felicidade clandestina
olhar-me no espelho
-mulher
que gostosa que tu é!
pijama esgarçado e furado
numa noite
sem prazo determinado
lamber picolé
explicitamente
o sexo que me consome
agora é prazer
que me come
menstruação
quando acaba
num balanço de praça
perdido
encontrar o voo
merecido
molhar o pão
no café com leite
amar com esperança
uma taça de vinho
e uma dança
sentir a barra da saia
roçar os pés
em sandálias
perceber
que a ruga cura
o que assusta
na amargura
caber na mini saia
lutar e não ganhar
em paz
reconhecer em mim
a multidão dos outros
deixar que falem
até que se calem
observar borboletas
lembrando das lagartas
saber da própria ignorância
e dormir
depois de um chá quente
a melhor noite.
só mais um passo
e o três vira quatro
que venha
calmo e simples
sem enfeite
que venha
sol
e chuva
sem expectativas
e sem promessas
que venha
a roupa no varal
a lágrima
e o consolo
no beijo molhado
no abraço apertado
só mais um passo
avante
adiante
respire
inspire
mais um
passo
alinhe a coluna
mais um
só mais um
pise firme
sinta(xe)
na frase
nas relações
com ou sem concordância
na subordinação
pelo desejo de equilíbrio às vontades
e na ordem do teu pulsar
mais - um – passo
devagar
des-liiiize
se precisar
neste cronômetro
humanômetro
o que importa
é caminhar
Vai!
Flávia Gomes
Mais um número para conta, amigos.
Celebrem!
Um grande beijo a todos!
"Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exactidão
Dum longo relatório irrecusável
E pelos rostos iguais ao sol e ao vento
E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas
– Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro
Me dói a lua me soluça o mar
E o exílio se inscreve em pleno tempo."
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Fátima GUIMARÁES
Trago nas pálpebras cansadas
o peso de todas as demoras
na pele ressequida pelo sol
trago a sede de teu indomável rio
nos lábios orvalhados
trago ainda o perfume do teu corpo
e nos olhos todos os sonhos e desejos
trago o mar nas mãos
e as dunas por entre os dedos.
Aroldo Pereira
Mais um querido amigo que dá seu depoimento sobre meu livro de ensaios recém-lançado (e ainda à venda), Mosaico. Palavras de Sady Bianchin
Minhas mãos escrevem cartas
Elaboram pareceres, argumentos
Peticionam.
Limpam janelas, portas, paredes
Areiam a pia, panelas e a superfície do fogão.
Estendem roupas, arrumam a casa
Engomam vestidos
Amassam o pão.
Abrem livros, vinhos e jornais
Aram a terra, fazem a rega.
Minhas mãos se erguem para a luta
Acenam adeus e olá
Minhas mãos compõem poemas
E apertam outras mãos
Mas se justificam
Quando percorrem
O teu corpo
Manuela Lopes Dipp
Você já ouviu falar em Hilária Batista de Almeida? Talvez possa até não conhecê-la por esse nome, mas, se frequenta as rodas de samba do Rio de Janeiro, saiba: deve, e muito, a ela.
Em um dia 13 de janeiro, há 170 anos, nascia uma das principais personagens no desenvolvimento e consolidação do samba no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, durante o final do século XIX e início do século XX, Tia Ciata foi a mais famosa das “Tias baianas”, que deixaram Salvador com destino ao Rio para fugir da perseguição policial.
Foi quando trouxe consigo o samba de roda, um papel crucial na preservação das tradições culturais africanas no Brasil, criando um espaço em sua casa para práticas religiosas, danças e músicas originárias de países da África.
Em sua residência, na Pequena África, como era conhecida a Praça Onze, no centro do Rio, acolheu grandes nomes do samba, como Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, Sinhô e João da Baiana.
Em um destes encontros na antiga Rua Visconde de Itaúna, onde mostrava as suas habilidades tanto versando em partido-alto quanto sambando o “miudinho”, presenciou a composição de “Pelo telefone”, posteriormente o primeiro samba gravado no Brasil - que tem como autores Donga e Mauro de Almeida.
Por isso, sempre que pisar em uma roda de samba, agradeça à Tia Ciata e a seu papel essencial na criação e expansão do samba e na formação cultural e musical do Rio de Janeiro.
Para saber mais:
Livro Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro: escrito pela historiadora Júlia T. S. de Almeida.
Documentário Tia Ciata - A Mãe do Samba: com direção e roteiro de Mariana Campos e Raquel Beatriz.
: Visite a Casa da Tia Ciata, que fica na Rua Camerino, 5 - Centro.
Jorge Luis Borges (1899 — 1986)
“O tempo é a substância da qual sou feito. O tempo é um rio que me arrebata; mas eu sou o rio. Tempo é o tigre que me destrói; mas eu sou o tigre. Tempo é o fogo que me consome; mas eu sou o fogo.”
Cresceu falando inglês e espanhol em Buenos Aires. No ano seguinte Borges, com 9, traduziu para o espanhol “O Principe Feliz”, a história para crianças de Oscar Wilde.
Com 11 anos já lia Shakespeare, no original, parte de sua educação bilingue. Em casa, convivia com a biblioteca de mais de mil volumes, do pai. Em 1914, no começo da Primeira Guerra, Borges foi com a familia morar em Genebra, Suiça, onde passou dez anos.
Publicou os primeiros poemas em espanhol em 1923. Em 1945 escreveu o conto El Aleph, onde, num degrau de escada de um porão, o personagem principal da história, o poeta Daneri (uma mescla de Dante+Aligheri) descobre o infinito, a fonte de toda inspiração no universo.
Em 1950 Borges, com 51 anos de idade, fica completamente cego e escreve o poema:
“Nadie rebaje a lágrima o reproche
esta declaración de la maestría
de Dios, que con magnífica ironía
me dio a la vez los libros y la noche (a cegueira).”
“A verdadeira história não é o que sucedeu; é o que pensamos que sucedeu.”
“De todos os instrumentos, o mais maravilhoso de todos é o livro. Os outros instrumentos são extensões do corpo. O microscópio e o telescópio são uma extensão da visão. O telefone é uma extensão da voz e da audição. A pá e a enxada são extensão dos braços. O livro é uma coisa completamente diferente: é uma extensão da memória e da imaginação.”.
“Estoy solo y no hay nadie en el espejo.”
“Acredito que, com o tempo, chegaremos ao ponto em que não precisaremos mais de governo.”
“Quando os escritores morrem eles se transformam em livros – o que me parece uma reencarnação nada má.”
“Não tenho certeza se de fato existo. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que conheci, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei…”
“Deixe que os outros se vangloriem de todas as paginas que escreverem. Prefiro me vangloriar por todas as paginas que li.”
irina agora também é modelo dessas pinturas clássicas que a gente não sabe qual foi o pincel usado pelo pintor
desde guarapari
lá por por dois mil e cinco
que o meu telhado é de zinco
o meu chão é de estrelas
a minha pele tem plumas
minha língua espuma
quando roço em teus cabelos
Rúbia Querubim
Com Os Dentes Cravados Na Memória
A Mocidade Independente de Padre Olivácio – A Escola de Samba Oculta No Inconsciente Coletivo, nasceu em dezemvro de 1990, durante uma viagem em que cia de Guiomar Valdez, levamos uma turma de estudantes da então ETFC(IFF), a Ouro Preto-MG, como premiação por terem vencidos a Gincana Cultural desenvolvida durante o ano, pelo Grêmio Estudantil Nilo Peçanha. Lá conheci Gigi Mocidade – A Rainha da Bateria, com quem vivi até 1996.
A Igreja Universal do Reino de Zeus, criei em 2002 durante a 1ª Bienal do Livro de Campos dos Goytacazes-RJ, que foi realizada nas dependências do Ginásio de Esportes do então CEFET-Campos, onde na ocasião lancei o livro BraziLírica Pereira : A Traição das Metáforas.
O grande objetivo da IURZ é homenagear deuses deusas da África e Grécia para de alguma forma descobrir de onde vem as nossas ancestralidades. De alguma forma e em alguns momentos mitologia grega e africana se misturam e viajando metaforicamente nessas realidades reinventadas vim desaguar no Vampiro Goytacá canibal Tupiniquim.
Artur Gomes
https://arturgumes.blogspot.com/
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