, na época aluno da Oficina de Teatro da ETFC, hoje doutor em História, pesquisador e professor na Universidade Federal do Espírito Santo.


XX

Em 1990 lanço pela editora Makondo, o livro 20 Poemas Com Gosto De JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor De Campos. A performance aconteceu na Casa Amarela, uma casa de arquitetura centenária, que funcionava com uma espécie de centro cultural, com café bar e restaurante.

O livro foi impressão na gráfica de Elias Jabur, músico, advogado e vereador.

A Makondo sob a direção de Ricardo Pereira Lima editou também Ruidurbanos e Entre/Vistas, de Uilcon Pereira e Jardinovelíssimas,  de Ademar Cardoso.

Em Campos fiz uma apresentação no Cantinho do Poeta ao lado do saudoso amigo e músico Eros Lopes Raphael.

Na cidade de Registro região do Vale do Ribeira em São Paulo, estive participando do Seminário: Brasil: Cultura & Resistência, volto a me encontrar com Hygia Calmon Ferreira, que me apresenta sua turma de alunos de Letras na UNESP e recebo o convite de Ademir Antônio Bacca, para a primeira edição do Congresso Brasileiro de Poesia, em Nova Prata-RS.

Em Registro dirigi uma Oficina de Teatro,  e nela conheci o poeta e diretor de teatro capixaba Wilson Coelho.

Numa viagem com estudantes da ETFC a Ouro Preto-MG crio a Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo escrevo a o poema para o seu primeiro samba-enredo: Federika Bezerra – A Porta/Bandeira Que BorTou Olivácio Doido. Em Ouro Preto começo o romance com Gisele que se transforma em Gigi Mocidade, a Rainha da Bateria, com quem vivi até 1996. 


Em
mil novecentos e vinte e cinco
na noite de orgias satanazes
um raio de trovão incandescente
rachou a Igreja em Goytacazes
um vulto do despacho então desceu
movido por farol de grande luz
tocou na pedra quebrou cruz
a Rainha do Fogo dessa gente

Federika
de ouro azul e prata
na porta da igreja foi parida
criada pelo Padre Olivácio
que logo depois lançou na vida
aos cindo de idade encantada
foi pega masturbando em sacristia
por causa de um sonho com o príncipe
DuBoi da mais sagrada putaria

Expulsa
da cidade foi pra longe
cresceu entre os jardins de JardiNÓpolis
mas se você pergunta Froid Explica:
- o seu palácio agora é em Petrópolis

Aos
dezenove plena de alegria
conheceu Gigi da Bateria
na porta do Beco de Satã
na festa federal do Bar da Lama
a Deusa dos Lençóis de toda cama
sorrindo para ver como é que fica
dá um corte na história
inverte o drama
e transforma Ouro Preto em Vila Rica

e assim vamos cantar em verso e prosa
a saga dessa Deusa Iansã
que em busca da mordida na maçã
sonhava encontrar Guimarães Rosa

Viemos
do SerTão para os seus braços
porque a Mocidade Independente
é a mais fina e pura Flor do Lácio
afilhada do secular Padre Miguel
e fiel ao seu pai Padre Olivácio
e para completar a grande roda
trazemos o cacique Pau Brasil
o centenário Oswald de Andrade
filho da paulicéia que pariu!

Passando pelas bandas do Catete
dançando na maior intensidade
macumba com o índio brasileiro
nossa Ex-Cola campeã da liberdade

Federika engravidou o grafiteiro
do famoso cacete Samaral
que escrevia pelos muros da cidade:
Mocidade já ganhou o Carnaval!

e assim vamos cantar na grande roda
tudo o que deu e o que não deu
o dia que um pastor bem collorido
pensou ser pai de santo e se fudeu!


XXI

 Em 1992 estando no Rio para acompanhar as atividades da Eco-92, volto a me encontrar com Samaral, que me apresenta Jiddu Saldanha, recém chegado de Curitiba, com quem nasce uma parceria para muitas travessuras com linguagens múltiplas. Alguns meses depois começo a participar do Sarau Quarta Capa, criado edirigido por pelo Jiddu,  realizado no Centro Cultural da Praça da República.

Volto a UNESP em São José do Rio Preto, a convite de estudantes de Letras, para dirigir uma Oficina de Criação Poética, durante a semana de execução desta Oficina, tendo como referências meus diálogos com Hygia Calmon Ferreira, sobre a obra de Guimarães Rosa,  começo a escrever alguns poemas que viriam a compor o espetáculo Magma – O Planeta Onde O Poema Dança, que apresentei em Campinas-SP com produção de Ricardo Pereira Lima, em 1996 ao lado da bailarina Nirvana Marinho. No repertório deste espetáculo, além dos poemas de minha autoria, incluí poema dos livros Magma e Ave Palavra, de Guimarães Rosa.

Estava ainda em São José do Rio Preto quando recebi um convite de Dalila Teles Veras, para realizar uma performance nas comemorações do primeiro aniversário da Livraria e Espaço Cultural Alpharrabio, em Santo André-SP. A performance aconteceu numa noite de sexta-feira e no sábado fui acompanhado por um grupo, formado por Dalila Teles Veras, Jurema Barreto,  Antônio Possidônio Sampaio e J Marinho e Wilma Lima,  fui apresentado aos espaços históricos de Santo de André, e nesta caminhada nasceu a ideia para a 10ª Mostra Visual De Poesia Brasileira, assunto para o próximo tópico.  

*

XXI

Em 1993 depois de um longa correspondência por cartas, com Dalila Teles Veras, crio o projeto Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos, executado pelo SESC-SP na unidade de São Caetano.

Para criar o repertório do evento, levei 6 meses em São Paulo, pesquisando vida e obra de Mário de Andrade com o objetivo de encontrar o tropicalirismo em sua poesia.  

A programação além da unidade do SESC São Caetano,  teve atividades no Alpharrabio em Santo André, na UBE-São Paulo, no Bar Porto das Garrafas em Santo André e no Colégio Objetivo.

Além da exposição criada pelo artista gráfico José César Castro, fizemos uma performance com poemas do livro Paulicea Desvairada, tendo como companheira de palco, a atriz andreense Mônica Cardela.

Participaram também das múltiplas atividades do evento Dalila Teles Veras e poetas do grupo Livre Espaço de Poesia, Jurema Barreto, J Marinho, Rosana Crispim e Claudio Feldman, o músico Carlos Careqa, o poeta piauiense Rubervam Du Nascimento, o músico e crítico literário Zé Miguel Wisnik, os professores Alexandre Takara e Wagner Calmon Ferreira

Foram 15 dias de efervescência poética em São Caetano, Santo André e São Paulo e a partir daí toda a minha concepção de poéticas e linguagens começou mais uma metamorfose provocando  busca por outras formas para expressar os meus desejos e mergulhar na leitura de outros poetas modernistas essenciais para o nosso conhecimento. 

No final de 1993 recebo através de Dalila Teles Veras a notícia que a Mostra Visual de Poesia Brasileira – Mário de Andrade 100 Anos, recebeu o prêmio de Evento do Ano, pela Associação de Profissionais de Críticos de Arte de São Paulo (APCA). 

 XXIII

Início de 1994 Rubervam Du Nascimento, começa a me instigar que precisávamos levar a MVPB para Teresina, e acabou me convencendo. Percebi que era o momento em um mergulho na -poesia de Torquato Neto e Mário Faustino e assim foi feito, nesses dois livros fundamentais para compreender com mais profundidade a poesia desses dois magníficos representantes  da poesia brasileira  contemporânea. Torquato eu já vinha lendo desde 1983 e Mário Faustino foi um presente que ganhei em Santo André da minha querida e saudosa amiga Wilma Lima  

De São partimos para Teresina na companhia de Dalila Teles Veras e do músico Carlos Careqa. Lá além do próprio Rubervam, encontramos o poeta visual do Rio Grande do Norte, J Medeiros e o professor e crítico de arte Jommard Muniz de Brito.

Uma semana de encontros, rodas de conversa e intervenções poéticas, no Teatro da Cidade, no Mercado Municipal, nas praças e na Universiade Federal do Piauí.

Um dos momentos mais hilários da MVPB em Teresina, foi a visita que fizemos ao túmulo do Torquato Neto, com o discurso emocionado do poeta J Medeiros. 

*

quando nasci meu pai me deu caju minha mãe severina cuscuz com carne seca no leite da manhã vã filosofia lembra daquele dia dezembro mil novecentos e noventa e quatro? j medeiros deu um show trepado no túmulo do torquato saímos  do cemitério pro mercado para lamber a cajuína era uma tarde de sol em teresina –

*

Me encontrava hospedado na casa da minha amiga Vilma Lima, e recebi uma ligação de Danilo Miranda, (campista), gerente regional do SESC-SP, me parabenizando pela MVPB Mário de Andrade 100 Anos e me desafiando para a criação de um projeto sobre vida e obra de Oswald de Andrade, porque era o seu preferido. Respondi que o desafio estava aceito.

Já vinha lendo Oswald, pois impossível pesquisar vida e obra de Mário e não se esbarrar no seu parceiro da Semana de Arte de 1922. Já havia assistido também algumas montagens da peça O Rei da Vela. Mas a partir de então  mergulhei na leitura da vida e obra antropofágica de Oswald de Andrade. 

Em 1994 ainda,  depois que li Serafim Ponte Grande, criei a performance teatral Retalhos Imortais do SerAfim, com o casal de alunos da Oficina de Teatro do  CEFET-Campos, Rey de Souza e Clarice Terra. Para a montagem, criei 18 personagens ligados a vida e obra de Oswald mais o poema Cântico dos Cânticos Para Flauta & Violão. A primeira encenação se deu ainda em 1994 em Campos no Auditório Miguel Ramalho, no CEFET-Campos.


 XXIV 

Em 1995 antes projeto  Retalhos Imortais do SerAfim – Oswald Andrade Nada Sabia de Mim, ser realizado pelo SESC-SP, fui convidados pela UFMG para apresenta-lo no Festival de Inverno em Ouro Preto. Realizamos lá a exposição de poemas verbais e visuais: Os Órfãos de Oswald e a performance Retalhos Imortais do SerAfim com Clarice Terra e Rey de Souza meus alunos na Oficina de Teatro do Cefet-Campos.

Aproveitei a ida a Ouro Preto, e fiz Oficina do Corpo, com o bailarino mineiro Alexandrino do Carmo, que a muito tempo tem studio de dança em Nova Yorque. A exposição e a performance aconteceram no porão do Museu da  Casa Guinard. Durante a encenação percebi, que uma pessoa sentada e encostada na parede da Casa, observava atentamente minha interpretação para o poema: Cântico Dos Canticos Para Flauta & Violão, de Oswald de Andrade.

Quando terminamos, ela veio me abraçar emocionada e me disse: “quero dançar ao som da tua voz”. Eu perguntei: como? – ela me respondeu: grava “em uma fica cassete e me manda - sou orientanda de Marília Andrade na UNICAMPI em dança contemporânea para mestrado sobre a obra de Pina Bausch.”

XXV

Voltando de Ouro Preto, no próprio Cefet-Campos, gravei em fita cassete o poema Cântico dos Cânticos Para Flauta e Violão e enviei para Nirvana Marinho. Uma semana depois, ele me manda mensagem dizendo que a coreografia estava pronta, para eu ir a Campinas ensaiarmos. Fizemos o primeiro ensaio na Unicampi e ela me apresentou a Marília Andrade(filha do Oswald), e criadora da Oficina de Dança da Unicampi. O encontro transbordou em emoção.

Em outubro de 1995, o projeto Reatalhos Imortais do SerAfim – Oswald de Andrade Nada Sabia de Mim, é realizado pelo  SESC-SP, com exposições de poemas verbais e visuais, a performance Retalhos Imortais do SerAfim, a gora com a presença no elenco da Nirvana Marinho, e mesa de debate sobre vida e obra do homenageado, depois de várias reuniões com a equipe de cultura do Sesc Consolação, unidade de escolhi para a sua estreia, e seis meses de pesquisa sobre vida e obra do criador da antropofagia cultural, Oswald de Andrade. Posteriormente fragmentos do projeto foi levado ao Sesc- São Caetano, e outras unidades do Sesc pelo Estado de São Paulo.

A partir daí até hoje sou convidados para realizar Oficinas e performances poéticas pelas unidade do Sesc espalhadas pelo Estado de São Paulo.


XXVI

Em agosto de 1996,  me encontrava circulando em São Paulo, hospedado no apartamento do Gabriel de La Puente, na rua Timbiras, próximo a Estação da Luz,  recebo  convite de Ademir Antônio Bacca, para participar  em Bento Gonçalves-RS, da 4ª Edição do Congresso Brasileiro de Poesia.

Apresento em Bento a performance solo com o poema Cântico dos Cânticos Para Flauta & Violão, de Oswald de Andrade. Reencontro Jiddu Saldanha, Hugo Ponte e Affonso Romano de Sant´Anna de quem recebo elogios pela performances, realizadas todas as madrugadas no Hotel Dall`onder, onde estávamos hospedados.

 Conheço de perto os poetas: Fernando Aguiar(Portugal), Clemente Padín(Uruguai), Carlos Nejar(Brasil), e mais: Giovanni Strada, Dieter Ross, Emilio Morandi, Fernando Aguiar, Julien Blaine, Renata Strada, e César Espinosa.

 Dirijo Oficina de Teatro Infantil no Colégio Medianeira,  onde conheci a saudosa amiga, professora de dança, Ivonete Tesser, cunhada do então prefeito Darcy Pozza, que me leva a um encontro com ele e minha estada em Bento que seria de uma semana se transforma em 8 meses. 

Inclusive só não fui transferido para o Cefet-Bento Gonçalves-RS porque em 1997 com a nova LDB de Darcy Ribeiro, onde estudantes do ensino médio passaram a ter 200 horas em Oficinas de Arte, o então diretor do Cefet Campos, Roberto Moraes, não assinou a minha transferência e a Oficina de Teatro sob a minha coordenação passou a fazer parte do currículo escolar dos alunos do curso técnico.


 XXVII

Em 1996 também fui premiado em Piracicaba-SP com o prêmio Escriba de Poesia e selecionado para o Projeto Poesia 96 executado pelo Departamento de Literatura da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo


Lady Gumes African's Baby

 

meto meus dedos cínicos

no teu corpo em fossa

proclamando o que ainda possa

vir a ser surpresa

porque amor não tem essa

de cumer na mesa

é caçador e caça

mastigando na floresta

todo tesão que resta

desta pátria indefesa

ponho meus dedos cínicos

sobre tuas costas

vou lambendo bostas

destas botas NeoBurguesas

porque meu amor não tem essa

de vir a ser surpresa

é língua suja grossa

visceral ilesa

pra lamber tudo que possa

vomitar na mesa

e me livrar da míngua

dessa língua portuguesa.

 

Artur Gomes

In Urbana – 1992

E CarNAvalha Gumes – 1995

leia mais no blog

Artur Gomes - Fulinaimagens 

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XXVIII

 Em 1997, voltando de São Paulo-SP, depois de circular por várias unidades do SESC pelo Estado, com a performance poética: com os dentes cravados na memória, encontro no CEFET-Campos, 3 novas professoras  que foram de suma importância para o trabalho na Oficina de Teatro. Ednalda Almeida e Analice Martins, me deram suporte com a literatura que trabalhei nas montagens com os alunos. A elas também é dedicado o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas, lançado no ano 2000.

Com Beth Rocha, coordenadora do Coral, montamos o espetáculo: O Dia Que A Federal Soltou A Voz E Surgiu Um Coro De 67 Vertebrados. Com esse espetáculo inicio minha trajetória de teatro multilinguagens e pela primeira vez utilizo um cenário virtual, com imagens captadas na Usina Santa Cruz. O espetáculo foi encenado no Auditório Miguel Ramalho. 

*

Em 1997 volto ao Festival de Inverno da UFMG em Ouro Preto-MG para fazer a Oficina de Criação: Do Requinte do Lírico Ao Delicado do Erótico, pilotada pelo grande mestre Sebastião Nunes.  Durante o Festival criamos o livro impressão com papel feito de fibras de bananeiras que nós mesmo colhemos em Ouro Preto. 17 poetas participaram da Oficina cada um recebeu 2 livros e os outros volumes foram doados a Biblioteca da UFMG.  


XXIX

 

Em 1998 para comemorar o centenário do dramaturgo alemão, Bertold Brecht, montamos com os alunos da Oficina de Teatro do Cefet-Campos, 2 espetáculos: Brecht Versus Suassuna, encenado no Auditório Cristina Bastos e o banquete antropofágico: Mendigos Jantam Brecht, encenado no pátio  causando grande furor em cabeças reacionárias de  alunos, funcionários e professores do Cefet.  

Brecht Versus Suassuna foi encenado também na Faculdade de Odontologia, uma parceira com Antônio Roberto Góis Cavalcanti – Kapi, que na época coordenava Oficina de Teatro naquela instituição.   


XXX

 Nada acontece por acaso, em 1999, voltando de Caxias do Sul, encontro na praça São Salvador, meu grande mestre diretor Luciano D´Ângelo, que em 1987 oficializou na ETFC a Oficina de Teatro sob a minha coordenação. Me fala que está secretário de Agricultura e Lenilson Chaves, presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e já havia conversado com Arnaldo Vianna prefeito de Campos, sobre a minha ida para a FCJOL.

Na época eu era sócio do meu grande e saudoso amigo Silvio Muniz, no jornal Mania de Saúde, além de diagramar todo jornal, estava responsável pelas entrevistas com os médicos. Passada mais ou menos uma semana, fui fazer uma matéria para o JMS com o então secretário de Saúde, Alexandre Mocaiber, sobre um programa de saúde infantil que estava sendo implantado.

Chegando a Secretaria de Saúde encontro com Arnaldo Vianna, que me pergunta: “e aí professor já assumiu seu posto na FCJOL?” – respondi que não e que nem estava sabendo da novidade.  Ele pegou a caneta um folha de papel timbrada da Secretaria de Saúde e me nomeou Diretor de Projetos Especiais e me disse: “vá na Fundação e entregue este bilhete a Lenilson Chaves”. E assim começou a minha segunda passagem pela FCJOL.

Em 1999, foi criada a Bienal do Livro de Campos, iniciativa de Lenilson Chaves, em conversa com todos os integrantes de sua equipe e apoio entusiasmado de Ziraldo. Em  1999 criei o FestCampos de Poesia Falada, o tablóide O Coronel E O Lobisomem e voltei a coordenar o Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho.

Coordenei o FestCampos de Poesia Falada, de 1999 a 2004. E nesse período o evento ganhou projeção nacional, tendo concorrido ao mesmo, e sendo premiados poetas como: Fernando Leite Fernandes, Gilberto Mendonça Teles, Sérgio de Castro Pintos, Aluísio Abreu Barbosa, Viviane Mosé, Matinho Santafé, Eliakin Rufino, Antônio Roberto de Góis Cavalcanti (Kapi), Marcos Quiroga, Lau Siqueira e Luciano Carvalho.

Vale lembrar que o poema Camões Lampião, de Sérgio de Castro Pinto, (poeta e professor da Universidade Federal da Paraíba), vencedor do IIº FestCampos de Poesia Falada, está presente na Antologia os 100 poemas do século, organizada por José Neumanes Pinto.

 

  Outro fator também de grande relevância para ser lembrado é que o poema vencedor do IVº FestCampos de Poesia Falada, Receita Para Lavar Palavra Suja, de Viviane Mosé foi o ponto de partida para ela hoje ser a grande filósofa que é, conhecedora profunda da obra de Friedrich Nitzsch, o pensador mais polêmico do século 19.    


XXXI

Em 2000 é realizada pela Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, no Cefet Campos, a I Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, dentro da sua programação lanço o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas, publicado pela Edições Alpharrabio de Santo André-SP, a minha primeira incursão na ficção em prosa, graças a longos diálogos com minhas duas amigas de trabalho no Cefet-Campos, Ednalda Almeida e Analice Martins, minhas duas metáforas dasaforadas. Uma boa quantidade desse livro foi comprada pelo prefeito Arnaldo Viana para presentear seus secretários.

A

Uilcon Pereira

pelo seu eterno

coração de boatos

 

a Carlos Lima

que por seu poema 1968

me permitiu o sub-título

 

e a todos os cúmplices

que por falta de munição & money

não citados

na batalha

desta fake inquisição de um pós-real

tropicanalha.

 

Às musas metafóricas

Analice e Ednalda

para Sandra. Flora e Filipe

                                  *

Em 2000 levo para o Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves-RS a performance solo: Cara/Velas Ao Vento Brasil/Portugal Outros 500 com o mesmo repertório da montagem que fiz com alunos da Oficina de Teatro do Cefet-Campos. Ganhei uma matéria de página inteira no jornal de Caxias do Sul-RS cidade situada também na serra gaúcha. Além dessa performance que fiz no SESC-Bento, circulei falando poesia nas Escolas e em diversos outros espaços na cidade, inclusive pela madrugadas no hall do Hotel VinoCap, onde estávamos hospedados. 



Inicio na I Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ,  a performance poética.musical ao vivo Fulinaíma Sax Blues Poesia. Com os parceiros Dalton Freire e Luiz Ribeiro, provocando frisson no empreiteiro proprietário da empresa responsável pela montagem das tendas das livrarias presentes, que tentou desligar meu microfone, durante nossa performance no palco da Concha Acústica no pátio do Cefete-Campos.  E recebeu minha resposta: - ei meu chapa aqui é minha casa você pode desligar microfone na sua, aqui não. 

*

A II ª Edição do FestCampos de Poesia Falada é realizada no Auditório Cristina Bastos, no Cefet-Campos, e além da premiação em, dinheiro os poetas premiados começaram a ser agraciados também com o Troféu Do Festival, criado por uma estudante de Quimíca do Cefet. Nesta Edição a poesia vencedora foi Camões Lampião, do poeta e professor da Universidade Federal da Paraíba, Sérgio de Castro Pinto 

XXXII

Em 2001 é realizada no Palácio da Cultura a IIIª Edição do FestCampos de Poesia Falada sendo premiada em primeiro lugar a poesia Manual Para Assassinar Frangos, do Jornalista e poeta Martinho Santafé, que narra com uma linguagem hiper-realista fatos ocorridos durante as enchentes do rio Paraíba do Sul. O prêmio de melhor intérprete, foi arrebatado pelo ator macaense, Aldebaran, intérprete de Manual Para Assassinar Frangos 


XXXIII

Em 2002 em parceria com os amigos Luiz Ribeiro, Reubes Pess, Dalton Freire e Naiman(Alexandro Fernando) e com as participações dos músicos: Sérvulo Soto, Betinho Assad e Ângelo Naiman gravo o CD Fulinaíma Sax Blues Poesia.

Os shows de lançamento acontecem no Teatro do SESC-Campos e no Pavilhão da Fundação Cultural de Campos, durante a programação da IIª Bienal do Livro.

*

A IVª Edição do FestCampos de Poesia Falada, acontece também no Pavilhão da Fundação Cultural de Campos, dentro da programação da Bienal do Livro,  sagra-se vencedora a poesia Receita Para Lavar Palavra Suja, de Viviane Mosé, que também é eleita a Melhor Intérprete. 

Em  Bento Gonçalves-RS para mais uma edição do Congresso Brasileiro de Poesia, dirijo Oficina de Poesia Falada no Cefet-Bento, com objetivo de criar com estudantes uma encenação com poema do poeta gaúcho Mário Quintana, para comemorações do seu centenário. As apresentações do produto cênico.poético, aconteceram no SESC-Bento. A partir desta Oficina, ganho uma parceira de palco:  May Pasquetti, que circulou falando poesia ao meu lado por múltiplos espaços por onde circulei, até a última edição do evento em 2016.

*

2002 -Imaginários de Ruptura - Poéticas Visuais - Antologia organizada por Fernando Aguiar e Jorge Maximino. Bienal Internacional de Poesia do Douro e Vale do Côa. Publicação do Instituto Piaget, Lisboa, Portugal.
Brasileiros participantes: Arnaldo Antunes, Artur Gomes, Avelino de Araújo, Hugo Pontes, J. Medeiros, Paulo Bruscky e Rodolfo Franco.

*

Em 2002 ainda, realizo no SESC-Campos o projeto Terças Poéticas – Poesia Em Cena, e produzo o espetáculo de teatro: Quando A Libido Ataca, uma homenagem a memória de Nelson Rodrigues, encenado pela Cia Contemporânea te Teatro do Rio de Janeiro, com Direção de Dinho Valadares. 

*

Monto com os Alunos da Oficina de Teatro do Cefet-Campos, Os Retalhos Imortais do SerAfim, uma colagem teatral com textos de Dias Gomes, Sartre, Chico Buarque e Ruy Guerra. A encenação foi realizada no Auditório Cristina Bastos, com os fragmentos da peça Callabar provocando suspiros intensos da  plateia. 

XXXIV

Em 2003 o Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves-RS já era considerado um dos maiores eventos de poesia realizado no Brasil, com a presença de mais de uma centena de poetas de praticamente todos os Estados do país, além de poetas, atores, músicos, mímicos, palhaços,  argentinos, mexicanos, chilenos, cubanos, portugueses e uruguaios.

As ações poéticas se espalhavam por vários espaços públicos na cidade, como Escolas, Praças, Hospitais, Prefeitura, Bares, Câmara de Vereadores, na Fundação Casa das Artes, onde aconteciam as Mostras Internacionais de Poesia Visual, com curadorias de Hugo Pontes e Tchello de Barros, além das mesas de bate-papo que muitas vezes aconteciam em alguma sala do próprio Hotel VinoCap, onde estávamos hospedados. 

*

XXXV

Em 2004 no Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves-RS, conheço o poeta chileno Leo Lobos. E reencontro a pesquisadora e poeta Cristiane Grando que participou da comissão julgadora da Edição do FestCampos de Poesia Falada de 2003.

“Con los artistas brasileños Artur Gomes Gumes, Naiman, Jiddu Saldanha y Leo Lobos em el Congresso Brasileiro de Poesía em la ciudad, de Bento Gonçalves, RS Brasil, 2004

XXXVI

Em 2005 a convite de Ademir Assunção a presento a ópera poética musical Fulinaíma Outras Vozes Outras Falas, no Itaú Cultural em São Paulo, dentro da programação do projeto: Poesia Na Idade Mídia – Outros Bárbaros, com banda formada pelos músicos: Naiman(Alexandro Silva), Renato Gama, Ronaldo Gama, Joana Flor e Juninho Batucada.

Apresentaram-se também no projeto além do seu criador Ademir Assunção, os poetas: Celso Borges, Ricardo Aleixo, Rodrigo Garcia Lopes, Marcelo Montenegro e Chacal.

XXXVII

Em 2006 além de ir mais uma vez a Bento Gonçalves-RS para o Congresso Brasileiro de Poesia, onde começo a apresentar o recital LeminskiArte da Palavra Em Cena, com a poesia de Paulo Leminski. Dirijo Oficina de Teatro e Poesia Falada em São Fidélis-RJ. Realizo performance em Brasília na praça da Torre da TV e circulo com o recital Leminski Arte da Palavra em Cena por alguns bares de Campos dos Goytacazes-RS.

 XXXVIII

Em 2007 inicio com Jiddu Saldanha em  Cabo Frio-RJ minhas experimentações com Audiovisual. Produzimos vários curtas com imagens captadas em Cabo Frio e no Rio de Janeiro, com uma pequena câmera cannon de 5 megapixel.

Em Bento Gonçalves-RS na programação da Feira Nacional do Vinho, durante 20 dias, enceno com May Pasquetti,  a performance O Amor Em Estado De Vinho E Uva. No Congresso Brasileiro de Poesia. Circulo com recital Cogito, com a poesia de Torquato Neto e Mário Faustino. 

XXXIX

Em 2008 fui homenageado no Belô Poético em Belo Horizonte-MG, reencontrei  o poeta português Fernando Aguiar que havia conhecido em Bento Gonçalves-RS na edição do Congresso Brasileiro de Poesia de 1996.

Realizo Performances no Sesc no Mercado Municipal e nos bares de BH.

Em Bento Gonçalves-RS no Congresso Brasileiro de Poesia, realizo com May Pasquetti e Érica Ferri, a performance O Amor Em Estado de Vinho e Uva, no Cefet-Bento e no Bar Dois Coqueiros, com direção de Jiddu Saldanha. Produzo com Érica Ferri o curta Sampleando. 

Participo da Feira do Livro em Imperatriz-MA fazendo performances e dirigindo Oficinas de Poesia Falada e Produção cine Vídeo. 

XXXV

Em 2009 em Bento Gonçalves no Congresso Brasileiro de Poesia realizo a performance Outubro OU Nada, com poesia de Ferreira Gullar.

Em 2010 produzo com Jiddu Saldanha uma série de Curtas com imagens captadas na Lapa, Cinelândia e Parque  das Ruínas em Santa Teresa Rio de Janeiro, onde realizamos em parceria com Fil Buc e sua Banda Riverdies um Domingo de Rock And Roll & Poesia.

Em Bento Gonçalves no Congresso Brasileiro de Poesia circulo com a performance Outubro OU Nada  com poemas de Torquato Neto.

Em 2011 dirijo no Sesc-Campos e no IFF Campus Centro, Oficina de Produção Cine Vídeo.

Em Bento Gonçalves no Congresso Brasileiro de Poesia circulo com a performance Outubro Ou Nada com poesia de Ademir Assunção

Em 2012 realizo performance em Bom Jesus do Itabapoana-RJ com poemas de Pablo Neruda, na abertura do projeto Circuito Cultural de Arte Entre Povos

Participo ao lado de May Pasquetti e Jorge Ventura, do Curta Brisa, filmado em Bento Gonçalves com produção e direção de Jiddu Saldanha - Cinema Pssível.

Participo da Feira do Livro em São Luis-MA, a convite do meu querido e saudoso amigo/parceiro Celso Borges.

Crio no IFF Campus Centro o FestCurta IFF, aberto a  participação de estudantes de segundo e terceiro grau de todo país.

Em 2013, crio o Sarau Baião de Dois, cuja primeira edição é realizada no Salão de Festas do Edifício Evidence, na Rua Voluntários da Pátria em Campos dos Goytacazes.

Circulo com performances poéticas e Oficinas de Poesia, no projeto Circuito Cultural de Artes Entre Povos, nas cidade de Bom Jesus de Itabapoana-RJ, Itaperuna-RJ, Cachoeiro do Itapemirim-ES, Guaçuí-ES, Além Paraíba-MG, Mutum-MG, Pedra Dourada-MG, Manhuaçu-MG e Itaguara-MG

XXXVII

Em 2014 o Sarau Baião de Dois passa a ser realizado no Sinasefe, Rua Álvaro Tâmega, 135 – Campos dos Goytacazes, com Oficina de Teatro Multilinguagens.

Dirijo no SESC-Campos o Curso Nos Tempos da Foto Novela, e monto com os alunos a encenação Uma Noite De Natal.

Em Bento Gonçalves-RS no Congresso Brasileiro de Poesia inicio um circuito com a performance: com os dentes cravados na memória, com poemas autorais, de Eliakin Rufino, Ademir Assunção, Salgado Maranhão e Ferreira Gullar.

Em 2015 lanço em edição artesanal com produção gráfica do meu querido mestre Winston Churchil Rangel, o livro SagaraNAgens Fulinaímicas, com prefácio do meu querido Tanussi Cardoso.

Os lançamentos e performances acontecem em Campos no Jardim do Liceu na primeira edição do FDP – Festival Doces Palavras. (que segundo Vitor Menezes, só existe pelo apoio que Wainer Teixeira de Castro, deu ao projeto).

E em Bento Gonçalves-Rs, durante a programação do Congresso Brasileiro de Poesia, no Café e Livraria Aquarela, com participação de May Pasquetti.

No SESC-Campos dirigi mais uma Oficina de Teatro, e montei a encenação poética.teatral Waterkis – Selecione Água.

 XXXVIII

 Em 2016 em Bento Gonçalves-RS é realizada a XXIV e última edição do Congresso Brasileiro de Poesia, resultado do fascismo negativista que se iniciava a avançar pelo país e o resultado disso todos conhecem, não precisa colocar legenda. 

No SESC-Campos dirigi a Oficina de Teatro e como resultado, montei com os alunos a encenação poética.teatral A Nossa Casa É Um Teatro

*

Dirijo Oficina e faço apresentação no FestSolos VI, na Usina 4 em Cabo Frio, produção de Jiddu Saldanha 


*

Bento Gonçalves

é uma cidade de pedras

mas suas Minas

tem nos olhos um Azul Marinho

 

que nem um mar possui

eu fui e vi nos olhos da menina

com meus olhos de passarinho

 

Artur Gomes

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 XXXIX

Em 2017  volto a realizar no Sinasefe o Sarau Baião de Dois, com a Oficina de Teatro Multilinguagens.

Crio jogos teatrais com o tema: A Invasão Cibernética dos Corpos, onde os personagens Federico Baudelaire e Federika Lispector travam um intenso diálogo sobre a surreal escultura o Disco Voador de concreto instalado na porta do cemitério da cidade de Jardinópolis-SP.

Mensagem que recebi de uma ex-aluna da Oficina teatro multilinguagens realizada no Sinasefe

:

Feliz aniversário Artur! Conhecer você foi um grande divisor de águas na minha vida. Todos os dias eu lembro dos seus ensinamentos e percebo o quão importante foi. Te desejo muitos anos de vida e muita alegria. Abraços!

Com carinho, Ellen.

*

Participo com Carol Poesia e Ronaldo Junior, da comissão de seleção e da comissão julgadora do FestCampos de Poesia Falada, que é realizado dentro da programação do FDP, no Jardim do Liceu, que tem a poesia Ode Ao Falo, de Ocinei Trindade consagrada em primeiro lugar.

Realizo a performance poética.musical Fulinaíma Sax Blues Poesia, com Dalton Frire e Álvaro manhães na Tenda Cultural de Verão em Farol de São Tomé, a convite de Pedro Fagundes, na época coordenador do Curso Livre de Teatro da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima.

Crio o Projeto de Revitalização Cultural na praia de Manguinhos.  Realizo na praça do coreto o Sarau Manguinhos Vive   de março a junho de 2017 

*

XXXX

Em 2018 lanço o livro Juras Secretas, com poemas que vinha escrevendo desde 1996, quando ainda transitava por São Paulo-SP e começava a transitar por Bento Gonçalves-RS indo atuar no Congresso Brasileiro de Poesia.

Os lançamentos acontecem no Museu da República em Brasília na programação do Projeto Transe Poéticas,(criado pelo ator e poeta Adeilton Lima). 

No Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro-RJ na programação do Projeto Poesia Plural(criado pelo poeta multimídia Tchelo d´Barros). Na livraria e Espaço Cultural Alpharrabio em Santo André-SP, e no Teatro de Bolso em Campos dos Goytacazes, na programação das comemorações dos seus 50 Anos.  

Volto a coordenar o FestCampos de Poesia Falada, que é realizado no IFF Campus Centro, dentro da programação da Bienal do Livro.

Leciono Poéticas no Curso Livre de Teatro da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, e monto com os alunos a encenação  poética.musical LeminskiArte Da Palavra Em Cena. no Repertório poesia de Paulo Leminski e do livro Juras Secretas 

As encenações aconteceram no Teatro Trianon, em Santa Maria e na Casa de Cultura José Cândido de Carvalho em Goytacazes.


XXXXI

Em 2019 lanço a primeira edição da coletânea Pátria A(r )mada, pela Desconcertos Editora de São Paulo. Os lançamentos acontecem no Café Bar e Livraria Patuscada em Sampa e na Santa Paciência – Casa Criativa em Campos dos Goytacazes-RJ

Dirijo e coordeno mais uma edição do FestCampos de Poesia Falada, que é realizado no Liceu de Humanidades, com o primeiro lugar conquistado pela poesia New Gothan City, do poeta e psicólogo niteroiense  Alberto Sobrinho

XXXXII

Em 2020 recebo o prêmio Oswald de Andrade, pela coletânea Pátria A(r)mada, concedida pela UBE-Rio  e lanço pela Penalux o livro O Poeta Enquanto Coisa, com lançamento na Santa Paciência - Casa Criativa em Campos dos Goytaazes-RJ.

A poesia pulsa

para Tanussi Cardoso

 

a poesia pulsa

na veia

no vinho

no peito

no pulso

na pele

nos nervos

nos músculos

nos ossos

posso falar o que sinto

posso sentir o que posso

aqui

a poesia pulsa

nas coisas

nos códigos

nos signos

os significantes

os significados

aqui

a poesia pulsa

na pele da minha blusa

na menina dos olhos da musa

nas pipas nos arcos

nas madrugadas dos bares

descritas num guardanapo

no copo de vinho

na boca de vênus

na bola da vez da sinuca

sangrada pelo meu taco

aqui

a poesia pulsa

nos cabelos brancos de Bacca

na divina língua de Baco

 

Artur Gomes

Poema do livro O Poeta Enquanto Coisa

Editora Penalux – 2020

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XXXXIII

Em 2021 hiato total nas atividades, presenciais vazio pandemônico reclusão em casa, onde as leituras e a escrita tomou  a maior parte do meu tempo diário. Nesse período escrevi a maior parte da poesia para a  2ª Edição da coletânea  Pátria A(r)mada, com uma reflexão sobre os templos(escuros) em tínhamos sido mergulhados e também boa parte do que viria a ser publicado em O Homem Com A Flor Na Boca. 

XXXXIIII

Em 2022 lanço a 2ª Edição revisada e ampliada da coletânea Pátria A(r )mada, no SESC Piracicaba-SP dentro da programação do projeto CALDO. 

Faço performance com poesia do livro na Praça dos Pescadores no intervalo das apresentações de grupos de Cultura Popular do Estado de São Paulo-SP.

Na ONG Projeto Beija Flor em Gargaú – São Francisco de Itabapoana-RJ criei a Biblioteca Bracutaia.

Atuei no Departamento de Cultura da Secretaria de Educação de São Francisco de Itabapoana-RJ de maio a dezembro.

 XXXXIV

Goytacá Boy
musicado e cantado por Naiman
no CD fulinaíma sax blues poesia

ando por São Paulo meio Araraquara
a pele índia do meu corpo
concha de sangue em tua veia
sangrada ao sol na carne clara

juntei meu goytacá teu guarani
tupy or not tupy
não foi a língua que ouvi
em tua boca caiçara

para falar para lamber para lembrar
da sua língua arco íris litoral
como colar de uiara
é que eu choro como a chuva curuminha
mineral da mais profunda
lágrima que mãe chorara

para roçar para provar para tocar
na sua pele urucum de carne e osso
a minha língua tara
sonha cumer do teu almoço
e ainda como um doido curuminha
a lamber o chão que restou da Guanabara

Artur Gomes
Juras Secretas
Editora Penalux – 2018
Gravado em vídeo pelo autor integra a Mostra Arte de Toda Gente – FUNARTE_Rio – 2021 – Curadoria: Tchello d´Barros
https://fulinaimacentrodearte.blogspot.com/


*

Em 2023 retorno a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, a convite de da Diretora do Departamento de Arte e Cultura Sylvia Paes. Escrevo o projeto: Campos VeraCidade. Crio o Sarau As Multilinguagens no Museu, com edições realizadas no Museu Histórico de Campos de março a julho.


No dia 28 de março coloco o Boi-Pintadinho de volta na praça, em comemoração ao aniversário da cidade, numa parceria com o  projeto Letras em Movimento.

Dia 19 de abril, realizo intervenções poéticas na rua com foco nas questões indígenas.

Crio em parceria com Lucia Talabi o Curso de Teatro de Rua, apresentando em agosto dentro da semana do folclore uma encenação com O Auto do Boi Macutraia.

Poesia Plural
Homenagem ao Rio Psiu Poético
17 de junho - 2023
Sábado 18 às 21h
Centro Cultural da Justiça Federal
Av. Rio Branco, 241 - Centro
Rio de Janeiro - RJ - 2004-000
org. Tchello d'Barros
www.ccjf.trf2.jus.br

ALGUMA POESIA
não. não bastaria a poesia deste bonde
que despenca lua nos meus cílios
num trapézio de pingentes onde a lapa
carregada de pivetes nos seus arcos
ferindo a fria noite como um tapa
vai fazendo amor por entre os trilhos.

não. não bastaria a poesia cristalina
se rasgando o corpo estão muitas meninas
tentando a sorte em cada porta de metrô.
e nós poetas desvendando palavrinhas
vamos dançando uma vertigem
no tal circo voador.

não. não bastaria todo riso pelas praças
nem o amor que os pombos tecem pelos milhos
com os pardais despedaçando nas vidraças
e as mulheres cuidando dos seus filhos.

não bastaria delirar Copacabana
e esta coisa de sal que não me engana
a lua na carne navalhando um charme gay
e uma cheiro de fêmea no ar devorador
aparentando realismo hiper-moderno,
num corpo de anjo que não foi meu deus quem fez
esse gosto de coisa do inferno
como provar do amor no posto seis

numa cósmica e profana poesia
entre as pedras e o mar do Arpoador
uma mistura de feitiço e fantasia
em altas ondas de mistérios que são vossos

não. não bastaria toda poesia
que eu trago em minha alma um tanto porca,
este postal com uma imagem meio Lorca:

um bondinho aterrizando lá na Urca
e esta cidade deitando água em meus destroços
pois se o cristo redentor deixasse a pedra
na certa nunca mais rezaria padre-nossos
e na certa só faria poesia com os meus ossos.

Artur Gomes

Couro Curu & Carne Viva – 1987
Pátria A(r)mada – 2022
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Em agosto o Sarau Multilinguagens acontece no Teatro de Bolso em comemoração aos meus 50 Anos de Poesia.

Em setembro o Sarau Multilinguagens acontece no Jardim do Liceu, na programação do FDP – Festival Doces Palavras. E as Oficinas e o Curso de Teatro de Rua, e Teatro Multilinguens, passam a ser realizados no Palácio da Cultura.

Em outubro o Sarau Multilinguagens é realizado no Palácio da Cultura.

Em novembro sou homenageado no Sarau Gente de Palavra(organizado por Rubens Jardim e César Augusto de Carvalho),  em São Paulo,  lanço pela Editora Penalux, o livro O Homem Com A Flor Na Boca, com prefácio de Adriano Moura e ilustração da capa criada por  Juliana Stefani, na livraria Bar e Café Patuscada e relanço em nova tiragem a coletânea Pátria A(r)mada.




XXXXV

Em março de  2024 realizo no Palácio da Cultura o Sarau Campos VeraCidade, colocando em prática discussões sobre algumas questões que enfoco no projeto: Campos VeraCidade.

Em 24 Abril, com os parceiros Tchello d´Barros e Luis Turiba realizo no Bistrô do Ernesto, Lapa - Rio de Janeiro, a 3ª Edição da Balbúrdia Poética, em homenagem aos 80 anos de Paulo Leminski e Torquato Neto, com a participação de Fil Buc e mais 25 poetas cariocas, entre eles: Tanussi Cardoso, Ricardo Vieira Lima, Angel Cabeça, Monica Serpa, Carmen Moreno, Karla Julia, Jorge Ventura, Eugenia Henriques, Ricardo Ruiz e os mineiros Aroldo Pereira e Ronaldo Werneck. 

Realizo de maio e junho a Oficina de Teatro e Poesia Falada, interrompidas por causa das obras que se iniciaram no Palácio da Cultura. 

 Em 3 de outubro fui eleito para ocupar a cadeira 12 da ACL - Academia Campista de Letras, anteriormente ocupada pelo professor Hélio de Freitas Coêlho, com posse marcada para o próximo dia 19 às 17h na Casa de Nelson Rebel.


  .Livros publicados:

 Um Instante No meu Cérebro – 1973

 Mutações Em Pré-Juízo – 1975

 Além Da Mesa Posta – 1977

 Jesus Cristo Cortador De Cana – 1979

 Boi-Pintadinho – 1980

 Carne Viva – 1984 – Antologia de Poesia Erótica –  Org. Olga Savary

 Suor & Cio – 1985

 Couro Cru & Carne Viva – 1987

 20 Poemas Com Gosto de JardiNÓpolis & Uma Canção Com Sabor de Campos – 1990

 Conkretude Versus ConkrEreções – 1994

 CarNavalha Gumes – Portifólio -  1995

 BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas –

 2000

 SagaraNagens Fulinaímicas – 2015

 Juras Secretas – Editora Penalux  2018

 Pátria A(r)mada – Editora Desconcertos – 2019  - Prêmio Oswald de Andrade – UBE_Rio- 2020

 O Poeta Enquanto Coisa Editora Penalux -  2020

 Pátria A(r)mada – 2ª Edição – 2022

 O Homem Com A Flor Na Boca – Editora Penalux – 2023 


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com os dentes cravados na memória

com os dentes cravados na memória Jiddu Saldanha -  irmão, meu mestre Artur Gomes. Viajamos por muitos lugares, essas fotos me fazem chor...